A taxa básica de juros, a Selic, deverá chegar a 14% ao ano no fim de 2015. Se confirmada a previsão dos analistas do mercado financeiro, será a maior dos últimos nove anos, já que estava em 14,25% ao ano em agosto de 2006. As projeções constam do Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira (1), pelo Banco Central, e levam em conta um aumento dessa taxa na próxima quarta-feira (3), em 0,50 ponto porcentual, para 13,75% ao ano.
Para 2016, há consenso de que a Selic ficará em 12% ao ano, o que embute a perspectiva de que haverá um afrouxamento monetário ao longo de 2016. É para o final do ano que o BC promete entregar a inflação no centro da meta de 4,5%. “O aperto das políticas fiscal e monetária deverá ser acentuado ao longo de 2015, tornando a recuperação em 2016 não menos desafiadora”, escreveram os consultores da Rosenberg & Associados em relatório a clientes.
Por trás desse novo cenário de juros elevados está a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Este ano, o índice oficial do país deve encerrar com aumento de 8,39%, bem acima da meta perseguida pelo BC. Esta foi a sétima semana consecutiva de elevação dessa estimativa. Para 2016, a projeção ficou estacionada em 5,50% mais uma vez. Apesar de mais amena, a taxa também segue acima do objetivo do BC.
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Leia a matéria completa“Remédio necessário”
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou nesta segunda (1º) que a alta de juros promovida pelo BC é um “remédio necessário” para o controle da inflação. Segundo ele, que falou a economistas em palestra na Fundação Getulio Vargas, em São Paulo, o BC terá autonomia para definir o patamar adequado. “Já é um consenso, um ponto pacífico há muito tempo no Brasil, que política monetária tem de ter a liberdade necessária para manter a inflação no centro da meta.”
Questionado sobre o impacto da alta de juros no custo da dívida pública, Barbosa afirmou que se trata de uma taxa composta e o governo vem atuando para reduzi-la. “Taxa de juros mais baixa não é feita por decreto, ela é construída. Você constrói as condições para que a economia possa operar com maior crescimento e menor inflação com taxa de juros mais baixa”, disse. Ele citou as iniciativas do governo de aumentar a TJLP, a taxa de juros usada em empréstimos do BNDES, e de não fazer novos aportes nos bancos públicos como maneiras de ajudar a baixar a taxa de juros.
Disse ainda que o esforço fiscal do governo demorará pelo menos dois anos. Nas contas dele, as medidas de austeridade permitirão que União, estados e municípios economizem 1,1% do PIB este ano para o pagamento dos juros da dívida, o chamado superávit primário. Em 2016, o governo acredita que será possível economizar 2%.
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