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Acordo válido por cinco anos foi aprovado em assembleia na porta da fábrica. | André Nojima/Imprensa SMC/Divulgação
Acordo válido por cinco anos foi aprovado em assembleia na porta da fábrica.| Foto: André Nojima/Imprensa SMC/Divulgação

Os funcionários da fábrica da Volkswagen em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, aceitaram abrir mão de dois anos de reajuste salarial em troca da manutenção dos postos de trabalho até agosto de 2021 e da produção de dois novos modelos na unidade.

A garantia de estabilidade no número de vagas não afeta o plano de demissões voluntárias (PDV) aberto pela Volkswagen, com a concordância dos trabalhadores. A companhia pretende fechar até 150 vagas da área de produção e 70 do setor administrativo, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC). Hoje a fábrica emprega pouco mais de 3 mil pessoas.

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Pelo acordo, aprovado em assembleia na terça-feira (25), os empregados vão receber no mês que vem a reposição da inflação medida pelo INPC, acumulada em 9,62% em 12 meses até agosto. Mas os salários não terão reajuste em 2017 e 2018, caso a inflação medida pelo INPC seja de até 5%. Se o índice for maior, será repassada apenas a diferença. Com isso, haverá uma perda real de até 10,3% no acumulado dos dois anos. Em 2019 e 2020, os salários voltam a ser reajustados pelo INPC.

A participação nos lucros e resultados (PLR) será de R$ 11,8 mil por ano, com correção pela inflação de 2017 em diante, nos cinco anos de duração do acordo. Além disso, os funcionários terão direito a um abono de R$ 2.880 neste ano e de R$ 2,4 mil em 2017 e 2018.

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Crise

O acordo poderá ser revisto caso a produção anual em São José dos Pinhais supere a marca de 200 mil unidades, o que ocorreu em cinco ocasiões desde a inauguração da fábrica, no fim dos anos 1990.

“Vantajoso para os funcionários o acordo não foi. Mas é uma contribuição que os trabalhadores estão dando, acreditando que empresa e a planta aqui do Paraná possam reagir, após os graves problemas dos últimos dois anos”, disse o presidente do SMC, Sérgio Butka, referindo-se ao escândalo da adulteração do controle de poluentes de carros a diesel, no exterior, e às paralisações de produção provocadas pela briga com a Prevent, uma das principais fornecedoras da Volks.

O sindicalista calcula que 70 mil veículos deixaram de ser produzidos apenas no Paraná em função da disputa comercial com a Prevent, que culminou com rescisão unilateral do contrato, por parte da Volks, em agosto. Em junho, a fornecedora havia fechado sua fábrica no Paraná, também em São José dos Pinhais.

A crise econômica, que atingiu em cheio o setor automotivo, tem levado a acordos salariais mais magros em várias empresas. Na semana passada, os metalúrgicos da Volvo, de Curitiba, encerraram uma greve de nove dias úteis com um abono de R$ 5 mil, mas sem receber qualquer reajuste. Na fabricante de ônibus e caminhões, a data-base deste ano só voltará a ser discutida em 2017.

Novos modelos

“A manutenção dos postos de trabalho e a iniciativa da empresa de investir em dois novos produtos sensibilizaram bastante os trabalhadores. Até porque a planta não se sustenta se não trouxer novos produtos”, disse Butka.

A fábrica paranaense produz quatro modelos, dois da marca Volkswagen (Fox e Golf) e dois da Audi (o A3 Sedan e o utilitário Q3). Os novos modelos prometidos pela montadora serão da plataforma MQB A0, sobre a qual já são produzidos o Golf e o A3. Uma das novidades pode ser o SUV compacto Q2, apresentado em março no Salão de Genebra.

Demissões voluntárias

Quem se inscrever no PDV da Volkswagen terá direito ao equivalente a cinco salários, se tiver até dez anos de casa. Os que tiverem mais tempo de empresa receberão também um salário a cada dois anos adicionais, com um máximo de 20 salários. Se a inscrição for feita até 4 de novembro, o trabalhador receberá ainda um adicional de dez salários. O desligamento será compulsório para trabalhadores que têm direito a se aposentar ou já estão aposentados pelo INSS.

Mais de 800 empregados estão sem trabalhar

Pelos próximos cinco anos a Volkswagen poderá continuar recorrendo – como faz há dois anos – a instrumentos de redução temporária do quadro de pessoal, como a suspensão dos contratos de trabalho (layoff) e o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), do governo federal. Mesmo que o governo não renove o PPE, válido até o fim de 2017, a montadora poderá oferecer condições similares às do programa.

De acordo com o SMC, hoje mais de 800 empregados da Volkswagen estão sem trabalhar, ou por layoff ou pelo PPE. Dos três turnos de produção que a empresa chegou a ter, apenas um está em operação, com produção diária de 370 veículos. No auge, a fábrica chegou a produzir 870 unidades por dia.

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