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Joaquim Levy é conhecido pelas longas jornadas de trabalho, sequidas pela equipe que vive em um hotel de Brasília. | Fernando Bizerra/EFE
Joaquim Levy é conhecido pelas longas jornadas de trabalho, sequidas pela equipe que vive em um hotel de Brasília.| Foto: Fernando Bizerra/EFE

Em meio a quitutes da cozinha de alto padrão, o prato do dia é invariavelmente o mesmo: ajuste fiscal. É ali, na mesa de café da manhã de um hotel cinco estrelas à beira do Lago Paranoá, que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e sua trupe – técnicos que vieram com ele do Rio, quando assumiu a pasta – começam a jornada de trabalho. Hospedados num mesmo endereço, com celular em punho, às 7h da manhã estão a postos: checam e respondem e-mails, participam das primeiras reuniões e dão orientações às equipes. Tem sido assim desde o início do ano, quando Levy assumiu e institucionalizou seu fuso pessoal e particular: o dia começa cedo, mas não tem hora para acabar.

Essa república de workaholics assumidos inclui o secretário do Tesouro, Marcelo Saintive, e o secretário de Acompanhamento Econômico, Paulo Corrêa, entre outros assessores. Com a árdua rotina, os espaços de lazer do hotel permanecem território ainda não desbravado pela trupe. No ritmo frenético de Levy, considerado um trabalhador compulsivo, é comum estender reuniões madrugada adentro na “casa” em Brasília.

Alguns se queixam que dormem pouco e que é difícil acompanhar o ritmo do chefe. Com três ou quatro horas de sono por noite, Levy se recompõe e encara a nova jornada de trabalho com disposição. Há poucos dias, o ministro mostrou a medida de seu apego ao trabalho, ao ignorar recomendação médica e embarcar em viagem aos EUA para acompanhar a presidente Dilma Rousseff no encontro com Barack Obama, logo após ser diagnosticado com embolia pulmonar.

Rotina intensa

Os assessores “brasilienses” não são poupados das longas jornadas de trabalho da equipe de Levy. Na rotina do secretário-executivo, Tarcísio Godoy, não é incomum o trabalho começar às 8h e acabar na madrugada. O mesmo acontece com o secretário da Receita, Jorge Rachid. O comandante do Fisco vive com a família em Brasília e, segundo relatos, em algumas ocasiões, Rachid ficou em reunião com Levy até o dia amanhecer. Foi em casa só para levar a filha à escola, e retornou ao trabalho.

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No caso dos assessores cariocas, as esposas não encararam a mudança para a capital federal, pois já sabiam que não encontrariam os maridos. Muitas vezes, eles chegam ao hotel entre 1h e 3h e contam com o serviço de quarto para a última refeição do dia.

“Invariavelmente, chegam e o restaurante está fechado. Assim, o jeito é recorrer à boa vontade dos garçons para preparar sanduíches para matar a fome”, relata um interlocutor.

Um funcionário do hotel, que falou sob a condição de não ser identificado, confirma que o grupo não usa a estrutura de lazer, que inclui piscinas, sauna, spa, espaço gourmet, salão de jogos e academia. “Um dia fui à piscina para conhecer. Era meia-noite e estava de terno”, disse um integrante do grupo a um colega.

Os flats custam até R$ 6,5 mil por mês, mas a equipe negociou um desconto, seguindo o mantra do ajuste fiscal. Alguns secretários pagam R$ 3 mil. Parte do custo é coberto pelo auxílio-moradia. Outra parte sai do bolso dos assessores.

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