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“Essa mão invisível do mercado tem que um dia acabar. Essas agências ficam criando sensacionalismo com o único objetivo de ganhar mais dinheiro”, afirmou o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE) | Bernardo Helio
/Câmara Federal
“Essa mão invisível do mercado tem que um dia acabar. Essas agências ficam criando sensacionalismo com o único objetivo de ganhar mais dinheiro”, afirmou o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE)| Foto: Bernardo Helio /Câmara Federal

A mudança negativa na perspectiva da nota de classificação de risco do Brasil, feita nesta terça-feira (28) pela agência Standard & Poor’s, gerou reações no mundo político. Reservadamente ou explicitamente, senadores e deputados da base dizem que não vão aceitar essa “faca no pescoço” nem voltar a “matar no peito” o ajuste que não é mais do ministro Joaquim Levy, mas do PT. Dizem que foi um “jogo combinado” da agência com o comando econômico para “deixar a bomba estourar” no Congresso.

O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), menosprezou o papel da agência e disse que esse tipo de avaliação não deve ser levado em conta. O deputado chamou ainda de “firulas” as decisões da agência sobre o Brasil.

“Essas agências não têm nada que se meterem no Brasil, deviam estar preocupadas com a vida delas, não com o Brasil. Essa crise, em certa medida é forjada. Enquanto a agência fica com essas firulas, a população está consumindo. Elas prestam um desserviço ao Brasil, não têm que ficar dando pitaco na vida interna do Brasil. Essas análises não deveriam nem ser levadas em conta, isso não tem a menor importância”, disse o líder do governo.

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Para Guimarães, a piora na perspectiva de risco do Brasil seria fruto de um “sensacionalismo” especulativo. O petista defendeu o fim da economia de mercado, mas disse não saber de que forma isso se daria.

“A ditadura do mercado, os especuladores ficam ganhando dinheiro às custas da especulação financeira. Essa mão invisível do mercado tem que um dia acabar. Essas agências ficam criando sensacionalismo com o único objetivo de ganhar mais dinheiro. O mundo hoje vive às custas da especulação financeira”, afirmou.

O ministro Miguel Rossetto (Secretaria Geral) afirmou que essa situação é conjuntural e que o país sairá “mais forte”. “O Brasil tem uma economia forte, já vivemos situações melhores, situações piores, situações onde a economia brasileira flutua. Vamos sair dessa situação de dificuldade mais fortes, mais vigorosos, preservando o ritmo de crescimento econômico, de geração de emprego”, disse Rossetto.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), lamentou a decisão da agência e teme que o pior ainda pode acontecer.

“A decisão é ruim. Sinaliza o risco de perder no futuro o grau de investimento”, disse Cunha.

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“País sério”

O líder da minoria na Câmara, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), acredita que a perspectiva negativa é resultado da corrupção disseminada no governo e de decisões equivocadas na área econômica nos últimos anos.

“Isso é o preço da descoberta de toda a sujeira jogada para debaixo do tapete ao longo dos últimos anos. Esses erros vêm com juros e correção monetária. A presidente Dilma vive em um palácio, mas a população está pagando o preço disso na vida real”, pontuou o tucano, lembrando que, em 2008, quando o Brasil recebeu o grau de investimento pela S&P, o então presidente Lula comemorou, afirmando que o país vivia um “momento mágico”.

Na ocasião, Lula disse que a nota da agência significava que o Brasil havia sido declarado “um país sério”.

“Se a gente for traduzir isso para uma linguagem que os brasileiros entendam, é que o Brasil foi declarado um país sério, que tem políticas sérias, que cuida de suas finanças com seriedade e, que por isso, passamos a ser merecedores de uma confiança internacional que há muito tempo o Brasil necessitava”, disse Lula, em 2008.

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Redução da meta

O deputado Pauderney Avelino (DEM-AM), líder da oposição no Congresso, avalia que o rebaixamento da perspectiva da nota de classificação de risco do Brasil mostra que a decisão do governo anunciada na semana passada de reduzir drasticamente a meta fiscal foi “equivocada”.

“Mais uma vez, o governo Dilma/PT errou ao indicar que, mesmo num momento de forte crise, ampliaria os gastos, postura que contradiz a cartilha do bom senso, que recomenda corte de gastos quando em momentos de dificuldade. O iminente rebaixamento mostra que o ministro Joaquim Levy tinha razão quando defendia a manutenção ou até o endurecimento das metas”.

Vice líder do PMDB, o deputado Lúcio Vieira Lima (BA) disse que essa mesma forma de pressionar o Congresso foi usada quando o pacote com as duras medidas que atingiram os trabalhadores foi enviado por Levy. Disse que os parlamentares votaram as medidas, assumiram o desgaste, mas agora o próprio governo admite que de nada adiantou e que “o pacote fez água” e será necessário o “ajuste do ajuste”, ditado pelo PT.

“O Congresso não está disposto a votar sob pressão da S&P. Chega de cheque em branco. Não vamos votar sob pressão. Ao reduzir a meta do superávit o governo mostrou que o ajuste não adiantou zorra nenhuma! Só tem uma forma de resolver esse negócio da nota: Dilma sair. Ela é um cadáver insepulto”, disse Lúcio Vieira Lima.

Para o peemedebista a decisão da S&P é o primeiro reflexo da falta de confiança gerada pelo rompimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com a presidente Dilma, aprofundando o racha do PMDB com o PT no Congresso.

“Dura realidade”

Na oposição, a decisão foi interpretada como um resultado que já era esperado. O ex-presidente do PSDB de Minas, deputado Marcus Pestana diz que a avaliação da S&P confirma que o degradado quadro econômico e político traçado pelo partido não é apenas “um desejo mórbido”, nem “diletantismo oposicionista”, mas uma dura realidade.

“A presidente Dilma vive em outro planeta. A S&P vive na terra, e não em Marte, se baseia na realidade para emitir suas avaliações para os investidores. Enquanto isso a princesa alienada, na sua mais completa solidão, passa a criar teorias da conspiração como culpar a Lava-Jato pela queda do PIB”, disse Pestana.

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