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Ministro tem demonstrado insatisfação com a condução da política econômica | Valter Campanato/Agência Brasil
Ministro tem demonstrado insatisfação com a condução da política econômica| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Em meio a rumores de que está enfraquecido e poderia deixar o governo em breve, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, cancelou a viagem que faria para a Turquia nesta quinta-feira (3) para participar de reunião do G-20. Levy foi chamado pela presidente Dilma Rousseff para uma conversa no Palácio do Planalto, da qual também deve participar o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa.

Vencido no debate sobre a elaboração da proposta orçamentária de 2016, que acabou sendo enviada ao Congresso com previsão de déficit nas contas públicas, o ministro tem demonstrado insatisfação com a condução da política econômica. Ele defendia que o Orçamento fosse encaminhado ao Legislativo garantindo a realização de uma meta de superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública) de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país).

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No entanto, o Ministério do Planejamento avaliou que não haveria margem para cortes mais profundos de despesas que pudessem ser feitos para assegurar esse resultado.

Para evitar o déficit, a presidente Dilma chegou a considerar a possibilidade de encaminhar junto com o Orçamento uma proposta emenda constitucional (PEC) recriando a CPMF, o que daria um reforço de mais de R$ 60 bilhões ao governo federal. No entanto, ela foi rejeitada por governadores e pelo Congresso e o Palácio do Planalto decidiu recuar.

Agenda

Depois da Turquia, a agenda do ministro previa sua ida para a Espanha, onde participaria de um seminário do jornal “El País” sobre infraestrutura, e depois para a França, onde deveria participar de reunião da Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda, as agendas do ministro na Espanha e na França estão mantidas por enquanto.

Economist diz que perda de prestígio de Joaquim Levy é “mau presságio”

A nova edição da revista The Economist que chega às bancas neste fim de semana destaca o enfraquecimento do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e os riscos que o Brasil enfrenta ao entregar para o Congresso a responsabilidade de resolver parte dos problemas fiscais. Para a revista, a perda de espaço e prestígio de Levy nas recentes negociações sobre o tema “é um mau presságio”.

Com o título “Tempos desesperados, movimentos desesperados”, a reportagem sobre o Brasil é a principal da editoria “Américas” da edição desta semana. Para a revista, a presidente Dilma Rousseff, que sofre com o cenário econômico desfavorável, jogou o desafio de resolver as contas públicas ao Congresso.

A publicação nota que a decisão “enfraquece o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que teria feito lobby para mais cortes de gastos e era uma figura reconfortante para os mercados”. A Economist nota que Dilma não tem conseguido entregar bons resultados econômicos desde 2010 e que muitos atribuíam os problemas ao ex-ministro Guido Mantega. “Substituí-lo por Levy era supostamente para corrigir esse problema; essa perda de prestígio é um mau presságio”.

A revista nota que o governo tem pouco espaço para reagir e cita que cerca de 90% do Orçamento tem destinação preestabelecida. “Se o governo fosse forte e confiante, poderia reconhecer a necessidade de aumento da dívida no curto prazo. Mas para empurrar as reformas para o Congresso seria preciso ter vontade e capital político e isso não foi feito durante os anos do boom do Brasil, quando teria sido mais fácil.”

Diante desse cenário, a revista cita o economista Mansueto Almeida, que diz que “o mistério” é saber por que o Brasil ainda não perdeu o grau de investimento.

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