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Em setembro, no Distrito Federal e em Goiânia, 11 suspeitos de comercializar uma falsa moeda virtual chamada Kriptacoin foram presos pela Polícia Federal. | Bistock/
Em setembro, no Distrito Federal e em Goiânia, 11 suspeitos de comercializar uma falsa moeda virtual chamada Kriptacoin foram presos pela Polícia Federal.| Foto: Bistock/

O mercado de bitcoins, a moeda digital mais famosa, cresceu quase 10 vezes em volume de negócios no espaço de um ano. Se em 2016 as agências que negociam a criptomoeda no mercado (as chamadas ‘exchanges’) negociaram cerca de R$ 360 milhões da moeda digital que mais circula no mundo, só este ano estima-se que o valor ultrapasse os R$ 3,6 bilhões, segundo dados do site Bitvalor.com.

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Tamanho volume, porém, não atrai somente pessoas com boas intenções. São cada vez mais comuns casos de agências encerrando operações e aplicando golpes em investidores ou erros graves envolvendo bitcoins ou moedas similares, que fazem com que os mais desavisados, de olho numa valorização 10 vezes em um ano possam perder bastante dinheiro.

Em outubro, a rede de investimentos i7 Group, que negociava uma moeda digital própria batizada de Netscoin, encerrou as operações e agora tenta negociar a devolução de valores aos investidores, com a intermediação do Ministério Público Federal (MPF) do Espírito Santo. Um dos sócios da i7 Group, acusada prometer rendimentos altíssimos por meio de um esquema de pirâmide com a moeda Nestcoin, é de Maringá, no Noroeste do Paraná, onde estão vários dos investidores lesados pela fraude aplicada em todo o país. Antes disso, em setembro, no Distrito Federal e em Goiânia, 11 suspeitos de comercializar uma falsa moeda virtual chamada Kriptacoin foram presos pela Polícia Federal.

O assunto é tão sério que levou até o Banco Central a emitir, no último dia 16, um comunicado alertando para o fato de que as moedas digitais “não têm garantia de conversão para moedas soberanas” e de que o risco fica todo com os detentores. “Seu valor decorre exclusivamente da confiança conferida pelos indivíduos ao seu emissor”, diz o alerta.

Precauções

Mas isso não quer dizer que seja um mercado a ser evitado. Segundo especialistas, há uma série de precauções que podem e devem ser tomadas antes de investir nesse mercado que só tende a crescer.

Para Marcos Henrique, sócio-advisor da Foxbit, um mercado com uma filosofia tão diferente deve ser encarado com uma mentalidade totalmente nova. “Ter conhecimento em bitcoins é o mais importante para entrar nesse nicho. Sem o conhecimento da segurança, dos backups e dos riscos envolvidos fica muito fácil perder dinheiro”, avisa, dizendo que os interessados podem estudar o assunto por conta própria mesmo, através de sites, livros e comunidades nas redes sociais. Há também vários cursos que podem ajudar.

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Segundo Fabio Seixas, co-fundador da Taylor (um assistente inteligente de negociação de criptomoedas), a primeira coisa que um iniciante deve procurar saber é o funcionamento básico da moeda e do seu armazenamento. “Não entender minimamente bem como isso funciona pode gerar falhas de segurança que podem fazer o usuário literalmente perder todo o seu investimento”, alerta. Para ter um ideia, existem atualmente perto de mil moedas digitais, segundo o site Investing.com.

Seixas lembra que existem algumas opções de armazenamento, cada uma com vantagens e desvantagens. “Existem as hard wallets, que são dispositivos físicos semelhantes a um pendrive. As soft wallets, que são basicamente software no seu computador ou celular. As paper wallets, que são meras impressões das chaves de acesso a sua carteira digital. E até mesmo as carteiras das corretoras”, esclarece.

Erros mais comuns

Não saber de quem está comprando é o principal

Fabio Seixas, da Taylor, recomenda que os compradores de moedas digitais escolham exchanges (as corretoras) que estejam no topo do ranking de volume de transações. “O fato de ter muitos usuários minimiza os riscos. Outro aspecto é procurar ler notícias sobre a corretora, se já teve histórico de problemas ou se o mercado levanta alguma suspeita”, completa. Um ranking bastante usado é o do site bitvalor.com.

Marcos Henrique, da Foxbit, lembra que além das exchanges há também as lojas da moeda, que têm preços fixos, e ainda a compra direta de outro proprietário, a chamada P2P. Esse método, porém, exige bem mais cuidado e confiança no vendedor.

Não entender que as moedas digitais são voláteis

Henrique recomenda um bom planejamento financeiro antes de investir em bitcoins ou outras moedas digitais, principalmente para o caso de desvalorização. Segundo ele, muitas pessoas, movidas pela expectativa de lucro fácil, investem o que não deveria estar em risco e ficam sem fôlego financeiro para esperar uma recuperação do mercado. “É um investimento agressivo e é preciso estar ciente dos riscos e poder ficar até três ou cinco sem resgatar”, afirma.

Não entender as tecnologias envolvidas

É preciso conhecer bem cada ferramenta de armazenamento ou, no caso de armazenar com terceiros, escolher uma empresa de confiança. Para Henrique, deixar as criptomoedas na empresa onde elas são compradas costuma ser um péssimo hábito. Há casos, inclusive no Japão e na Europa, lembra ele, em que invasões de hackers, golpes internos ou até mesmo sanções das autoridades causam prejuízos milionários aos clientes.

Já Seixas pondera que, dependendo do nível de conhecimento do usuário, deixar as moedas em uma boa exchange pode ser mais seguro do que manter as moedas em seu computador, caso as medidas de segurança ideais não sejam tomadas.

Armazenar as criptomoedas de forma inadequada

Invasões de hackers, roubo do computador onde o código foi armazenado ou mesmo do papel com o código (a paper wallet) podem fazer o investidor perder todas suas criptomoedas. “O ideal é ter múltiplas soluções”, diz Henrique. Backup, senha forte da carteira e uma paper wallet bem guardada estão entre elas.

“Não adianta nada manter a sua carteira segura no seu computador ou celular para depois ter ser dispositivo roubado, perdido ou destruído. Você precisa ter backup da sua carteira de alguma forma, seja na nuvem, que requer outras preocupações de segurança, ou em um backup offline”, completa Seixas.

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