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A instabilidade política no Brasil, as incertezas em torno da economia norte-americana após a eleição de Donald Trump e a alta dos preços do petróleo terão pouco impacto sobre as taxas de juros e a inflação, que tendem a cair ainda mais nos próximos meses. Com isso, analistas financeiros veem a abertura de janelas de ganhos na Bolsa, nos títulos prefixados – que têm o rendimento definido no momento da compra – e nos papeis atrelados à inflação.

Em sua última ata, o Copom (Comitê de Política Monetária), sinalizou uma tendência de manutenção nos cortes da taxa básica de juros, a Selic. Na reunião de novembro, o comitê reduziu o indicador em 0,25 pontos porcentuais, fixando-o em 13,75% ao ano. Até o fim de 2017, porém, o mercado financeiro estima que as taxas sejam derrubadas para 10,50% ao ano. Na avaliação do economista da Daycoval Investimentos, Rafael Gonçalves Cardoso, o conservadorismo do Banco Central, que reduziu a taxa em um ritmo abaixo da queda da inflação, abrirá espaço para uma estratégia de cortes mais profundos.

A previsão do mercado é que o IPCA, que calcula a alta dos preços, feche em 6,69% em 2016. Já para o próximo ano, o índice deverá ficar em 4,93%. “A inflação como um todo mostra claros sinais de arrefecimento, a despeito da inflação de serviços. De modo geral, a atividade econômica vem decepcionando e deve continuar uma retomada gradual, o que possibilita um corte mais agressivo do Banco Central”, afirma Cardoso.

Renda fixa

Com os juros futuros em queda, os títulos prefixados com prazos de dois anos podem oferecer ganhos reais – descontada a inflação – acima dos garantidos pelos pós-fixados, já que, neste cenário, os retornos pagos serão maiores. Nesta semana, os papeis do “Tesouro pré” com vencimento para 2019 ofereciam juros próximos de 11,50% ao ano. Por outro lado, o Tesouro IPCA+ também com vencimento em 2019 oferecia um “prêmio” de 5,95% além da inflação.

Para o analista da Spinelli Corretora, Samuel Torres, outros ativos que se destacam são as debêntures incentivadas. Os títulos de renda fixa de empresas ligadas ao setor de infraestrutura são uma alternativa para as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e Imobiliárias (LCIs), que estão raras no mercado, e têm como vantagem a isenção do Imposto de Renda. Neste ano houve uma rodada de ofertas dos papeis no mercado financeiro, devido à menor participação do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) nos financiamentos de longo prazo.

As debêntures costumam oferecer ganhos prefixados, mais a correção de um determinado índice, como a TR e o IPCA, mas também podem ser pós-fixadas. “Por causa da isenção no imposto, mesmo pagando menos do que a DI [taxa que acompanha a Selic], o retorno é maior que o de outros títulos. E há muitas empresas boas que estão lançando títulos, o que diminui as chances de calote”, considera Torres.

Empresas que fizeram “lição de casa” ganham destaque na Bolsa

A tendência de uma recuperação econômica, mesmo que lenta, e da redução do custo do crédito para o setor privado deve melhorar o cenário de investimentos na Bolsa. Para o economista da Daycoval Investimentos, Rafael Gonçalves Cardoso, as empresas que fizeram a “lição de casa” e enxugaram custos e melhoraram a governança corporativa deverão apresentar melhores resultados aos acionistas.

Na opinião dele, após a guinada das ações de primeira linha (blue chips), como Petrobras e Vale, os investidores devem prestar atenção nos papeis de segunda linha (small caps), que tendem a puxar os ganhos na Bolsa. O analista da Spinelli Corretora, Samuel Torres, acrescenta que empresas do setor de infraestrutura e exportadoras também podem apresentar resultados positivos.

Segundo o gerente da Daycoval Investimentos, Marcos Alexandre Lyra, os fundos multimercados são uma outra opção entre os investimentos de maior risco, já que houve uma melhora na captação de recursos e as gestoras têm uma maior agilidade para ajustar as carteiras.

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