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Com bancos fechados pelo quarto dia e controles de capital em vigor, o futuro do governo de esquerda depende do resultado do referendo | Orestis Panagiotou/EFE
Com bancos fechados pelo quarto dia e controles de capital em vigor, o futuro do governo de esquerda depende do resultado do referendo| Foto: Orestis Panagiotou/EFE

O Fundo Monetário Internacional (FMI) deu um forte alerta nesta quinta-feira (2) sobre um enorme abismo financeiro enfrentado pela Grécia, conforme eleitores nervosos e com dúvidas se preparam para um referendo que pode decidir o futuro do país na Europa, no domingo (5).

Dias após a Grécia dar um calote em parte de sua dívida junto ao FMI, o órgão informou que o país precisa de mais 50 bilhões de euros ao longo dos próximos três anos, incluindo 36 bilhões de euros de seus parceiros europeus, para se manter. O país também precisa de um significativo alívio da dívida.

A afirmação, em um rascunho preliminar do último relatório de sustentabilidade, destaca a escalada de problemas enfrentados por Atenas, independentemente do resultado do referendo de domingo sobre a oferta de credores feita no mês passado.

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“Chantagem”

A rejeição do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, classificando como “chantagem” as demandas de credores da União Europeia (UE) e do FMI por cortes de gastos e elevações de impostos, deixou os parceiros da Grécia tão nervosos que não há esperança de reconciliação antes da votação de domingo sobre a questão.

Com bancos fechados pelo quarto dia e controles de capital em vigor, o futuro do governo de esquerda depende do resultado devido ao nervosismo dos eleitores gregos, divididos entre ressentimento com os credores e desprezo pelos políticos locais.

“As pessoas enlouqueceram completamente. E é tudo culpa, 100%, de todos os políticos. São eles os culpados pela situação em que estamos agora”, disse o pensionista Thanos Stamou.

No domingo, caberá ao povo grego decidir sobre uma questão que o governo foi incapaz de acertar durante meses de negociações com seus parceiros europeus.

Tsipras e seu ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, permanecem convencidos de que Atenas pode negociar termos melhores, incluindo alívio da dívida, se a população rejeitar as condições da oferta. Ambos sinalizaram que vão renunciar se os eleitores escolherem o resgate.

“Eu quero acreditar que esses problemas não vão durar muito”, disse Tsipras sobre os bancos fechados. “Os bancos vão abrir quando houver um acordo”, disse ele em entrevista televisionada, prevendo que o acerto viria dentro de 48 horas após o referendo.

“Vilão”

O ministro de Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, virou em Atenas o símbolo da campanha a favor do “não” no plebiscito marcado para o próximo domingo (5). Os postes das principais avenidas da capital da Grécia ganharam cartazes com a foto do ministro em destaque, pedindo o voto “Oxi” (”não” em grego), ou seja, contra um acordo com os credores.

O cartaz diz ainda que o ministro alemão “bebe seu sangue” e menciona “5 anos”, em alusão aos últimos cinco anos de austeridade fiscal e crise econômica que atingem a Grécia.

Schaeuble virou vilão para os gregos que apoiam o governo do primeiro-ministro, Alexis Tsipras, do partido de esquerda Syriza.

Braço-direito da chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, o ministro tem sido o porta-voz dela e de outros líderes dentro da zona do euro contra a postura da Grécia nas negociações sobre a dívida do país e os pedidos de socorro financeiro.

Outros cartazes a favor do “não” também estão sendo espalhados. Por enquanto, são raros os que pedem voto no “sim”, ou seja, a favor de uma negociação com credores.

Cartaz em rua de Atenas estampa o rosto do ministro de Finanças da Alemanha, Wolfgang SchaeubleORESTIS PANAGIOTOU/EFE

Milhares de franceses expressam seu apoio ao povo grego

Milhares de franceses saíram às ruas nesta quinta-feira (2) para expressar seu apoio ao povo grego em diferentes passeatas organizadas em várias cidades, entre elas a capital, Paris, além de Montpellier, Toulouse e Marselha.

A manifestação mais numerosa aconteceu em Paris, onde as ruas foram preenchidas com cartazes com mensagens como “Apoio à Grécia. Mudar a Europa”, “Unidos contra a austeridade” e “Eu sou Syriza”, em referência ao partido do governo no poder na Grécia.

As marchas de apoio ao povo grego e em defesa da democracia foram convocadas pelo coletivo Avec les Grecs (Com os gregos), vários sindicatos e partidos de esquerda.

O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, reiterou seu apoio ao ‘não’ no referendo que convocou para o próximo domingo para que os cidadãos decidam se aceitam ou não a proposta apresentada pelos credores do país.

Tsipras defende que a vitória do ‘não’ servirá para obter melhores condições nas negociações com o Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia.

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