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O levantamento foi feito pela Natixis Investment Managers com 500 investidores institucionais do mundo todo. | Bigstock/Bigstock
O levantamento foi feito pela Natixis Investment Managers com 500 investidores institucionais do mundo todo.| Foto: Bigstock/Bigstock

Uma pesquisa publicada pela Natixis Investment Managers mostrou que 64% dos investidores institucionais (bancos, seguradoras, fundos e outras entidades que investem no mercado de capitais, incluindo as estatais) acreditam que as altas sequenciais da cotação do bitcoin sejam indícios de que o mercado vive uma bolha. O levantamento foi feito com 500 investidores institucionais do mundo todo, responsáveis por mais de US$ 19 trilhões em ativos.

Desde o momento em que a pesquisa foi feita até hoje, data da publicação, a moeda virtual já subiu mais de 56%.

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Nesta quinta-feira (7), o bitcoin superou o patamar de US$ 15 mil, conforme mostra a CoinDesk, principal consultoria do tema. No Brasil, o preço da moeda já supera os R$ 50 mil no Mercado Bitcoin.

Desde de janeiro deste ano, quando valia US$ 997,69, o bitcoin já se valorizou mais de 3.500%. Os investidores ficaram eufóricos após o teste bem sucedido de um software que pode aumentar a capacidade da rede de cerca de 10 mil transações por segundo para milhares, a um custo menor do que o atual, explicou Gabriel Aleixo, do ITS-Rio (Instituto de Tecnologia e Sociedade).

A escalabilidade da rede é um grande entrave para o avanço da moeda. Segundo Aleixo, operadores de cartão conseguem realizar de 30 a 40 mil transações por segundo, por exemplo.

"Já se sabia que a inovação estava sendo desenvolvida, mas ela foi testada mais rápido do que o esperado. O mercado projetava sua aplicação para 2019, mas agora ela pode se materializar já no começo de 2018", diz Aleixo.

A solução proposta, chamada de Lightning Network, pode ajudar a atrair investidores maiores que precisam realizar pagamentos em larga escala.

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A demanda pela criptomoeda sobe também conforme se aproxima o início das negociações de bitcoin no mercado futuro, aponta Rudá Pellini, sócio da Wise&Trust.

O primeiro contrato da moeda será negociado a partir das 21h de domingo (10) na Cboe Global Markets, uma das maiores bolsas globais de derivativos, e, uma semana depois, na Bolsa de Chicago. A bolsa de tecnologia Nasdaq planeja abrir seu contrato de bitcoins em 2018.

"Até agora o bitcoin era muito para pessoa física. Com o mercado futuro, grandes bancos terão a possibilidade de começar a se posicionar, incluindo incrementos que existem no mercado tradicional. Acredito que [nesta última alta] entrou dinheiro pesado de banco", explica Pellini.

Alguns especialistas alertam, no entanto, que o lançamento de bitcoin futuros pode aumentar ainda mais a especulação em torno da moeda e causar maior volatilidade.

"Os agentes agressivos, como os fundos de hedge e orientados por algoritmos poderão usar este mercado de futuros para entrar na negociação bitcoin com altos níveis de liquidez para vendas curtas agressivas e reduzir os preços realmente para baixo", disse o analista da Think Markets Naeem Aslam.

Pellini diz acreditar, porém, que "short position" -venda em descoberto, que consiste na comercialização de um ativo que não se possuiu, esperando que seu preço caia para comprá-lo de volta e lucrar com a diferença- "não é justificativa para o preço cair". "Se as pessoas quiserem continuar comprando, o preço sobe."

É hora de comprar bitcoin?

Desde setembro, quando iniciou um ciclo de alta, o valor do bitcoin já subiu 211% e gerou preocupações também sobre o risco de uma bolha. Jamie Dimon, presidente-executivo do banco JPMorgan, chegou a dizer que a moeda é "uma fraude" que eventualmente explodirá. Há alguns dias, no entanto, o banco mudou seu discurso e passou a ver o bitcoin como "o novo ouro".

"Fico apreensivo com a alta expressiva nas últimas semana. Achei que chegaria a US$ 10 mil no fim do ano, mas passou por isso voando. Não é uma bolha, o que acontece é que existe demanda para uma oferta escassa, mas a alta surpreendeu", diz Pellini.

Para ele, todo mundo deveria ter bitcoin, dentro das suas possibilidades. Antes de entrar na rede, no entanto, Pellini ressalta que é preciso estudar o assunto e entender as dinâmicas desse mercado.

"Compre primeiro o que está disposto a perder. Não vai investir o dinheiro da casa, por exemplo. E compre também metade do que tem na mão. Se cair mais, você compra o resto. Se não cair, pelo menos você entrou na rede", diz.

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O cuidado com a segurança também é importante, aponta Aleixo. "Embora a tecnologia seja extremamente segura e a rede nunca tenha sido violada, se a pessoa não tiver cuidado com o celular e computador, ela pode ser vítima de um ataque hacker diretamente no seu dispositivo."

Ainda em outubro, durante um evento da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura, em São Paulo, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse que o bitcoin é um ativo sem lastro e que as pessoas o compram porque acreditam que a moeda vai valorizar. Quanto mais percepção de que o ativo vai se valorizar, mais pessoas compram e mais o preço de fato sobe. “Isso é a típica bolha ou pirâmide que existem na economia há centenas de anos”.

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