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Horácio de Bonis, proprietário da Sonic Discos, lucra com a venda de vinis raros | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Horácio de Bonis, proprietário da Sonic Discos, lucra com a venda de vinis raros| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Na catraca das estações tubo de Curitiba, cobradores de ônibus expõem as moedas da Olimpíada do Rio aos passageiros. Os itens colocados sobre o balcão possuem valor de face de R$ 1, mas são vendidos por preços que vão dos R$ 5 aos R$ 20.

O mercado paralelo criado em torno dos objetos é reflexo de um segmento que envolve paixão e curiosidade: o colecionismo. Diversão para uns, o ato de acumular itens de valor afetivo atrai investidores que buscam uma forma de garantir renda extra com aquilo que gostam.

Discos de vinil, carros antigos e obras de arte são alguns dos artigos que ganham valor entre nichos específicos e que apresentam valorizações dignas das ações. No mundo da música, por exemplo, álbuns de MPB vendidos em sebos a preço de banana há alguns anos, como o disco Transa (1972), de Caetano Veloso, se tornaram raros e hoje ultrapassam facilmente a marca dos R$ 200.

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No caso dos álbuns, muito disso se deve à falta de reedições e à demanda gerada por um segmento de mercado que apenas em 2015 cresceu 30%, segundo levantamento da consultoria Nielsen. “Uma das coisas que ajudaram na valorização dos vinis foi o seu uso em festas pelos DJs. Isso inflacionou o mercado, porque há uma busca pela exclusividade e em tocar aquilo que ninguém mais tem”, avalia o proprietário da Sonic Discos, Horácio de Bonis.

Entretanto, a lógica da raridade e da baixa oferta para a alta demanda também se aplica a outros segmentos. De acordo com cobradores ouvidos em duas estações tubo da cidade, há menos moedas da Olimpíada em circulação do que antes e uma demanda gerada por novos aficionados que querem completar as suas coleções, o que eleva os preços dos itens.

Precauções

O planejador financeiro Emerson Wan conta que para investir em objetos colecionáveis é preciso conhecimento do mercado em que se pretende entrar e experiência em “garimpar” e identificar aquilo que terá ganhos no futuro. “Existe uma ilusão de que pelo fato de o item ser velho ele irá se valorizar com o tempo, mas não são todos que se valorizam. Quando uma pessoa resolve colecionar para lucrar é necessário que haja uma demanda pelo item guardado”, acrescenta.

Wan alerta também para alguns riscos. O primeiro deles é o da liquidez, já que nem sempre o dono encontrará pessoas dispostas a pagar o preço que considerem justo no momento em que quiser. A necessidade de conservação e de manutenção dos ativos para evitar os impactos da ação do tempo também pode exigir investimentos do aplicador, fato que deve ser colocado no papel ao realizar os lucros, assim como a necessidade de possuir uma estrutura que garanta a segurança dos objetos.

Fundos ‘exóticos’ investem em vinhos e obras de arte

Para aqueles que se encaixam na categoria dos investidores qualificados – que possuem mais de R$ 1 milhão aplicados – é possível avançar ainda mais na diversificação de produtos com alto valor afetivo. Entre os exemplos estão alguns fundos “exóticos”, que aplicam em vinhos e em obras de arte.

No Brasil, o BGA (Brazil Golden Art Collection) possui um portfólio apenas com obras de pintores do país. Lançado em 2010, o fundo captou em 15 dias a meta de R$ 40 milhões em aportes. A realização dos lucros ocorre com a venda das pinturas. A carência é de cinco anos.

Já o Bordeaux Wine Fund Multimercado possui uma carteira formada por vinhos de 24 fabricantes da tradicional região de Bordeaux, na França. O fundo possui bebidas provenientes de safras desde 1982 e é composto tanto por vinhos engarrafados quanto pelos não engarrafados (20%). A aplicação inicial é de R$ 1 milhão.

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