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O seu corpo está repleto de informações. E, hoje, você pode ter um domínio sobre boa parte delas: já está disponível no mercado uma infinidade de dispositivos portáteis e vestíveis para medir temperatura, respiração, atividade cerebral, hidratação, conduta de pele, postura corporal, nível de oxigênio, atividade muscular, pressão sanguínea, ingestão e até o movimento dos olhos.

É uma tendência irreversível, segundo especialistas, e que promete uma revolução na saúde na medida em que tais tecnologias se desenvolvem -- principalmente para melhorar qualidade de vida, prevenir doenças ou descobrir os riscos de desenvolvê-las.

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Esses dispositivos eletrônicos, que podem ser vestidos ou adaptados, são englobados no que se chama pelo termo em inglês wearable. As peças mais básicas nesse guarda-roupas são relógios (como os Apple Watch), pulseiras (FitBit) e óculos (SmartEye) que contam com processadores próprios que se integram com facilidade a smartphones e tablets. Entretanto, não existe uma forma padrão para esses gadgets. O único dress code exigido é que seja portátil e de fácil utilização.

Creio que no futuro teremos um aplicativo que concentra todo o seu histórico de saúde, uma espécie de registro médico vitalício. Com uma boa utilização desses dados, é possível obter intervenções muito benéficas para a população

Marcelo Pilonetto professor da escola de medicina e coordenador do programa de Health Innovation da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)

Nem a indústria ou academia sabem ao certo os limites de abrangência dos wearables. Os mais comuns são ligados à linha fitness e de bem-estar, como os de monitoramento de batimento cardíaco, respiração e qualidade do sono, que muitas vezes podem ser instalados por aplicativos nos próprios smartphones.

“É uma tendência irreversível a conexão da tecnologia com o corpo, e deve evoluir de wearable até chegar na implantação de biochips”, afirma Marcelo Pilonetto, professor da escola de medicina e coordenador do programa de Health Innovation da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Você no controle

Os wearables de hoje estão numa etapa transitória para tecnologias cada vez mais voltadas a uma medicina preditiva, preventiva, participativa e personalizada, explica o Pilonetto. “Creio que no futuro teremos um aplicativo que concentra todo o seu histórico de saúde, uma espécie de registro médico vitalício. Com uma boa utilização desses dados, é possível obter intervenções muito benéficas para a população”, diz.

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Por meio desse monitoramento e análise de dados, a visualização das informações do corpo se torna mais acessível e com isso fica mais fácil detectar e prevenir doenças. Essa mineração de dados (data mining) também transfere responsabilidade ao usuário, tornando-o mais responsável pela sua saúde.

“O paciente tem que ser o CEO da saúde dele. Todo o tratamento médico para uma vida mais de saudável tem que ser centrado no usuário final, para que ele possa antecipar possíveis problemas e prevenir a necessidade de intervenção médica”, ressalta Rafael Nunes, CEO da startup Nutrieduc que oferece serviço de monitoramento e dietas nutricional.

Prevendo riscos

Etapa anterior a da prevenção, a medicina preditiva tem grandes aliados nos wearables e biossensores que auxiliam a detectar se o indivíduo está predisposto a ter a doença. “No Vale do Silício, EUA, está em desenvolvimento lentes de contato que medem constantemente o nível de glicose para quem tem histórico de diabete na família”, exemplifica o coordenador do programa de Health Innovation da PUCPR.

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Em São Paulo, pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) estão desenvolvendo biossensores para facilitar a identificação de doença de Parkinson e anemia falciforme. O projeto, que recebeu aporte de verba de R$ 230 mil do CNPq e Fapesp também poderá ser aplicado para detecção de pesticidas, fenóis e metais pesados. “Acreditamos que de cinco a dez anos tecnologias como essa já possam estar à disposição da população, desde que haja investimento da iniciativa privada”, afirma Bruno Campos Janegitz, professor da UFSCar.

Com tanta tecnologia disponível na área de saúde, talvez esse seja o começo para humanos mais saudáveis, ou pelo menos mais prevenidos. Assim como tantas áreas que inseriram a tecnologia em seus processos, o desafio está em encontrar formas éticas de tirar melhor proveito das informações obtidas com estes gadgets, e pensar no processo adequado de controle e armazenamento dos dados gerados.

Ideias paranaenses a serviço da sua saúde

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App da Nutrieduc pode usar informações levantadas por sensores portáteis para mostrar valores nutricionais dos alimentos Divulgação

A área nutricional ganha destaque entre a variedade de aplicações desses dispositivos para a medicina preventiva. O Nutrieduc é uma plataforma que concentra informações sobre o usuário e o conecta com profissionais de saúde para um monitoramento adequado da alimentação e indicação de dietas.

O projeto curitibano, que teve seu início como um aplicativo para auxiliar na dieta dos pontos, obteve rápido sucesso e, em menos de dois anos, já possuía 20 mil downloads. “Com o apoio de uma aceleradora, criamos a startup que passou a integrar novas tecnologias, como as pulseiras inteligentes que monitoram a qualidade de sono, batimentos cardíacos, total de passos e braçadas quando está fazendo exercícios e o gasto calórico”, explica o Rafael Nunes, CEO do startup.

Outra novidade que foi agregada a plataforma é o sensor portátil que capta as informações nutricionais do alimento. Desta forma, é só apontar o sensor para um pedaço de queijo, por exemplo, para obter quantas calorias, carboidratos ou proteínas estão presentes na guloseima.

Com essas informações em mãos, e reunidas em um único local, o usuário pode acessar sua dieta personalizada oferecida pelo sistema. Ou caso o paciente queira uma consulta, que só realizada presencialmente, é só acessar o banco nutricionistas, endócrinos ou clínicos gerais brasileiros cadastrados na Nutrieduc e agendar pelo aplicativo.

Desta forma, o médico pode fazer um acompanhamento mais preciso do paciente e monitorar todo o histórico de dados acumulados desde a entrada do usuário na plataforma.

Integração de funcionalidades nos exames cardíacos

A autonomia também é um dos benefícios oferecidos pelo wearable desenvolvido pela Cardio 5.1 e VitalBits, startup londrinense que está acelerada na Hotmilk, aceleradora da PUCPR.

A camiseta com biossensores coleta sinais cardíacos e transmite via cabo USB ou bluetooth para uma plataforma baseada na computação em nuvem. “As aplicações são acessadas de qualquer lugar usando a internet e os dados são armazenados com alta segurança e disponibilidade”, conta Rafael Klein, CEO da Cardio 5.1 e VitalBits.

O dispositivo multifuncional, que reúne plataforma integrada de vestuário, hardware, software e portal cloud, é capaz de realizar cinco diferentes exames: eletrocardiograma em repouso, de esforço, de longa duração (holter), monitor e looper cardíaco.

A tecnologia desenvolvida recebeu menção honrosa no 3rd Building Global Innovators Edition do MIT Portugal (filial do Massachusetts Institute of Techonology) por natureza inovativa e potencial de criação com base tecnológica. O projeto que já recebeu mais de R$ 2 milhões em investimento, está em fase de testes no Hospital Angelina Caron.

“O processo de certificação do Cardio 5.1 na Anvisa está em andamento, e temos expectativa de aprovação até o final do primeiro trimestre de 2017. A próxima etapa é a comercialização tanto para as clínicas quanto para o uso individual de pacientes”, explica Klein.

O plano de negócios envolve, além da comercialização do produto, o aluguel dos equipamentos e a cobrança dos laudos remotamente.

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