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Bluezup dá três dias para usuário testar os produtos, antes de decidir se compra ou não | Bluezup/
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Bluezup dá três dias para usuário testar os produtos, antes de decidir se compra ou não| Foto: Bluezup/ Divulgação

As lojas de eletrônicos muitas vezes são uma frustração. Os vendedores ficam em cima, e é impossível explorar todas as funcionalidades do aparelho em cinco minutos. Pensando nisso, a startup curitibana Bluezup criou uma um tipo de test drive de eletrônicos. Com seu DNA no Vale do Silício, a empresa já opera na Baía de São Francisco e em quatro cidades brasileiras. 

O teste de um Apple Watch (relógio inteligente da Apple), por exemplo, sai por R$ 30. O usuário tem três dias para ficar com o produto e usar como se fosse seu. Depois, pode escolher entre comprar ou devolver o produto. 

Em caso de compra do produto, o valor do "trial" – que pode chegar a R$ 300, no caso da Canon 5D Mark III – é abatido do valor final. O preço é mais barato do que a média de mercado. 

O Apple Watch sai por R$ 1.370 na Bluezup. No mercado, ele é vendido por, em média, R$ 2.700, mas é possível encontrar boas ofertas na casa dos R$ 1.700, em sites de compras. 

Mas não é o preço competitivo o coração do negócio; e sim a experiência do usuário. "A gente reinventou o modelo tradicional do varejo", se empolga o CEO da startup, Diogo dos Reis Ruiz. 

"A compra online é um caminho sem volta. Mas o usuário compra de olhos fechados: não consegue tocar o produto, sentir, saber o peso, o tamanho da tela." 

Isso criou um problemão para as lojas virtuais, que viram crescer a taxa de retorno dos produtos. Muitas vezes os consumidores devolvem os produtos em perfeitas condições, simplesmente porque não se deram bem com o produto. O teste prévio elimina esse problema.

Três fontes de inspiração 

Três modelos de negócio inspiraram a Bluezup. O primeiro é o da economia compartilhada. Os "bluebuddies" são como motoristas da Uber. Eles que levam e buscam os produtos que são testados pelos usuários. E recebem uma comissão em troca. 

Outro é da Enjoy, startup de varejo fundada por Ron Johnson, criador da Apple Store. A loja vende produto de diversas marcas, e cobra até mais caro do que os concorrentes. Mas, junto com a compra, vem um especialista em tecnologia que ensina ao usuário todas as manhas do produto. 

"A gente incorporou. O embaixador não faz só a entrega, ele faz o unboxing, a assistência. Permite que a experiência do usuário seja mais intensa. E íntima. E que você tenha o maior grau de usabilidade", explica o CEO. 

O terceiro modelo é do Airbnb, em que as pessoas disponibilizam produtos delas próprias para terceiros. Além de produtos novos, a Bluezup vende produtos de outras pessoas, desde que estejam em boas condições. 

Aceleração no Vale do Silício 

CEO da Bluezup, Diogo dos Reis Ruiz. Sede da startup fica no Rocket Space, edifício badalado do Vale do Silício. Bluezup Divulgação

Quando foi idealizada, lá em 2016, a Bluezup não era nada disso. Diogo faria uma viagem para praticar esportes na neve no Chile e teve a ideia de criar "tipo um Airbnb" em que as pessoas alugassem seus objetos pessoais. Botas, pranchas, bicicletas, um pouco de tudo. Muito baseado na economia colaborativa. 

Ele já morava no Vale do Silício quando foi aprovado no Founders Institute, maior aceleradora de projetos em fase inicial do mundo. Durante três meses e meio teve encontros semanais com mentores de peso, como o fundador do Evernote, o terceiro investidor do Uber e o primeiro da Tesla. 

"A cada semana eu falava sobre o projeto e vinha uma bordoada de feedback que me fazia pivotar não uma, duas ou dez vezes. A gente pivotou umas 100 vezes até chegar no modelo de negócio que a Bluezup tem hoje", conta Diogo, usando o jargão usado pelas startups ("pivotar") quando mudam rapidamente seu modelo de negócios. 

De Curitiba para o Vale 

Os caminhos que levaram Diogo de Curitiba para o Vale do Silício, onde se estabeleceu em janeiro de 2017 foram vários. Ele é sócio da Asteroide (criada como "Asteroide Filmes"), que no último ano faturou um Leão de Titânio, principal premiação no festival Cannes Lions. 

A empresa já tinha alguns clientes nos EUA, como a Cartoon Network e a Expedia. Mas foi o desejo de mudar o DNA da empresa (de vídeos para tecnologia) que impulsionou a ida ao Vale. 

O escritório nos EUA abriu caminho para novos clientes (já foram mais de oito peças com o McDonald's americano, por exemplo). Mas também colocou a empresa no coração da inovação. Desde 2016, a Asteroide se posiciona como um "hub de criatividade", onde projetos independentes ganham vida própria quando provam sua viabilidade. 

Foi o caso da Bluezup. Diogo estava às voltas com os filmes, em São Francisco, quando conheceu um outro brasileiro, que estava lá para a Copa do Mundo das startups. Era um investidor-anjo que, na hora, comprou a ideia. Com o dinheiro no bolso, o curitibano foi atrás da aceleração e de tirar o projeto do papel. 

Números do negócio 

Lançada em agosto de 2017, a plataforma chegou em dezembro com quase 500 trials. São mais de 100 "embaixadores" nas quatro cidades em que a Bluzup opera: Curitiba, Porto Alegre, Londrina e São Paulo. 

Para alguns produtos, a taxa de conversão (em que o usuário compra, depois do teste) chega a 41%. A média é de 21%. Desde o lançamento, a média de crescimento foi de 20% ao mês. A equipe própria da Bluezup já conta com 13 pessoas. 

Para 2018, a meta é expandir. Ganhar escala para chegar em outras cidades brasileiras, como o Rio de Janeiro e Belo Horizonte. "Vamos utilizar a mesma tática do Uber, que é de expandir por CEP". A startup opera também na baía de São Francisco, mas, por enquanto, os esforços estão concentrados no Brasil. 

"A gente acabou de começar, há todo um esforço que vai ser feito para que as pessoas nos conheçam, nos reconheçam. Mas daqui a pouco a gente vai falar 'lembra quando não dava para testar um produto antes de comprar?'. Este dia vai chegar a Bluezup quer ser parte fundamental desta mudança".

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