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Segmento de cosméticos faturou R$ 101,7 bilhões em 2014. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Segmento de cosméticos faturou R$ 101,7 bilhões em 2014.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Manter itens como maquiagem, esmaltes, sabonetes e cremes na lista de compras vai demandar um esforço a mais do bolso do consumidor a partir deste mês. O preço de uma seleção de produtos terá aumento médio de 12,5% acima da inflação, segundo estimativas da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). É efeito do novo sistema de cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no setor.

O tributo passa a incidir não apenas sobre a industrialização de uma lista de itens, mas também sobre a distribuição, de acordo com o Decreto nº 8.393, publicado pelo governo federal no início deste ano. “A medida do governo é questionável. Vai onerar o setor, com aumento dos preços para o consumidor. Isso vai trazer queda em vendas e consequente redução nos investimentos das empresas”, destaca João Carlos Basílio, presidente da entidade. “Pode diminuir ainda em 200 mil as oportunidades de trabalho na área, que emprega 5,6 milhões de pessoas [direta e indiretamente] no país.”

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Outro reflexo da medida, diz Basílio, é criar vantagem para os importados, dispensados de recolher o tributo no segundo elo da cadeia. A mudança na tributação do setor não está descolada do desafiador cenário econômico que o país atravessa e que vem resultando em retração no consumo em diversos segmentos. A área de perfumaria, higiene pessoal e cosméticos, contudo, não está entre as mais abatidas pela desaceleração econômica brasileira.

No ano passado, o segmento cresceu 11%, desempenho de fazer corar outros setores da indústria. Com faturamento de R$ 101,7 bilhões, o mercado brasileiro de perfumaria e cosméticos é o terceiro maior no mundo, atrás apenas de Estados Unidos e China. Esse resultado equivale a 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto de bens e serviços produzidos no país).

Será difícil repetir esse desempenho em 2015. De acordo com estudo encomendado pela Abihpec, os produtos afetados pelo novo sistema de IPI e o consequente reajuste de preços deverão ter queda de vendas entre 7% e 17% este ano. “O consumidor pode fazer um downgrade [rebaixamento] em seu perfil de consumo para adequar as compras ao tamanho do bolso. A alta de preços pode reduzir o número de funcionários de salões de beleza e também o número de revendedoras de produtos de beleza”, estima Basílio.

Carga tributária maior pode impactar sistema de venda direta

A Abihpec teme que a alta nos preços de cosméticos e perfumaria por causa da nova forma de tributação do IPI desestimule quem atua no segmento de venda direta de produtos de beleza. Roberta Kuruzu, diretora-executiva, da Associação Brasileira de Empresas de Venda Direta, diz que, assim como no varejo tradicional, a crise econômica pode trazer um impacto aos revendedores.

O freio no consumo e o aumento de impostos e preços podem afetar a capacidade de venda de quem revende produtos, avalia ela. Haveria, contudo, um outro lado nessa situação. “Nesse momento de crise, haverá pessoas que vão recorrer ao segmento de venda direta para complementar a renda. Também dentro desse segmento, quem atua na área de beleza pode optar por vender outro produto que ofereça melhor margem de ganho”, ponderou.

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