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Além da experiência na área técnica, um bom profissional de T.I. deve ter visão de negócio | CI&T
Além da experiência na área técnica, um bom profissional de T.I. deve ter visão de negócio| Foto: CI&T

As previsões para 2018 do mercado global de tecnologia são positivas. De acordo com pesquisa conduzida pela Forrester Research, o setor deve crescer 4% neste ano, com valorização de U$ 3 bilhões. No Brasil, 2017 já foi um ano de crescimento. Só no terceiro trimestre de 2017, o crescimento registrado foi de 9,1%. O balanço foi feito pela Advance Consultoria, e o resultado final do ano ainda não foi divulgado, mas a expectativa é que feche em 7% de crescimento. 

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O crescimento do mercado, no entanto, esbarra com algumas dificuldades. No Brasil, muitas empresas percebem que há falta de profissionais qualificados para atenderem suas demandas. “A tecnologia evolui muito rapidamente e surgem [coisas] novas a todo momento. Por isso, a parte de educação e qualificação acaba ficando um pouco atrás da necessidade do mercado”, avalia Luciana Caletti, CEO e cofundadora do Love Mondays, plataforma online que reúne avaliações de funcionários sobre as empresas que trabalham, e que está sempre em busca de profissionais de TI para fazerem parte de seu time. 

De acordo com Caroline Cadorin, diretora da Hays Expert, empresa de recrutamento especializada, as oportunidades para profissionais da área são as mais variadas, já que existem empresas de tecnologia já consolidadas e também startups que estão começando a crescer e buscam profissionais de desenvolvimento. “Existe uma demanda crescente por profissionais de business inteligence, bancos de dados, especialistas em produtos e projetos digitais, mas também vemos a necessidade de profissionais de desenvolvimento”, aponta.

Oportunidades de emprego na área

As oportunidades em desenvolvimento abarcam toda a “sopa de letrinhas” da tecnologia, como Java, Dotnet (.NET), Google Cloud, além de Design, estratégias digitais e webdevelopment. 

A CI&T, que desenvolve aplicativos e soluções digitais, tem atualmente 55 vagas em aberto. “É com uma pluralidade de oportunidades. Este volume tem oscilado, mas sempre para cima, então estamos conseguindo manter o crescimento com boas oportunidades para os profissionais”, explica Marília Honório, Employer Brand Manager CI&T.

Salário depende do cargo e da qualificação do profissional

A regra geral do mercado sobre oferta e demanda também se aplica ao mercado de tecnologia. Se existem mais vagas do que profissionais qualificados, a possibilidade de melhores salários ou de uma negociação facilitada de valores é real. Os valores variam de acordo com o tamanho da empresa, o tempo de mercado dela, a plataforma desenvolvida, mas tendem a ser competitivos. “Vemos uma tendência no aumento dos salários dos profissionais de TI, o que vai contra a crise econômica e os efeitos dela em outras áreas. Ano a ano, estão ficando mais altos”, conta Caletti.

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À pedido da Gazeta, o Love Mondays fez um levantamento sobre a média salarial de alguns cargos de TI, levando em consideração as informações postadas pelos usuários da plataforma quando avaliar seus locais de trabalho.

O cargo de Programador/Tester, com informações salariais postadas por 2.674 posts no Love Mondays, apresenta média salarial de R$ 3.202/mês. Em seguida, estão os Desenvolvedores, com média de R$ 4.317/mês e 3.119 posts na rede. Os Analistas de Sistema recebem, em média, R$ 5.036/mês, num universo de 3.398 profissionais que forneceram a informação. Nos níveis mais altos de qualificação estão o Product Owner, com R$ 8.061/mês (166 postados) e Arquiteto de Sistemas, com R$ 9.294/mês (150 postados). 

Salário atrai. Mas oportunidade de crescimento é o que mantém

Os valores são atrativos, mas as empresas vêm percebendo que, cada vez mais, os candidatos buscam outros pontos, como pacotes de benefícios e, principalmente, oportunidade de crescimento e avanço na carreira.

“Se existe uma vaga que oferece grande potencial de crescimento e aprendizado, com um salário um pouco mais baixo e menos benefícios, e outra com muitos benefícios mas que a possibilidade de crescer profissionalmente é menor, orientamos nossos alunos a optarem pela primeira”, conta Carlos Souza, diretor-geral na América Latina da Udacity, que oferece cursos online na área.

Para Honório, da CI&T, é preciso oferecer um desenvolvimento de carreira adequado para que as pessoas não só venham, mas que queiram ficar na empresa. “O que a faz ficar não é necessariamente o salário, mas que ela consiga pensar pro futuro. Um ambiente de oportunidades e crescimento estruturados é um diferencial”, afirma.

O Love Mondays elaborou um ranking com as melhores empresas em Oportunidade de Carreira no setor de tecnologia. Isso não quer dizer que estas empresas contrataram mais em volume, uma vez que existem gigantes do setor que acabam sempre tendo mais contratações, mas que estas empresas estão contratando e criando oportunidades de desenvolvimento de seus funcionários. A lista pode ser acessada aqui: https://www.lovemondays.com.br/melhores-empresas-por-setor/tecnologia-e-telecomunicacoes/oportunidade-de-carreira 

Como se qualificar para a área de T.I.

O mercado busca profissionais qualificados, mas por onde começar? Uma graduação? Pós-graduação? Cursos mais específicos? As possibilidades são todas válidas. Ter uma graduação tradicional reflete muito das características da pessoa e da experiência do que ela já estudou. Mas em TI a experiência prática conta muito, avalia Honório. “É muito mais um modelo de ‘me mostre o que você consegue fazer e juntos vemos se será um casamento bom’. Estamos mais de olho no que você é capaz de fazer do que o que está escrito no seu currículo”, conta.

De acordo com Cadorin, este é um movimento em tendência entre as empresas de tecnologia, exatamente por se tratar de um mercado em constante evolução. “Vemos a substituição da graduação tradicional por cursos mais enxutos e certificações. É preciso estar atento às mudanças da área, às novidades. Esta é uma boa sugestão para quem quer continuar destacando”, avalia.

Cursos do Vale do Silício no Brasil

É exatamente com este modelo de cursos que trabalha a Udacity. Conhecida como Universidade do Vale do Silício, a Udacity surgiu nos EUA em 2011, fundada pelo professor da Universidade de Stanford, Sebastian Thrun. O cientista da computação percebeu que havia grande demanda por conhecimento na área quando ofereceu, junto com um colega, um curso online e gratuito sobre “Introdução à Inteligência Artificial” que, em 90 dias, teve mais de 160 mil inscrições em todo mundo. “Ele percebeu a necessidade de uma universidade que fosse prática e acessível, e então resolveu deixar seu emprego no Google, onde estava a frente de projetos de inovação disruptivos como o carro autônomo, e fundou a Udacity”, conta Carlos Souza. No Brasil, a Udacity funciona há um ano e meio. 

Os cursos são chamados de Nanodegrees, micrograduações que formam profissionais para desenvolvimento web, machine learning, análise de dados, desenvolvimento mobile, marketing digital, entre outros. Os nanodegrees são desenvolvidos em parceria com grandes empresas mundiais de tecnologia, como Google, IBM, AT&T, Facebook, Twitter, entre outros. “Esta criação garante que o que estamos ensinando é exatamente o que a indústria está buscando. A Udacity vem para abrir as portas de trabalho. Sucesso, para nós, é garantir que consigam avançar nas carreiras, iniciar uma nova ou criar sua própria empresa”, conta Souza.

O método é fazer os alunos colocarem a mão na massa. Cada aluno desenvolve ao menos cinco projetos, de acordo com o curso escolhido. Por exemplo, no nanodegree de Desenvolvedor Android, ele terá que primeiro desenvolver um aplicativo que mostre suas músicas favoritas, depois os filmes favoritos, seguido de um aplicativo de previsão do tempo. Os dois últimos são tema livre. Os projetos são encaminhados para uma rede de desenvolvedores parceiros da Udacity, que os avaliam linha a linha e dão um feedback ao aluno em 24h. “É aí que ele efetivamente aprende. Ele só consegue prosseguir ao submeter todos os projetos com sucesso, sendo avaliados por profissionais experientes da área”, explica o diretor-geral. Os cursos duram, em média, seis meses.

A Udacity estabelece parcerias com empresas que buscam seus profissionais da área. No Brasil, já são mais de 50 empresas, como é o caso do Love Mondays e da CI&T. “São empresas muito inovadoras e que estão em velocidade acelerada de crescimento. Quando vamos ao Vale do Silício ou vemos grandes empresas de tecnologias no Brasil, um dos limitadores para elas crescerem não é dinheiro, é gente boa. Essas empresas fecham parcerias conosco para buscarem talentos e continuarem crescendo”, conta.

Segundo Souza, entre os alunos do Udacity, 70% possuem graduação e tem cinco ou mais anos de experiência na área e 30% já tem alguma pós-graduação ou mestrado. “Independente do momento de carreira, vemos pessoas que dão muito valor à educação, querem aprender continuamente, são curiosas. É muito bacana quando você vê um CEO, um diretor, buscando aprender novas tecnologias”, considera.

Ter visão de negócio

O conhecimento técnico, sem dúvida, é essencial para os profissionais de tecnologia, mas não é só. “As empresas querem ter um profissional que seja qualificado, mas que também tenha muita visão de negócio, para que a tecnologia seja empregada de forma estratégica”, aponta Cadorin. 

A sigla CI&T, por exemplo, é uma abreviação de Colabore, Inove e Transforme, o que já aponta o que procuram num candidato. “Buscamos pessoas que sabem trabalhar em equipe, que fazem compartilhamento de conhecimento e têm vontade de aprendizado constante. Em muitos casos, para algumas posições de tecnologia de ponta, acabamos formando pessoas e contratando outras que estão dispostas a aprender com as primeiras. Às vezes, não existe o profissional no mercado, então quem mostra disposição a aprender sai na frente”, reforça.

Três diferenciais para o profissional da área

Persistir

Souza elenca três diferenciais importantes para estes profissionais. Ele cita o livro da psicóloga americana Angela Duckworth, Garra – O poder da Paixão e da Perseverança, em que a autora fala sobre a importância de persistir em um objetivo. “A pessoa deve começar a estudar, a explorar um determinado campo e não desistir. Deve continuar até aquela habilidade dê frutos a ela”, comenta Souza. 

Atitude mental positiva

Em segundo lugar, Souza cita o conceito de Atitude Mental Positiva desenvolvido pela psicóloga pesquisadora da Universidade de Stanford, Carol Dweck, no livro Mindset – The New Psychology os Success. Dweck passou anos pesquisando qual era o fator determinando e diferencial de sucesso entre os alunos da universidade e concluiu que existem dois tipos de pessoa: aquelas com Atitude Mental Fixa, que acreditam que nasceram com as habilidades que têm e nada podem fazer para aumentá-las, e um segundo grupo com Atitude Mental Positiva, que acreditam que, se houver dedicação, são capazes de desenvolverem qualquer habilidade. “As empresas estão em buscas deste segundo grupo de pessoas. No livro de Dweck há boas dicas para quem se percebe com mentalidade fixa e gostaria de desenvolver a positiva”, recomenda. 

Disciplina

Por último, Souza diz que a inspiração pode vir dos atletas: é preciso disciplina. “Os atletas são grandes exemplos disso. Eles mostram a importância de ser disciplinado, como continuar, perseverar e seguir um plano de trabalho, ter uma autodisciplina, falar que vai fazer e ir lá e fazer. Diria que três características vão garantir que o profissional vai estar sempre se desenvolvendo”, conclui Souza. 

Outro ponto imprescindível para os profissionais de TI é o conhecimento de uma segunda língua, em especial o inglês. Além de ser requisito nas empresas brasileiras, isso também pode abrir portas para fora do país. “O Brasil tem sido um grande celeiro para empresas de outros países, como Alemanha, Inglaterra e Portugal, que têm buscado intensamente profissionais de tecnologia no Brasil. Para quem tem este interesse, conhecer uma segunda língua é fundamental”, avalia Cadorin.

A importância do network

Manter boas relações com colegas da área pode ajudar, e muito, na hora de conseguir um emprego em TI. A CI&T, por exemplo, possui um programa chamado “Bring a Friend” (Traga um amigo, em português), em que os funcionários podem indicar colegas e amigos da área. Segundo Honório, 30% das vagas são fechadas por meio deste programa. “É sempre bom também ficar de olho nos eventos da comunidade tecnológica, como os hackatons, onde podem surgir boas oportunidades”, indica.

O Linkedin também é uma plataforma importante em que muitas empresas fazem buscas por profissionais. “Muitas vezes olhamos perfis de pessoas que nem estão à procura de emprego, mas que se percebemos que têm um perfil que nos interessa, vamos atrás”, conta Honório.

A CI&T está com vagas abertas para diferentes locais no Brasil. A lista pode ser consultada no link http://www.ciandt.com/card/vagas-abertas.

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