Alavanca - Indústria puxou crescimento de 9% no primeiro trimestre
A indústria e os investimentos foram os grandes destaques do crescimento de 9% do PIB no primeiro trimestre desse ano, ante igual período de 2009. No período, a soma de todas riquezas do país alcançou R$ 826,4 bilhões. Foi o maior salto do PIB desde o início da série do IBGE para esse tipo de comparação (em janeiro de 1996), e pôs o Brasil no 6º lugar entre os países que mais cresceram no trimestre passado, em lista que engloba as 60 maiores economias.
O PIB havia registrado contração recorde de 2,1% entre janeiro e março de 2009, no auge da crise. O resultado negativo daquele trimestre levou o PIB brasileiro a encolher 0,2% em 2009. O primeiro trimestre de 2009 foi o "fundo do poço" da crise para o Brasil. É isso o que explica em grande medida o salto de 9% agora. Na comparação com o primeiro trimestre de 2009, a maior alta foi da indústria (14,6%), com serviços (5,9%) e agropecuária (5,1%) em seguida. Ainda nessa comparação, a Formação Bruta de Capital Fixo, que mede a taxa de investimentos, cresceu 26%, a construção civil (14,9%) e as importações de bens e serviços (39,5%). O aumento da chamada Formação Bruta de Capital Fixo é crucial para que o país cresça sem inflação. Como proporção do PIB, a taxa atingiu 18%, contra 16,3% no primeiro trimestre de 2009. Mas ainda está muito aquém dos 25% que muitos economistas consideram ideal para o país sustentar crescimento ao redor de 6%. Na mesma base de comparação, o consumo das famílias cresceu 9,3%, voltando ao mesmo patamar de crescimento do terceiro trimestre de 2008.
Após a freada abrupta de 2009, o investimento voltou com força em 2010. O avanço do mercado imobiliário, as obras de infraestrutura impulsionadas pelas eleições e a retomada dos projetos de ampliação de capacidade das indústrias devem fazer com que volume de recursos aplicados cresça 24,5% em 2010. A participação sobre o PIB deve bater recorde, alcançando 19,4% neste ano, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em 2009, a taxa de investimento na economia brasileira foi de 16,7% e voltou aos patamares de 2006 (16,4%).
Embaladas pela melhora do cenário e pressionadas pelo aumento da demanda, empresas dos mais diversos setores estão ampliando investimentos. A Renault, que tem fábrica em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba (RMC), anunciou investimentos no Brasil de R$ 1 bilhão nos próximos três anos. A Volvo, fabricante de caminhões e ônibus com sede na capital paranaense, vai aplicar US$ 220 milhões (R$ 396 milhões) nos próximos dois anos.
O setor de petróleo deve absorver outros R$ 2 bilhões em 2010 nas obras de ampliação da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) em Araucária (RMC). A obra, iniciada no fim de 2007, deve atingir seu pico neste ano, com o número de operários nos canteiros alcançando 17 mil. Ao todo, o projeto deve absorver R$ 9 bilhões até 2012.
A indústria de alimentos e bebidas também está aquecida. A Spaipa, franqueada da Coca-Cola para o Paraná e interior de São Paulo, com sede em Curitiba, vai investir R$ 160 milhões neste ano 11% a mais do que foi aplicado no ano passado. Os recursos serão usados em marketing, na logística de distribuição e nos pontos de venda, segundo Mário Veronese, superintendente industrial e de logística da Spaipa. A previsão é de um crescimento de 13% em relação ao ano passado, quando atingiu uma receita de R$ 1,8 bilhão.
A construção civil, por outro lado, deve crescer 9% em 2010, puxada tanto pelo aquecimento do mercado imobiliário quanto pelas obras de infraestrutura. No setor do agronegócio, as cooperativas do Paraná preveem aplicar entre R$ 1 bilhão e R$ 1,2 bilhão em 2010, principalmente em projetos de infraestrutura, na área de frangos, suínos e na industrialização da produção.
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