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Após perder tudo em uma aplicação na bolsa, o engenheiro Alexandre Dal Ross agora só investe depois de estudar muito o produto | Andre Rodrigues/Gazeta do Povo
Após perder tudo em uma aplicação na bolsa, o engenheiro Alexandre Dal Ross agora só investe depois de estudar muito o produto| Foto: Andre Rodrigues/Gazeta do Povo

Aprendizado

Internet oferece ferramentas gratuitas de educação financeira

Vista pelos especialistas como um meio para buscar educação financeira, a internet oferece diversas ferramentas gratuitas para quem quer aprender a poupar e investir o próprio dinheiro. No ar há cinco anos, o site Minhas Economias tem 400 mil usuários que buscam informação de finanças pessoais e cadastram suas transações.

"É importante que a pessoa estude e obtenha conhecimento sobre o assunto senão acaba perdendo muito dinheiro", diz o sócio fundador do site, Paulo Sain. Segundo ele, a metodologia do Minhas Economias leva em conta a dificuldade das pessoas em lidar com números e com ferramentas como tabelas do Excel. "Como investir pouco dinheiro?" é um dos artigos mais lidos do Minhas Economias.

Quando entrou na faculdade, em 2006, o engenheiro civil Alexandre Dal Ross decidiu que havia chegado a hora de investir o seu dinheiro e multiplicá-lo. Por impulso, aplicou tudo em ações da bolsa, mas a experiência não foi lá muito boa. Ele acabou perdendo todo o montante. Hoje, reconhece que na época não tinha conhecimento financeiro suficiente para entrar no mercado de capitais. Agora, só tira o dinheiro do bolso depois de estudar muito a aplicação. "Para proteger o capital e ter rendimento tem que aprender primeiro a não perdê-lo", ensina Dal Ross.

INFOGRÁFICO: Veja se você sabe administrar o seu dinheiro

A dificuldade em poupar, escolher investimentos e fazer negócios de compra e venda são exemplos da falta de domínio da matemática básica. Deficiência que se reflete na economia e tem relação direta com o endividamento das famílias, na opinião de especialistas.

Dificuldade

A maioria das pessoas tem grande dificuldade em administrar o próprio dinheiro. Pesquisas publicadas nos Estados Unidos em 2013 e analisadas pelas economistas Annamaria Lusardi e Olivia Mitchell concluíram que uma parte pequena da população consegue realizar contas e raciocínios lógicos básicos, que são indispensáveis para cuidar das finanças pessoais. É o que elas chamam de "ignorância financeira".

Logo, as pessoas não estão preparadas para lidar com suas próprias finanças. "Ela precisa ter noções mínimas de matemática e lógica para que possa contextualizar situações, interpretá-las e racionar em cima disso", afirma Silvio Paixão, professor de Macroeconomia e Cenários Econômicos da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras.

A consequência dessa falha educacional reflete primeiro no próprio bolso e depois na economia de modo geral. Uma economia saudável também depende de como cada pessoa administra seu dinheiro. "Uma pessoa que tem educação financeira sabe trabalhar com o dinheiro e faz com que ele acumule. Se você colocar isso em um maior número de pessoas, terá um país mais rico", explica o professor de Finanças do ISAE/FGV Marco Cunha.

Descontrole

Quando a educação financeira não existe, a população vive uma "escravidão financeira", segundo os especialistas. Uma população que não dispõe de informações sobre como controlar o próprio dinheiro é colocada em meio a um descontrole no consumo e um aumento na oferta de crédito.

A consequência são os altos níveis de inadimplência dos últimos anos. "O pensamento ‘cabe no meu orçamento’ é superficial, pois coloca simplesmente a disponibilidade de caixa a favor de um desejo de consumo", afirma Paixão.

As pessoas acham que a compra "cabe no orçamento" porque estão seguindo um comportamento generalizado de consumo e não porque pensaram conscientemente a respeito.

Segundo especialistas, teríamos uma carteira de poupança mais alta e um índice de inadimplência mais baixo se a educação básica fosse melhor. "As pessoas saberiam arbitrar diante dos incentivos ao consumo e usariam o crédito com mais cautela", afirma Cunha.

Poupança

Pessoas começam a poupar mais, resgatando um hábito perdido

Por causa da hiperinflação na década de 1980 e início dos anos 1990, a sociedade brasileira ficou sem o hábito de poupar durante muito tempo. Agora, 20 anos depois da estabilização da economia, com o lançamento do Plano Real, a tendência é que esse cenário comece a mudar. Aquele consumismo desenfreado dos últimos anos, encabeçado pela melhoria da renda da nova classe C, agora dá lugar a uma preocupação maior em manter uma reserva em dinheiro para situações de emergência.

"Não tem mais volta, as pessoas precisam se educar financeiramente ou vão cair em um abismo financeiro em poucos anos", afirma o presidente da consultoria DSOP Educação Financeira, Reinaldo Domingos. A metodologia DSOP, que ensina a cuidar melhor de suas finanças, está presente em 1.200 escolas brasileiras, entre privadas e públicas.

Há também uma iniciativa do governo federal que instituiu em 2010 a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef). O objetivo é disseminar práticas conscientes e inteligentes para o bom uso do dinheiro. O 1.º Mapeamento Nacional das Iniciativas de Educação Financeira, de 2013, mostra que há 803 iniciativas com essa finalidade no Brasil. Segundo o mapeamento, 46% das iniciativas atenderam até 500 pessoas no último ano.

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