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Fernando Krempel, diretor-presidente da Intertechne: “se ganhar de zero a zero, está | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Fernando Krempel, diretor-presidente da Intertechne: “se ganhar de zero a zero, está| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

A Intertechne Consultores, empresa curitibana especializada em engenharia de grandes obras, praticamente dobrou de tamanho nos últimos três anos. Entre 2011 e 2014, a receita anual subiu de R$ 119 milhões para R$ 218 milhões, e o número de funcionários saltou de 450 para 850. Mas manter esse ritmo de crescimento está fora de questão neste ano.

Em tempos de economia fraca, ajuste fiscal e Operação Lava Jato, repetir o faturamento do último balanço já estará de bom tamanho. “Como diz um de nossos conselheiros, se ganhar de zero a zero, está bom”, avalia Fernando Krempel, diretor-presidente da companhia.

Segundo o executivo, 2015 e 2016 tendem a ser “anos de plantio, não de colheita”. “O serviço de engenharia vem, naturalmente, antes da construção. Se a demanda por estudos está baixa, e não apenas para a Intertechne, isso significa que a retomada das obras no país deve demorar”, avalia.

Um escritório de engenharia normalmente só lucra com um projeto no momento em que ele é executado; antes disso, durante a fase de estudos, a empresa consegue no máximo cobrir seus custos. No contexto atual, portanto, a ordem é cortar despesas e aumentar a eficiência. É o que se lê no recado da diretoria veiculado no último jornal interno: “Temos que trabalhar no aumento das receitas, recebimento dos pagamentos e na redução sistemática (e incansável) dos nossos custos operacionais, eliminando desperdícios”.

Exterior

A área internacional da Intertechne respondeu em 2014 por 27% das receitas. Mas alguns dos países em que a empresa atua também sofrem por causa da queda das cotações de commodities como o petróleo.

Diversificação

Fundada em 1987, a Intertechne é uma das mais tradicionais projetistas de hidrelétricas do país. Mas boa parte do crescimento recente se deve à diversificação das atividades. Nos últimos anos, a empresa reforçou sua atuação em infraestrutura de mobilidade urbana e de transporte e, com a aquisição da carioca Modullar Projetos, em 2011, passou a trabalhar no setor de petróleo e gás.

A questão é que a demanda esfriou em dois dos três ramos de negócio. A dificuldade em obter licenças ambientais tem impedido a licitação de grandes hidrelétricas, e a crise da Petrobras freou contratações na área de óleo e gás – a Intertechne presta serviços para a estatal e outras quatro empresas do ramo, entre elas a termelétrica UEG Araucária, na região de Curitiba.

As perspectivas são boas apenas para a divisão de transporte e mobilidade. “Estamos ganhando terreno e ficando mais conhecidos nessa área, o que facilita a conquista de novos projetos”, diz Krempel.

450 pessoas

trabalham na sede da Intertechne, em Curitiba. Outros 150 funcionários ficam em São Paulo e 250 estão em escritórios no Rio de Janeiro, Macaé (RJ), Salvador, Manaus, Neuquén (Argentina) e Cidade do México. A empresa também tem filiais no Peru, Guatemala e El Salvador.

Projetos

No segmento de mobilidade urbana, a Intertechne trabalha na expansão do metrô e no monotrilho de São Paulo. Em aeroportos, participou da ampliação de Viracopos, em Campinas (SP), e agora atua na do Galeão, no Rio.

Está também prestando serviços no porto de Navegantes (SC) e, na área de rodovias, trabalha na duplicação da subida da serra de Petrópolis (RJ), obra que inclui o maior túnel rodoviário do país, com 4,6 quilômetros de extensão.

Líder em Belo Monte, empresa aguarda leilão de outra megausina

A Intertechne lidera os consórcios de projetistas das duas maiores usinas em construção no país – Belo Monte, com 11,2 mil megawatts (MW), no Pará, e Teles Pires, com 1,8 mil MW, em Mato Grosso – e projetou outras seis hidrelétricas em obras ou concluídas nos últimos anos. Com isso, os engenheiros da empresa paranaense atuaram diretamente em 77% da expansão recente do parque hidrelétrico brasileiro.

O problema é que o segmento de hidrelétricas estacionou. Em 2014, nenhum estudo de viabilidade ou projeto básico foi contratado no país, e apenas uma usina começou a ser construída, a de São Manoel (700 MW), no Pará.

A maior expectativa é para a licitação de São Luiz do Tapajós, uma gigante de 8.040 MW planejada também para o Pará. O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, já disse que quer licitá-la até dezembro, mas o projeto ainda não tem licença ambiental.

A Intertechne trabalha desde 2012 em estudos dessa usina, mas só vai lucrar com ela se a obra for executada – e se o cliente da projetista, mantido em sigilo, vencer o leilão. “Se a usina sair, muda todo o panorama para 2016”, diz o diretor-presidente da Intertechne, Fernando Krempel. (FJ)

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