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Refinaria de Araucária: câmbio e preço do óleo bruto pressionam custos | Agência Petrobras
Refinaria de Araucária: câmbio e preço do óleo bruto pressionam custos| Foto: Agência Petrobras

Opinião

Subir sem subir

Franco Iacomini, editor de Economia

Desde o início de 2009, segundo dados que constam das pesquisas do IBGE para a formação do IPCA, o preço da gasolina subiu 9,26% no Brasil e 7,9% na Região Metropolitana de Curitiba. Nesse mesmo período, a inflação ficou em 20,3% (país) e 22% (Curitiba). Já os preços médios do petróleo no mercado internacional foram de US$ 33 em janeiro de 2009 para US$ 86 no mês passado – um aumento de 160%, que foi represado pela Petrobras e nunca chegou ao consumidor brasileiro.

Uma olhada rápida nesses números é suficiente para demonstrar que há algo errado. Não que a estatal devesse repassar imediatamente aos postos de combustível toda variação nos preços do óleo cru. O papel que ela fez nos últimos anos, de atenuar as oscilações desse mercado, foi bem vindo e bem feito. A questão é que os preços parecem estar bem mais estáveis agora do que há três anos. Haveria condições para o repasse.

Por outro lado, o governo se preocupa em manter a inflação sob controle, e uma explosão nos preços do combustível não seria de grande utilidade. É hora de avaliar outras possibilidades. Já que a União reduziu impostos para a compra de automóveis, não seria razoável estender o mesmo tipo de benefício ao combustível? Seria uma maneira de a Petrobras receber mais sem que o preço na bomba subisse na mesma proporção.

O governo ainda não definiu o índice de reajuste da gasolina e do diesel, mas a decisão de aumento está confirmada. A presidente da Petrobras, Graça Foster, não quis, no entanto, confirmar o porcentual. "Nós não temos nenhum porcentual de aumento da gasolina e nenhuma data específica."

A falta de ajuste tem refletido negativamente nas ações da empresa no mercado, principalmente depois que a estatal passou a ter que importar gasolina para suprir o consumo interno, comprando o combustível a preços internacionais e vendendo com preços congelados. Graça explicou que, em algum momento, o aumento deve acontecer. "Nós precisamos de um aumento, porque o preço do óleo desceu, mas o câmbio está subindo."

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, informou que ainda há espaço para utilizar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide, um imposto que incide sobre os combustíveis), mas o governo está cauteloso porque, se isso acontecer, os recursos da taxa serão esgotados, segundo Lobão. A Cide é usada como uma espécie de colchão para amortecer o impacto do aumento dos combustíveis na inflação. O governo vem lançando mão do recurso há nove anos, lembrou Lobão, e por isso os reajustes não pesam no bolso do consumidor. Desta vez, o governo tem dúvidas de usará o artifício ou deixará que o aumento chegue ao consumidor.

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