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Um dos maiores escritórios de advocacia dos Estados Unidos se tornou o primeiro a anunciar publicamente que “contratou” um robô-advogado para ajudar nos casos de aplicação da lei de falências. O robô, chamado ROSS, tem sido vendido como “o primeiro advogado artificialmente inteligente do mundo”.

ROSS se juntou às fileiras do escritório de advocacia BakerHostetler, que emprega, somente na área que trata de falências, cerca de 50 advogados humanos. O sistema de inteligência artificial usa tecnologia Watson, da IBM, e servirá como um pesquisador legal para a empresa. Seu papel será peneirar milhares de documentos para reforçar os casos defendidos pelo escritório, um trabalho normalmente feito por advogados recém-saídos das universidades.

“ROSS destaca passagens relevantes da lei e, em seguida, permite que advogados interajam. Eles podem reforçar a hipótese defendida por ROSS ou questioná-la”, explica ao Washington Post Andrew Arruda, presidente-executivo da ROSS Intelligence. O software permite que a equipe legal rejeite ou endosse os trechos com base na interpretação do robô.

ROSS utiliza a tecnologia de “machine learning” (em que a máquina continuamente aprende) para refinar os métodos de pesquisa. O robô-legal é acessado por computador e o pagamento se dá como em um serviço de assinatura.

Um futuro no qual ROSS ou advogados-robôs semelhantes serão utilizados em todos os EUA pode não estar muito longe, de acordo com Ryan Calo, professor de Direito e escritor que se dedica ao cruzamento de tecnologia e lei.

“O uso de softwares complexos na aplicação da legislação é comum”, diz Calo. “Watson é uma ferramenta -- aplicável ao Direito, Medicina ou qualquer outro contexto – que auxilia os profissionais a concluírem um julgamento. Aposto que não usar esses sistemas será visto, no futuro, como algo antiquado e até mesmo irresponsável, como escrever um bilhete em uma máquina de escrever “.

A contratação de Ross pela BakerHostetler, uma empresa com 900 advogados, representa uma grande vitória para a ROSS Intelligence, que quer assegurar sua eficiência às grandes companhias do campo legal. “Nosso objetivo é ter ROSS na equipe legal de todos os advogados do mundo”, diz Arruda, que afirma estar testando o sistema em outras áreas de atuação além da lei de falências.

Nos últimos anos tem havido um boom de startups dedicadas a soluções para empresas do campo legal. Elas usam tecnologia de mineração de dados e análise de documentos legais públicos para criar poderosos bots (robôs com funções humanas) de lei. Há softwares como o Legal, da Lex Machina, que vasculha documentos judiciais públicos usando processamento de linguagem para ajudar a prever como um juiz irá decidir sobre determinado tipo de caso.

Outra startup, chamada CaseText, usa crowdsourcing para analisar milhares de casos legais estaduais e federais [dos Estados Unidos].

Os advogados humanos deveriam estar preocupados? A BakerHostetler vem salientando que não. “ROSS não é uma forma de substituir os nossos profissionais. É uma ferramenta complementar para ajudá-los a agilizar o serviço, aprender de forma mais rápida e melhorar continuamente”, diz Bob Craig, da BakerHostetler.

Arruda, da ROSS Intelligence, concorda. “Com ROSS, os advogados podem se concentrar em defender seus clientes e em serem criativos em vez de passar horas mergulhados em centenas de links ou de páginas de processos a procura de passagens da lei que eles precisam”, diz. “Os advogados humanos estão no centro do sistema que construímos.”

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