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 | Marcelo Andrade
Gazeta do Povo
| Foto: Marcelo Andrade Gazeta do Povo

Não se trata de comprar ações, muito menos de investir em startups. A pauta aqui é debêntures. Esse palavrão significa nada mais nada menos do que títulos de dívida de empresas. “Quando a gente fala de renda fixa, categoria em que estão os debêntures, estamos falando de dívidas. Se for do governo, chamamos de títulos públicos; se for do banco, de CDB; e se for de empresa, de debêntures”, explica explica a analista de renda fixa da Empiricus, Marília Fontes.

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Em outras palavras, participar de uma oferta de debêntures como pessoa física é emprestar dinheiro para uma empresa tendo como contrapartida o pagamento de juros e a correção do valor por um índice da inflação, segundo um prazo e uma taxa definidos no momento da aplicação. 

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E a expectativa do mercado com esse tipo de título está grande nas últimas semanas. No último dia 26 de julho, a Petrobras anunciou que seu conselho de administração aprovou o lançamento da quinta edição de debêntures da companhia, em até quatro séries, num total de R$ 5 bilhões. 

A Petrobras pretendia fazer essa oferta pública de debêntures em 2015, mas cancelou o processo em razão do estouro das operações da Lava Jato e do rebaixamento da classificação de risco do país à época, fatores que a empresa entendia que poderiam desanimar os investidores. 

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Do total de R$ 5 bilhões, segundo o comunicado ao mercado divulgado pela estatal, R$ 800 milhões deverão ser alocados em duas séries como debêntures incentivadas, ou seja, títulos voltados ao financiamento de projetos de infraestrutura e que, por isso, são isentos de imposto de renda e IOF. As condições foram divulgadas no último dia 16 de agosto.

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Como investir em debêntures 

Assim como para as aplicações do Tesouro Direto, é preciso abrir uma conta em uma corretora para adquirir debêntures. Assim, o investidor poderá comprar diretamente os papeis, aceitar ofertas das corretoras ou ainda investir em fundos de debêntures geridos pelas corretoras, que também são boas opções porque têm gestores dedicados a eles, buscando os melhores resultados. 

Normalmente, as debêntures possuem incidência de imposto de renda regressivo, ou seja, quanto maior o tempo da aplicação, menos imposto é cobrado. Mas os papeis incentivados, como os que devem ser oferecidos em breve pela Petrobras, só serão melhores que as debêntures comuns se o rendimento prometido por eles também for bom. 

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Se por um lado o governo é o emissor mais seguro do mercado, já que ele sempre procurará honrar seus pagamentos, nem que tenha que aumentar impostos para isso, por outro lado as empresas, por serem emissoras mais arriscadas, acabam pagando melhor. É aí que está uma das grandes vantagens [desses papeis]”, diz Marília.

As ofertas de debêntures costumam ter rendimentos como 9% mais inflação, taxa que poucos títulos do Tesouro Direto estão oferecendo no momento. 

O segredo da compra de debêntures, segundo os especialistas, está em encontrar uma boa relação risco-rendimento. Isso quer dizer que a promessa pode ser ótima, de 120% do CDI (taxa de juros praticada entre os bancos e que baliza outros investimentos), mas que ela não vale muito se a companhia não demonstrar, pela análise de seus balanços, ter condições de fazer os pagamentos previstos. 

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“É o que chamamos de risco de default no mercado, ou seja, o risco de a empresa emissora não honrar com os pagamentos de juros”, esclarece o analista-chefe da Rico, Roberto Indech. 

Por isso também é que as debêntures não são um investimento recomendado para iniciantes, mas para pessoas que já investem em renda fixa e variável e estão dispostas a aprender mais, com ou sem o auxílio direto de um gestor. 

Nem todo mundo tem experiência na leitura de balanços ou mesmo de como está o mercado secundário para aquele papel, por isso o auxílio de um gestor pode fazer a diferença na hora de investir em debêntures”, complementa Marília.

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As debêntures estão cada vez mais acessíveis para pessoas físicas. Muitas vezes, o investimento inicial fica em torno de R$ 2 mil, o que possibilidade que muita gente que nunca investiu nesse tipo de aplicação faça isso.

Não são cobradas taxas de administração quando o investidor compra as debêntures diretamente. Ele paga apenas uma taxa de custódia, que costuma ser de 0,03% ao ano. Já quando o papel é oferecido por uma corretora é preciso ficar atento. Algumas cobram uma parte do rendimento prometido. Exemplo: se a rentabilidade prevista é de 120% do CDI, a corretora vai oferecer ao investidor algo como 119% do CDI. Se a diferença entre a oferta original e a da corretora for muito grande, desconfie. 

Mas a maioria das corretoras independentes já não faz esse tipo de cobrança. 

Veja outras vantagens e cuidados na hora de investir em debêntures no infográfico abaixo:

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