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Alugar um quarto, uma edícula. Quase metade dos anúncios do Airbnb em São Paulo já são nesse sentido. | Bigstock/Bigstock
Alugar um quarto, uma edícula. Quase metade dos anúncios do Airbnb em São Paulo já são nesse sentido.| Foto: Bigstock/Bigstock

Não é plano B, não substitui salário, mas pode fazer a casa parar de apenas consumir recursos e passar a gerar o próprio sustento. Filho que sai de casa, mudança na fonte de renda, espaço ocioso depois de uma reconfiguração. Os gatilhos são variados para as pessoas decidirem alugar parte de suas casas e assim obter renda para o pagamento das despesas da própria casa.

Segundo pesquisa da plataforma de compartilhamento de imóveis Airbnb, 23% dos locatários brasileiros do serviço usam a renda extra para manter a moradia, driblando despejo ou perda do imóvel. Ainda de acordo com a pesquisa, os locatários têm em média uma renda anual de R$ 5.500.

Em São Paulo, o número de anúncios de quartos e partes de imóvel para alugar, segundo a plataforma, passou de 47% para 48% entre 2015 e 2017. O total de anúncios no período quase duplicou: passou de 7.500 a 13.800. De 11 mil anfitriões da cidade, 54% são mulheres e 46% são homens, com idade média de 41 anos. O tempo médio é de 5,5 noites na cidade.

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Na média do país, a prevalência é dos anúncios de imóveis inteiros, com 69% para a casa toda, 28% quarto privativo e 3% espaço compartilhado, com o total passando de 62 mil em 2015 para 167 mil em 2017.

A diferença de perfis entre países e centros urbanos é semelhante também no mercado mexicano, segundo Leila Swwan, relações públicas da empresa para a América Latina. Lá, enquanto no país a maior parte dos 94,3 mil anúncios se refere a imóveis inteiros (62%), na Cidade do México os quartos são 57% do total de 11,5 mil anúncios.

A perspectiva de tornar a casa sustentável, com as contas zeradas, foi decisiva para o jornalista Tato Coutinho, que aluga para hóspedes temporários uma edícula da casa em que mora com a mulher, Maria, e o filho desde setembro de 2016.

Ele usava o espaço apenas como seu escritório. Em um período de mudança de um trabalho fixo para várias fontes de renda, a família reviu custos e decidiu transformar o jeito de ocupar a casa.

Com um investimento de R$ 12 mil para pintura, compra de sofá, colchão e cortinas, deixou o ambiente apropriado para receber até 3 pessoas, com café da manhã, servido no jardim.

Já foram mais de 50 locações nesse período de 1 ano e sete meses de experiência. “Hoje em dia, nossa renda é composta de algumas receitas diferentes. As despesas da casa, tirando o IPTU, são todas pagas pelo aluguel da edícula”, diz. O excedente vai para um fundo, destinado à reposição de roupas de cama e banho.

O casal planeja adaptar mais um cômodo da casa para receber hóspedes. “Além da renda, a ideia de uso rotativo do espaço e de receber as pessoas é interessante. Você se coloca numa posição diferente e cruza pessoas que jamais cruzaria de outra forma”, diz Tato.

Prática também é adotada por locatários aposentados

O grupo de locatários que mais tem crescido, segundo o Airbnb, é o das pessoas com 60 anos ou mais, representando 12% dos anfitriões brasileiros. Aposentada desde 2006 do trabalho que tinha com venda de automóveis, há 2 anos Marilene Cunha aluga o apartamento em que mora por períodos de 15 dias, para obter dinheiro extra para pagar condomínio e, quando possível, o plano de saúde.

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Quando recebe hóspedes, ela deixa o imóvel e se muda temporariamente para a casa de um dos filhos. ‘Pude pagar todas as contas durante alguns anos depois de aposentada, mas depois precisei outra fonte. Não alugo sempre, mas quando dá certo é um bom negócio‘, diz.

Depois que se desfez do aparelho de TV, Claudia decidiu usar a suíte em que estava o aparelho para aluguel, há 3 anos. Hoje, um terço das contas da casa são pagas pela renda que vem do aluguel do cômodo.

“Esse tipo de aluguel temporário cria um tipo de amizade passageira, com limites e regras estabelecidos. Eu divido mesmo o espaço. Quem está hospedado vem para a sala, para a cozinha, e conversa. É interessante. Já fiz amigos”, diz ela.

Depois de uma temporada de várias viagens para o exterior ficando em quartos alugados, a paulistana Marcia começou compartilhar um cômodo de sua casa, em 2014. “Minha filha tinha saído de casa e eu tinha um quarto de visitas. Como não tenho visitas com tanta frequência, pensei em ter um recurso financeiro a mais” .

Na casa dela, o banheiro é comum e o hóspede pode usar cozinha, área de serviço e o jardim. Por causa do contato mais próximo, diz, as regras têm de ser ainda mais claras: “Peço para não fazer fritura ou deixar as coisas espalhadas”, diz. “Compartilhar a casa por meio mês já dá conta das contas de água e de luz. Acho uma boa alternativa. A casa tem bom astral e as experiências têm sido legais. E tem gente que vira parceiro”, conta.

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