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Os caminhoneiros mantêm o bloqueio de estradas pelo décimo segundo dia em pelo menos seis estados | Roberto Custodio/Jornal de Londrina
Os caminhoneiros mantêm o bloqueio de estradas pelo décimo segundo dia em pelo menos seis estados| Foto: Roberto Custodio/Jornal de Londrina

O governo federal, informou, em nota divulgadas neste domingo (1), que vai ampliar a presença das forças policiais nas estradas para assegurar o cumprimento das decisões judiciais que determinaram o desbloqueio das rodovias, garantindo o direito ao trabalho e o abastecimento da população. Ao mesmo tempo, o governo reitera o compromisso com as propostas anunciadas esta semana e a disposição para o diálogo com os caminhoneiros, tendo como base o encerramento das interdições de rodovias no país.

Paralisações revelam gargalos de infraestrutura do país

Problemas históricos do setor rodoviário de cargas, do preço do frete à violência nas estradas, levaram a onda de protestos

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Os caminhoneiros mantêm o bloqueio de estradas pelo décimo segundo dia em pelo menos seis estados. No início da tarde deste domingo, caminhoneiros realizaram um protesto, ocupando duas faixas da pista expressa da Marginal Pinheiros, no sentido Castello Branco. De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), cerca de 30 caminhões se deslocavam em velocidade reduzida contra a alta dos combustíveis. O ato, que teve início na Marginal Tietê, causou lentidão nas proximidades. Viaturas da Polícia Militar fizeram a escolta do grupo. Depois de se deslocar pela Marginal Tietê e Marginal Pinheiros no sentido Interlagos, o grupo fez o retorno na Ponte Transamérica. Os manifestantes seguiram no sentido Castello Branco e, por volta das 14h, passaram pela Ponte Eusébio Matoso. O ponto final da manifestação não foi informado pelos caminhoneiros à companhia. Segundo a PM, o ato foi pacífico e não há registro de detidos ou feridos.

Manifestações pelo país

De acordo com a nota do Planalto, divulgada pela manhã, as manifestações estão localizadas na região Sul do país, com 80% dos bloqueios concentrados em rodovias federais no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Também foram registrados pontos de bloqueio em estradas de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro, onde a BR-040 (Rodovia Washington Luiz) teve o sentido Juiz de Fora completamente interditado na tarde de sábado. De acordo com a Concer, concessionária responsável pelo trecho, os veículos bloquearam a pista no km 61, em Petrópolis. Ainda no Estado do Rio, a Concessionária Rio-Teresópolis (CRT) informou, na noite passada, que caminhoneiros em greve bloquearam a BR-116 no entroncamento da rodovia com a BR-393 . Com o protesto, houve congestionamento de cinco quilômetros de Sapucaia às proximidades de Além Paraíba.

“A diminuição do movimento e a atuação da Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional e polícias estaduais no cumprimento da lei vem assegurando o livre trânsito a quem queira trabalhar, possibilitando a normalização do abastecimento de combustível e a retomada da atividade econômica”’, diz ainda a nota, na qual o governo lamenta o uso de violência nas manifestações com depredações de veículos e coação de caminhoneiros que querem trabalhar.

Morte em meio a protesto

No sábado, além das interdições em várias partes do país, o protesto dos caminhoneiros foi marcado por pela morte de Cléber Adriano Machado Ouriques, de 38 anos, atropelado na BR-392, na cidade de São Sepé, região central do Rio Grande do Sul, por volta das 7h. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), Cléber Adriano tentou impedir a passagem de um caminhão. À noite, o veículo que o atropelou foi encontrado por policiais civis em Cachoeira do Sul, também na região central do estado. O motorista, porém, não estava no local.

O atropelador, que fugiu sem prestar socorro à vítima, já foi identificado pela polícia e teve a prisão preventiva decretada. Segundo os policiais, pelas marcas de frenagem, o caminhoneiro tentou desviar dos manifestantes, mas não conseguiu. A PRF não confirmou o nome do atropelador, mas, segundo reportagem do “Jornal Nacional”, da TV Globo, ele é Anderson Luiz dos Santos Bernardes. Segundo a PRF no Rio Grande do Sul, o motorista telefonou a uma delegacia policial, identificou-se e disse que havia fugido com medo de represálias dos manifestantes.

Após a morte de Cléber Adriano, o número de bloqueios nas rodovias aumentou, principalmente em trechos no Rio Grande do Sul, mas a PRF não relaciona a ampliação dos protestos com o acidente. Durante o dia, o número de interdições chegou a 25. Mas, às 21h, havia 17 bloqueios, segundo a PRF gaúcha.

Em nota, a Secretaria-Geral da Presidência da República lamentou a morte por atropelamento do caminhoneiro, ao mesmo tempo em que se solidarizou com familiares e amigos da vítima. O governo federal reforçou, ainda, o compromisso e a disposição para o dialógo com a categoria. E reforçou que as propostas anunciadas nesta semana em reunião, em Brasília, entre representantes dos caminhoneiros, empresários e governo são o caminho para a normalização das rodovias.

Segundo o boletim mais recente divulgado pela Polícia Rodoviária Federal, às 20h desse sábado, a paralisação dos caminhoneiros provocou até 46 interdições em estradas federais. Antes de ocorrer o acidente com o manifestante no Rio Grande do Sul, havia 38 trechos bloqueados. Até o momento, a PRF não divulgou novas informações sobre os bloqueios nas rodovias do país.

Negociação com o governo

Nesta semana, sindicatos e associações aceitaram a proposta do governo na quarta-feira para acabar com a paralisação. Mas como a categoria está dividida e não há uma liderança centralizada, alguns motoristas mantêm os bloqueios mesmo após o acordo alegando que não participaram das negociações. Entre os pontos que foram acertados entre o governo e alguns caminhoneiros, está a sanção integral da Lei do Caminhoneiro, que regulamenta a profissão de motorista, e o compromisso da Petrobras de que o diesel não sofrerá reajuste nos próximos seis meses. Mas os motoristas querem também a fixação de uma tabela com preço de referência do frete.

A Justiça fixou multas para os caminhoneiros que mantiverem os bloqueios nas estradas. Os valores variam entre R$ 5 mil e R$ 50 mil. Uma nova reunião foi marcada entre caminhoneiros e empresários, com mediação do governo, para o dia 10 de março.

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