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Executivos de bancos estão decepcionados com o fraco volume movimentado em fusões e aquisições no Brasil neste ano até junho, mas preveem que os ativos mais baratos, devido um real depreciado e o grande volume de recursos de gestores de private equity, devem mudar o jogo nos próximos meses.

Dezenas de tentativas de acordos foram suspensas na primeira metade de 2015, com o país enfrentando turbulência econômica e política. Ainda assim, o trabalho de assessoria financeira foi intenso no período, forçando bancos a envolver mais gente do que o habitual para lidar com transações que foram feitas, disseram profissionais do setor à Reuters.

Embora as perspectivas para a economia doméstica sigam desanimadoras, os esforços do governo federal para controlar a inflação e as contas fiscais estão melhorando gradualmente a confiança de investidores, segundo executivos. Além disso, preços mais atraentes para alvos de aquisição devem ajudar a transformar planos em negócios efetivos.

“Já sabíamos que nesse ano não seria fácil fechar negócios”, disse o chefe de fusões no Bradesco BBI, Alessandro Farkuh. “Apesar do cenário estar melhorando gradativamente, as transações estão demorando para ser concluídas. Estamos gastando mais energia e mais tempo para fechar negócios.”

Transações

No ano até 30 de junho, as companhias anunciaram US$ 14,47 bilhões em fusões no Brasil, menor volume em uma década, mostrou um levantamento da Thomson Reuters. O número de transações caiu 39% ante o ano anterior, e 65% na comparação com os últimos seis meses de 2014.

Apenas 117 negócios, no valor de US$ 5,95 bilhões, foram anunciados no segundo trimestre, ante 139 nos primeiros três meses do ano, como consequência da pior recessão em duas décadas e um escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras.

O BTG Pactual liderou o ranking de assessores financeiros, coordenando US$ 7,53 bilhões em transações de janeiro a junho. O Itaú BBA, banco de investimento do Itaú Unibanco, liderou em número de negócios, tendo participado de 17 operações no semestre.  

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Convergência de preços

A atratividade criada por alvos de aquisição mais baratos em breve começará a se sobrepor aos riscos para alguns compradores, à medida que a diferença de preços de vendedores e compradores diminua, disse o diretor da Greenhill & Co no Brasil, Rodrigo Mello. Segundo ele, essa aproximação deve ser facilitada uma vez que o real siga perdendo força contra o dólar.

Multinacionais e outros investidores estratégicos estão pondo a cautela de lado e buscando maior exposição ao Brasil, alguns em busca de ativos específicos, outros para aproveitar oportunidades em infraestrutura.

Algumas operações candidatas a serem concluídas nos próximos meses incluem a venda da unidade do HSBC no país, avaliada em cerca de US$ 4 bilhões, e a participação do grupo OAS na Invepar, disseram fontes recentemente à Reuters.

A fabricante de produtos de higiene Hypermarcas está planejando vender ou cindir sua unidade de fraldas. E a Petrobras quer vender US$ 3 bilhões em ativos de biocombustíveis e outros considerados não essenciais neste ano.

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Especialistas em fusões apostam no poder de fogo de investidores financeiros, como os fundos soberanos, ou nos gestores de private equity, que no ano passado levantaram um recorde de US$ 5,6 bilhões para investir do Brasil.

Apesar da recente ressaca após um boom de uma década que atraiu centenas de bilhões de dólares, o Brasil segue como principal destino da indústria de private equity da América Latina, com 58% do valor das aquisições na região.

“Para os investidores financeiros estratégicos e de longo prazo, o Brasil ainda é muito grande e relevante para seus planos de negócios, e seu apetite para negócios no país continua alto”, disse o chefe de banco de investimento do Goldman Sachs no Brasil, Antonio Pereira.

As ofertas podem se concentrar em setores e empresas resilientes, com gestão experiente o bastante para superar ciclos difíceis, disse o sócio-gerente da Advent International, David Mussafer. Em 2014, o grupo de private equity levantou um fundo de US$ 2,1 bilhões para América Latina.

Entre os setores mais cobiçados estão serviços financeiros, saúde e educação, disse o sócio do BTG Pactual Bruno Amaral.

Também são esperadas reestruturações de empresas, especialmente daquelas que precisam reduzir pessoal e renegociar dívidas. Bancos e escritórios de advocacia, incluindo Itaú BBA, Rothschild e Alvarez & Marsal, estão ganhando mandatos para supervisionar mais operações como essas.

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