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Os sócios da londrinense Agropixel, selecionada para participar de um programa da IBM. | Gilberto Abelha/Jornal de Londrina
Os sócios da londrinense Agropixel, selecionada para participar de um programa da IBM.| Foto: Gilberto Abelha/Jornal de Londrina

Responsáveis por fomentar a criação e desenvolvimento de novas empresas com base tecnológica, as incubadoras do Paraná vão passar por uma “recauchutagem” para melhorar os próprios processos de gestão e uniformizar a metodologia utilizada. A iniciativa, encabeçada pelo Sebrae em todo o país, pretende reforçar o papel das incubadoras nos ecossistemas locais de inovação e também driblar suas limitações de atuação, expandindo o foco no surgimento do novo produto ou serviço para também investir na manutenção do negócio.

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O Paraná foi o estado com o maior número de incubadoras aprovadas no edital que fornecerá um total de R$ 3,5 milhões para as unidades implantarem a Metodologia Cerne (sigla para Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos) – das 95 selecionadas no país, 17 são paranaenses. O processo, que se estenderá por dois anos, tem o objetivo final de tornar as incubadoras centros de referência para empreendedores e, assim, tornar o estado mais atraente para receber negócios inovadores, a exemplo de polos tecnológicos como o de Florianópolis, Rio de Janeiro e Recife.

Engemovi

A EngeMovi é um dos exemplos mais recentes de empresas que passaram pelo processo de incubação e chegaram ao mercado com um negócio consolidado. A empresa de robótica se graduou no mês passado após ficar por sete anos na Incubadora Tecnológica do Tecpar (Intec). A EngeMovi teve um faturamento de R$ 1,2 milhão em 2014 e tem quatro pedidos de patentes protocolados – entre eles, o do Hexaflex, robô que utiliza técnicas de soldagem por atrito. .

Hoje, segundo mapeamento feito pelo Sebrae-PR em seis regiões (veja infográfico), o Paraná possui 20 incubadoras. O número, que à primeira vista pode parecer generoso, não necessariamente implica na atração de empresas de tecnologia. Levantamento deste ano também feito pelo Sebrae-PR mostra que, entre 101 startups paranaenses entrevistadas, apenas 10 passaram por processos de incubação e 18 por aceleração. Não se sabe se o gargalo é por falta de interesse ou de dificuldades no acesso aos programas.

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“Há a necessidade de apoiar o empresário também para o mercado, não só auxiliando com o desenvolvimento da inovação ou da tecnologia em si, mas trazendo a ele noções de gestão, de conhecimento financeiro. Na maioria das vezes, o lado administrador desse empreendedor é bem carente”, afirma Rosinei Rezende, coordenadora da incubadora da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Fundetec), ligada à prefeitura de Cascavel.

Meta

As expectativas com a adoção do Cerne no Paraná vão além das melhorias diretamente relacionadas às incubadoras. A meta “informal” do projeto é desenvolver pelo menos um negócio altamente escalável em cada incubadora selecionada no edital, até 2017 – replicando, assim, cases de negócios como a da Bematech, que saiu da incubadora do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) para se tornar líder de mercado em automação comercial.

“Parece uma meta pouco ousada, mas hoje não temos nenhuma meta nesse sentido. Queremos transformar o Paraná num centro de referência na atração de novos empreendedores de base tecnológica. E para isso precisamos selecionar bem esses projetos e alavancar esses negócios”, explica o consultor do Sebrae da área de inovação e tecnologia Aloisio Cerqueira.

Outra ação envolve a comparação das incubadoras paranaenses com as top 10 do planeta, com base no UBI Index, ranking sueco que elenca as melhores unidades do mundo – permitindo, assim, que as incubadoras locais saibam quão distantes estão das melhores e tracem planos de evolução no índice.

Universidades concentram apoio

Segundo mapeamento feito pelo Sebrae-PR ano passado, das 20 incubadoras presentes no Paraná, 12 estão vinculadas a universidades públicas e privadas. O forte vínculo com o ambiente acadêmico, realidade compartilhada por outros estados e também predominante no exterior, traz oportunidades, mas também entraves – entre eles, o fato de as incubadoras não poderem possuir CNPJ próprio e encontrarem restrições legais para compras e contratação de profissionais.

“Algumas legislações em outros países são mais generosas nessa questão. É um modelo que funciona, mas precisa de aperfeiçoamento e de mais liberdade nas ações para realmente fazer uma empresa incubada alcançar escala de forma rápida”, avalia o consultor do Sebrae da área de inovação e tecnologia Aloisio Cerqueira.

Por outro lado, as incubadoras de universidades trazem a reboque uma infraestrutura física que pode fazer toda a diferença para o desenvolvimento de negócios com base tecnológica. Na Intuel, incubadora da Universidade Estadual de Londrina (UEL), as empresas podem usufruir dos laboratórios da instituição durante o período de incubação, principalmente para as áreas de automação industrial e biotecnologia. Em outra frente, a incubadora recebe apoio de alunos ligados às empresas juniores da UEL em processos administrativos de rotina, o que ajuda a driblar a falta de pessoal.

O esforço conjunto tem gerado resultados. Em 15 anos, a Intuel graduou 22 empresas e, atualmente, 11 passam pela incubação – entre elas, a Agropixel, que trabalha com tecnologia da informação e comunicação (TIC) voltada para a agropecuária. Os sócios Francisco Nogara Neto e Walter Maier Neto foram selecionados recentemente para participar do Programa Global de Empreendedorismo da IBM, que apoia startups na fase inicial oferecendo a infraestrutura e plataformas em nuvem da companhia para o desenvolvimento de serviços e produtos.

A expectativa é que o primeiro produto da Agropixel, que apoiará o pequeno e médio produtor com gestão de dados, de forma simplificada, chegue ao mercado no primeiro semestre do ano que vem. “Na incubadora, não estamos sozinhos, temos uma visão mais ampla do negócio, não precisamos nos preocupar em resolver somente questões pontuais. É um ambiente que converte mais facilmente uma ideia em um negócio e permite uma relação mais próxima com outras entidades e empresas”, avalia Maier.

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