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Da esquerda para direita, Daniel Koleski (designer),  Fabíola Paes (especialista em varejo),  João de Souza (desenvolvedor mobile) e Carlos Balsalobre (desenvolvedor web):  pesquisa sobre o Varejo 4.0, que conecta a loja física com o e-commerce, foi pontapé para o negócio da Neomode. | Daniel Castellano/ Arquivo Gazeta do Povo
Da esquerda para direita, Daniel Koleski (designer), Fabíola Paes (especialista em varejo), João de Souza (desenvolvedor mobile) e Carlos Balsalobre (desenvolvedor web): pesquisa sobre o Varejo 4.0, que conecta a loja física com o e-commerce, foi pontapé para o negócio da Neomode.| Foto: Daniel Castellano/ Arquivo Gazeta do Povo

No fim do ano passado, O Boticário chamou a startup curitibana Neomode para um job, como se diz por aí. Queria uma campanha digital sincronizada com a das lojas físicas para o lançamento da nova linha de cabelos da marca, algo que estreitasse o relacionamento com as consumidoras. A Neomode – especializada em inteligência artificial em vendas e transacional (shopbots) – chamou uma parceira em inteligência artificial conversacional, a Enfoca Chatbots. A startup de Ponta Grossa trabalha com aqueles robozinhos vinculados a sites ou redes sociais que respondem a perguntas do usuário.

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A parceria entre as duas startups rendeu o Bate Papo de Cachos, um chatbot que funciona como uma espécie de cabeleireiro virtual que conversa com as clientes, tira dúvidas e recomenda produtos da linha e da marca, direcionando o cliente para o e-commerce. O robozinho aparece no cantinho da tela quando o cliente acessa no site os produtos da linha Match, para cabelos cacheados, no site de O Boticário.

A Neomode poderia ter tocado o projeto sozinha, mas viu na parceria com a Enfoca uma oportunidade de somar competências e de entregar mais rápido um produto mais aprimorado. Da concepção da ideia à entrega foram 45 dias. Sozinha, a Neomode levaria cerca de três meses. Até porque, a sua maior especialidade é a integração de canais de venda e distribuição por meio de assistentes virtuais de venda como o App Commerce e shopbots, robôs que, além de interagir com os consumidores, também agem com vendedores.

Comprar na internet, retirar na loja

O coração do negócio da Neomode é ajudar as empresas do varejo a vender mais e melhor. O carro chefe é um aplicativo que funciona como um terceiro canal de vendas. Ele reúne todos os produtos disponíveis no e-commerce e nas lojas físicas e conecta com o estoque, de forma que o consumidor possa comprar e pagar pelo app, mas retirar o produto na loja física mais próxima e no menor tempo possível, de preferência, em até duas horas. Uma prática já consolidada lá fora que vem ganhando força no varejo brasileiro.

A Neomode nasceu em 2016 pelas mãos da carioca Fabíola Paes com um pé na academia e outro no mercado. Com uma carreira toda construída no varejo, ela voltou para a sala de aula como aluna e, mais tarde, professora. Fez mestrado sobre o varejo 4.0, que conecta a loja física com o e-commerce. Sua pesquisa foi o ponto de partida da Neomode. Em março de 2016, um mês depois de defender sua dissertação, Fabíola, Carlos Balsalobre, seu aluno que virou sócio, e mais dois companheiros de equipe ganharam o hackathon da L’Oréal Brasil, com um prêmio de R$ 100 mil para desenvolver um aplicativo que unisse as vendas e estoque no online e o offline.

“Vi a oportunidade de pegar o meu estudo do mestrado e transformar em um negócio. Eu tinha o conceito, as ideias e o Carlos dominava a parte de programação e desenvolvimento. Ele trouxe mais dois participantes para a equipe e futuros sócios da Neomode, Daniel Koleski, especialista em design e experiência do usuário e João de Souza, com foco em engenharia mobile, e formamos uma equipe multidisciplinar”, conta.

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Os quatro seguem no comando na Neomode, mas não estão sozinhos. Sete investidores anjo aportaram aproximadamente R$ 1 milhão no negócio, sendo 70% investidos na tecnologia. Todos são empresários experientes do setor de varejo e tecnologia, segundo Fabíola. O planejamento da startup prevê o break-even (o ponto de equilíbrio financeiro a partir do qual o negócio começa a dar lucro) em três anos.

As perspectivas são boas, mas o momento é decisivo, aquele que os startupeiros definem como o “vale da morte” de uma startup. “Nosso segundo ano tem sido mais desafiador, o mais difícil da Neomode. Temos clientes, muito trabalho e necessidade de um maior capital de giro para alavancagem do negócio”.

Aberta a novos investimentos, a Neomode espera captar até agosto entre R$ 1 milhão e R$ 3 milhões. O dinheiro é para consolidar a tecnologia e ampliar a equipe, hoje com 12 pessoas, nove em Curitiba e três no escritório de São Paulo, aberto em julho no ano passado para se conectar com novos clientes.

Depois do contrato com a L’Oréal, em novembro de 2016, vieram outros nomes de peso como O Boticário, Havan, Lojas MM, Padó, Escoteiros do Brasil, Ri Happy, Drogaria Onofre, Kids Brasil e Dufry. Hoje são 14 clientes ativos, mas a meta é chegar a 30 até o final do ano.

Escalando juntos

Fabíola é uma defensora da ideia de as startups se unirem para ganhar crescer e ganhar escala. Foi com esse pensamento – mas também de olho no crescimento dos bots – que ela propôs para a Enfoca Chatbots uma parceria: entregar uma solução mais completa para os clientes com integração de canais de venda no app, além de chatbots e shopbots.

A parceira nos negócios acabou rendendo uma sociedade, e a Neomode virou investidora da Enfoca. O valor aportado é para sustentar a operação até que os resultados financeiros comecem a se concretizar, conta Bruno Vieira de Lima, co-fundador da Enfoca.

A startup foi criada no final 2016, depois que ele e mais três sócios venceram o Hackhathon Paraná sobre Mobilidade Urbana, da Secretaria de Desenvolvimento Urbano do estado. A startup usou tecnologia de inteligência artificial e cognição para desenvolver um chatbot de pesquisa sobre origem e destino dos usuários de ônibus em Curitiba, com foco na melhoria do serviço. “Saímos com uma solução para vender para o governo, mas não rolou e resolvemos dar um passo atrás”.

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Na reformulação do produto, alguns sócios saíram e outros entraram, mas o foco continuou sendo os chatbots. Para verticalizar o negócio e ganhar escala, a startup apostou no mercado de delivery com um chatbot para atendimento em pizzarias. Além de uma mensalidade de R$ 49,90, a empresa ganha uma comissão de R$ 0,90 centavos por venda feita pelo chatbot. A Enfoca tem cinco clientes de pizzarias e 16 de outros segmentos e pretende chegar a 50 até o final do ano, estendendo o serviço para hamburguerias.

Da direita para a esquerda, três dos quatro sócios da Enfoca Chatbots: Daniel Veiga, Bruno Lima e Zaharie Cont.Divulga/Enfoca Chatbots

Em fevereiro de 2017, quando veio o primeiro cliente, Bruno largou o emprego CLT em Ponta Grossa e trouxe a startup para Curitiba. Hoje, além dele, são três sócios fundadores, todos trabalhando remotamente: Zaharie Cont Neto, Daniel Veiga e Philippe Alexandrino. Mais dois profissionais integram a equipe, um em São Paulo e outro em Curitiba.

A startup que decolou com investimentos do bolso dos fundadores começou a pagar as próprias contas em agosto do ano de 2017. “Em fevereiro deste ano começamos a ganhar um salário. Antes era só por amor ao negócio”, comenta Bruno.

A parceria com a Neomode para o projeto de O Boticário abriu novas possibilidades para a Enfoca. Atualmente são nove projetos em conjunto. Se o futuro é animador, alguns desafios se impõem. Em breve, a startup deve abrir uma rodada de captação de recursos, especialmente para ampliar a equipe de desenvolvimento e montar um time comercial. O objetivo é conseguir pelo menos R$ 300 mil.

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