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Robô da companhia sul-coreana Robotis chama a atenção de visitantes da Mobile World Congress, em Barcelona | Lluis Gene/AFP
Robô da companhia sul-coreana Robotis chama a atenção de visitantes da Mobile World Congress, em Barcelona| Foto: Lluis Gene/AFP

Robôs enviados do futuro para exterminar pessoas, androides dotados de emoções e que se rebelam contra seus criadores, computadores com tendências escravagistas: para muitos filmes, livros e games, a supremacia das máquinas sobre os humanos é apenas uma questão de tempo. O que poderia ser encarado como mera ficção, no entanto, tem despertado temores bastante reais, conforme pesquisas com inteligência artificial avançam e sistemas cada vez mais inteligentes chegam ao mercado.

A apreensão popular com o desenvolvimento de programas e robôs capazes de assumir tarefas complexas e até substituir trabalhadores humanos não é nova, mas foi dimensionada recentemente por uma pesquisa da Associação Britânica de Ciência (BSA, da sigla em inglês) – veja todos os dados do estudo. Segundo levantamento divulgado pela entidade semana passada, 36% dos mais de 2 mil entrevistados disseram acreditar que a evolução da inteligência artificial representa uma ameaça para o desenvolvimento da humanidade no longo prazo – 49% descartaram a ideia e 15% disseram não poder opinar a respeito.

Quase metade das pessoas ouvidas (46%) também se disse contrária à possibilidade de que robôs ou programas sejam “equipados” com emoções ou personalidade. E, questionados sobre como se sentiam em relação aos avanços em inteligência artificial, a maioria dos entrevistados citou que estava “cética” ou “desconfiada”.

Em nota, o presidente da BSA, David Willetts, afirma que não é “surpresa que tantas pessoas estejam apreensivas sobre o futuro quando falamos de inteligência artificial”. Para o cientista, a pesquisa mostra que esses temores precisam ser ouvidos e que o público também precisa ser envolvido nos debates sobre o futuro desta tecnologia – até mesmo para que velhos mitos e medos infundados sejam deixados para trás.

“A inovação é geralmente assustadora. Mas é importante lembrar que a economia e o mundo estão em constante mudança e adaptação. A evolução de uma tecnologia como essa (a inteligência artificial) é simplesmente a próxima invenção a que nos ajustaremos, e somos infinitamente capazes de fazer isso”, escreve Willetts.

Alerta

Apesar de pesquisadores e cientistas colocarem “panos quentes” em relação aos avanços da inteligência artificial, o temor sobre os riscos da tecnologia já motivou declarações bastante incisivas de grandes figuras da área.

No fim de 2014, o físico Stephen Hawking disse, em entrevista à BBC, que “o desenvolvimento pleno da inteligência artificial poderia significar o fim da raça humana” – o sistema usado pelo famoso cientista para se comunicar envolve uma forma básica da tecnologia.

“Humanos, que são limitados por uma evolução biológica lenta, não poderiam competir (com a inteligência artificial) e seriam superados”, reforçou Hawking na ocasião.

A fala do físico se soma à do empreendedor Elon Musk, fundador da Tesla e da SpaceX, que disse no mesmo ano, em uma palestra no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), temer os avanços da tecnologia. “Eu acho que nós deveríamos ser muito cuidadosos sobre inteligência artificial. Se eu tivesse que dizer qual é a maior ameaça à nossa existência, provavelmente é essa”, declarou.

Avanço superestimado

Para muitos pesquisadores da área, acreditar que robôs criarão consciência e poderão, num futuro próximo, tomar decisões por conta própria, a ponto de imagens vistas em filmes se tornarem reais, é superestimar os projetos desenvolvidos hoje com inteligência artificial.

A percepção de quem acompanha as pesquisas de perto é que sistemas e máquinas inteligentes se tornarão cada vez mais comuns e presentes em diversas áreas, tanto nas indústrias quanto em aplicativos e celulares – assistentes virtuais como a Siri (Apple) e Cortana (Microsoft) já dão uma mostra do potencial uso para consumidores. Computadores com processadores tão potentes quanto um cérebro humano e capazes de emular sentimentos, no entanto, ainda não estão nos planos.

“Essa preocupação com uma dominação das máquinas é especulação e está mais no campo da ficção científica. Hoje, não é possível enxergar nas técnicas e metodologias de inteligência artificial nada que permita que máquinas algum dia criem consciência, tomem decisões por si só ou comecem a aprender de maneira desenfreada”, relata o professor da Fiap e doutor em Robótica Móvel Antonio Selvatici , que também é pesquisador na área de internet das coisas.

“O que estamos vendo agora é a inteligência artificial sair um pouco da mão dos cientistas para as mãos de engenheiros, que fazem com que esse conhecimento seja aplicado em produtos. O movimento de grandes empresas, como o Google, comprando startups e empresas menores de inteligência artificial é uma mostra disso”, completa Selvatici.

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