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Caminhões estacionados no Estádio Mané Garrincha: protesto dos grevistas em Brasília foi adiado. | Marcelo Camargo/Agência Brasil
Caminhões estacionados no Estádio Mané Garrincha: protesto dos grevistas em Brasília foi adiado.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Um dia após a presidente Dilma Rousseff sancionar a Lei dos Caminhoneiros, os bloqueios em rodovias tiveram nesta terça-feira (3) a menor intensidade desde o início dos protestos há duas semanas. No final da tarde, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrava apenas sete pontos de interdições parciais no Rio Grande do Sul. Havia outras duas manifestações, mas sem bloqueio. Equipes da PRF e da Força Nacional acompanhavam a mobilização prontas para agir em caso de interdição – no dia anterior foram registrados confrontos com caminhoneiros. Ao fim da noite, o número de interdições se resumia a um ponto, no Paraná, na BR-277, em Ibema, na Região Oeste.

R$ 700 milhões

é o prejuízo das indústrias de aves e suínos com os bloqueios de rodovias no país por causa da greve dos caminhoneiros, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal. A entidade disse que ainda há unidades paradas, mas informou que várias plantas conseguiram retomar os abates após o cumprimento de liminares que liberaram o tráfego de cargas.

Com o movimento perdendo força em todo o país, caminhoneiros do Sul anunciaram uma trégua aos bloqueios em rodovias. Eles, porém, aguardam decisão do governo federal até o próximo dia 10 sobre duas reivindicações: a redução no preço do diesel e a criação de uma tabela de preço mínimo do frete.

Prisão

Um caminhoneiro de 34 anos foi preso na noite de segunda-feira (2) após atropelar um outro colega durante bloqueio na rodovia PR-495, entre Medianeira e Missal, no Oeste do Paraná. Segundo a Polícia Civil, ele não aceitou aderir ao protesto e tentou seguir adiante. A vítima teve ferimentos leves. O acusado vai responder ao processo em liberdade.

Segundo Tobias Brombilla, diretor da Associação dos Caminhoneiros de Rodeio Bonito, no norte do Rio Grande do Sul, os caminhoneiros suspenderam as manifestações e bloqueios “até segunda ordem”. Vilmar Bonora, um dos líderes do movimento em São Miguel do Oeste, no oeste de Santa Catarina, afirmou que a trégua é para não castigar a população, por causa do desabastecimento que ocorre em algumas regiões dos estados.

“Buzinaço”

Mas nem a trégua nem a continuidade do movimento são consenso entre os caminhoneiros. O presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, Diumar Bueno, criticou a violência nos protestos e afirmou que as manifestações “espontâneas e individuais” saíram do controle.

Ele criticou a ida de caminhoneiros para protestos em Brasília. “É uma contradição. Se os caminhoneiros reclamam que não têm dinheiro, que a remuneração com os fretes é baixa, como vão desembolsar até R$ 6 mil para participar das manifestações na capital?”

Um “buzinaço” estava previsto para ocorrer nesta terça-feira na capital federal, mas a manifestação foi colocada em espera devido a possibilidade de uma audiência nesta quarta-feira (4) com o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Miguel Rossetto. Cerca de 50 caminhões estão estacionados no Estádio Mané Garrincha. Um grupo de caminhoneiros foi recebido na Câmara Federal por deputados da Frente Parlamentar do Agronegócio.

Empresas de pedágio vão pedir reajuste

  • são paulo

As concessionárias de rodovias terão 45 dias para se adaptar à nova Lei dos Caminhoneiros. É o prazo para que a nova regra, que deve mexer com custos operacionais, gastos com manutenção e a receita das empresas, entre efetivamente em vigor. Diante dos impactos esperados, a previsão é de que as concessionárias buscarão o reequilíbrio de seus contratos. As incertezas provocaram nesta terça-feira (3) a queda nas ações das concessionárias EcoRodovias (-2%) e CCR (-1,81%).

Além de regulamentar a profissão e estabelecer regras para o descanso e a remuneração dos motoristas, a nova lei incluiu artigos que determinam a isenção da cobrança de pedágio sobre o eixo suspenso dos caminhões, para os veículos que trafegam vazios e o aumento da tolerância para a sobrecarga, por eixo, para 10%.

Para especialistas e as próprias empresas, esses aspectos alteram as condições econômicas das empresas e permitem que elas peçam o aumento de suas tarifas. Em nota, a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) declarou que a “entidade estudará as medidas cabíveis, visando a segurança das rodovias e a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro da concessão”.

Para Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral (FDC), há elementos técnicos para as concessionárias defenderem o aumento adicional das tarifas nas agências reguladoras.

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