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Agência do Trabalhador, em Curitiba, sem nenhuma fila: poucos moradores da região metropolitana estão em busca de emprego. | Giuliano Gomes/Gazeta do Povo
Agência do Trabalhador, em Curitiba, sem nenhuma fila: poucos moradores da região metropolitana estão em busca de emprego.| Foto: Giuliano Gomes/Gazeta do Povo

O desemprego na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) atingiu 5,7% no terceiro trimestre do ano, segunda menor taxa entre as 21 áreas pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Pnad Contínua, divulgada nesta terça-feira (24). No trimestre anterior, o índice foi de 5,9%. Na contramão, a taxa na cidade de Curitiba passou de 5,6% para 6,5% no mesmo período, superando o desemprego registrado na média dos municípios da RMC.

INFOGRÁFICO: Compare o desemprego da Grande Curitiba com a média nacional

O índice de desemprego na RMC ficou atrás apenas da região metropolitana de Florianópolis (4,9%). As regiões de Goiânia (7,1%) e Porto Alegre (7,3%) foram as outras com taxas abaixo de 8%, segundo o IBGE. Já na região metropolitana de Salvador, a desocupação bateu em 17%. Já entre as capitais, a taxa curitibana é a sexta menor do país. Florianópolis, novamente, tem o mais baixo desemprego, de 5,5%. O maior índice está em São Luís, no Maranhão (14,7%).

Para Daniel Nojima, diretor de pesquisa do Ipardes, uma explicação para o fato de o desemprego ser maior em Curitiba do que nas cidades do seu entorno é que as vagas de trabalho na capital são mais qualificadas (exige um maior nível de especialização) e formalizadas (com carteira assinada) do que nas cidades da RMC. “Esses tipos de emprego estão sentindo mais a crise. O que percebemos é que várias capitais perceberam o baque do desemprego neste ano. Nas regiões metropolitanas ainda têm o efeito do emprego menos qualificado, que também foi prejudicado, mas em menor proporção”, explica.

Segundo Adriana Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, a explicação pode estar no fato de Curitiba concentrar mais empregos ligados à indústria e à construção civil, dois setores que vem acumulando resultados negativos no ano. “Se levarmos em consideração que a capital tem essa característica, é provável que essa concentração tenha influenciado a diferença com a RMC”, diz.

A indústria fechou 5.956 vagas e a construção civil outras 5.148 nos dez primeiros meses de 2015 em Curitiba, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados na semana passada. Ao todo, a capital paranaense tem saldo negativo de 18,3 mil. Já as cidades da região metropolitana de Curitiba perderam pouco mais de 26,9 mil postos de trabalho no mesmo período, de acordo com o Caged – 14 mil só no setor industrial.

No Paraná,a taxa de desocupação medida pelo IBGE caiu, passando de 6,2% no segundo trimestre do ano para 6,1% agora. Somente outros cinco estados apresentaram queda na taxa na passagem de um trimestre para outro. Na comparação com o terceiro trimestre de 2014, o desemprego paranaense subiu dois pontos percentuais. A taxa do Paraná foi a segunda menor do país, atrás apenas da de Santa Catarina (4,4%). Isso não significa, porém, que o mercado de trabalho local esteja livre da recessão.

No acumulado do ano, o estado registrou mais demissões que contratações no Caged: cerca de 22,4 mil vagas de trabalho foram eliminados. Indústria, comércio e construção civil perderam, respectivamente, 21,9 mil, 10,1 mil e 6,7 mil postos no período. Cerca de 355 mil paranaenses estavam à procura de emprego no terceiro trimestre de 2015, segundo o IBGE, contra.

Renda em baixa

Na comparação do segundo com o terceiro trimestre do ano, o rendimento médio em Curitiba caiu 4,7%, de R$ 2.991 para R$ 2.851. Um ano atrás, a renda na cidade era de R$ 2.986. O rendimento real também registrou queda na RMC, onde passou de R$ 2.482 no segundo trimestre para R$ 2.388 (queda de 3,8%) e no Paraná (de R$ 2.108 para R$ 2.093).

País tem 9 milhões de desempregados

  • Rio de Janeiro

O Brasil já tem 9 milhões de pessoas na fila do desemprego, segundo os dados da Pnad Contínua. O salto no total de desocupados no terceiro trimestre foi de 33,9% em relação ao terceiro trimestre de 2014, o equivalente a 2,274 milhões de pessoas a mais em busca de uma vaga. A taxa de desemprego no país aumentou de 6,8% para 8,9% no período.

Apesar da proximidade do fim do ano, quando tradicionalmente há abertura de postos de trabalho temporários, economistas preveem uma deterioração ainda maior no emprego. A expectativa é que a taxa de desocupação alcance os dois dígitos no ano que vem. “Vai ser doloroso, já está sendo. Vai piorar antes de melhorar. O mercado de trabalho só começa a se recuperar, reduzindo a taxa de desemprego, em meados de 2017”, avaliou José Márcio Camargo, professor da PUC-Rio e economista-chefe da Opus Investimentos.

Sem a segurança trazida pelo trabalho com carteira assinada, outros membros da família buscam emprego para recompor a renda do domicílio, disse Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. É por isso que a informalidade cresceu nos últimos meses. “São jovens, idosos e donas de casa que acabam indo para o mercado para ajudar quem perdeu o emprego com carteira assinada”, completou.

O mercado de trabalho perdeu 1,237 milhão de vagas com carteira assinada no setor privado entre o terceiro trimestre de 2014 e o terceiro trimestre de 2015. No mesmo período, o trabalho por conta própria ganhou adesão de mais 760 mil pessoas e o total de empregadores cresceu em 297 mil indivíduos. A indústria foi o setor que mais demitiu, com 519 mil empregados dispensados no período de um ano.

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