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Quem é autônomo tem de guardar mais dinheiro e contribuir mais para o INSS para garantir uma boa aposentadoria. Saiba mais na Gazeta do Povo | Marcelo Andrade/Arquivo
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Quem é autônomo tem de guardar mais dinheiro e contribuir mais para o INSS para garantir uma boa aposentadoria. Saiba mais na Gazeta do Povo| Foto: Marcelo Andrade/Arquivo Gazeta do Povo

Segundo uma pesquisa do grupo Mongeral Aegon, especializado em seguros e previdência privada, apenas 21% dos trabalhadores autônomos brasileiros estão confiantes em relação a uma aposentadoria confortável. O dado pode ser explicado pela falta de planejamento, uma vez que 34% dos entrevistados dizem guardar dinheiro com essa finalidade e só 8% afirmam ter um plano formal de aposentadoria.

Falta de planejamento não é só um problema dos brasileiros

Quanto é preciso guardar?

Como planejar a aposentadoria

O professor de finanças pessoais da UFSC e doutor em finanças comportamentais Jurandir Sell Macedo Júnior alerta que, em geral, o profissional autônomo precisa guardar mais do que o assalariado, que acaba guardando compulsoriamente via INSS e FGTS, para garantir uma aposentadoria confortável, ou seja, uma reserva que dê conta do estilo de vida atual.

Ele cita o exemplo da reserva emergencial, aquela que precisamos ter para ocasiões como quando perdemos o emprego ou estamos sem clientes. “Se no caso do assalariado uma reserva de três salários é o mínimo, para o autônomo é necessário o rendimento de seis meses. Por que? É muito comum que esses profissionais passem por grandes flutuações [períodos sem clientes]. Na falta dessa reserva, eles acabam recorrendo ao cartão de crédito e ao cheque especial, e isso é péssimo”, diz Jurandir.

No caso da terapeuta Cláudia Nejme nem o planejamento foi suficiente para garantir uma boa aposentadoria. Às vésperas de completar 60 anos, ela contribuiu para o INSS durante toda a carreira e espera dar entrada no ano que vem no processo para receber o benefício. Porém, mesmo tendo feito uma reserva financeira, ela afirma que terá de continuar trabalhando.

No caso de Cláudia, um imprevisto acabou consumindo parte da reserva de emergência e o benefício que ela prevê receber pelo INSS mal deve bastar para cobrir suas despesas básicas. “O dinheiro da aposentadoria vai ser só um troco. Isso é um décimo da minha renda”, diz.

Falta de planejamento não é só um problema dos brasileiros

Responsável pelo estudo, feito com cerca de 5 mil trabalhadores no Brasil, nos Estados Unidos e na Holanda, o superintendente de Projetos Estratégicos da Mongeral Aegon, Leandro Palmeira afirma que a situação no país não é muito diferente da do exterior. Lá fora, a falta de planejamento financeiro também é a principal deficiência, diz.

“A diferença entre um autônomo e um assalariado é a poupança forçada”, afirma Joelson Sampaio, professor de Finanças da Fecap. Ele diz que guardar dinheiro para a aposentadoria não significa necessariamente investir em previdência privada, mas fazer qualquer aplicação com o objetivo de garantir determinada renda no futuro. “Para um empreendedor, vender o negócio no futuro ou ter um imóvel também são alternativas. O problema é não ter um plano B”, explica.

O aumento do desemprego nos últimos anos dificulta a mudança de comportamento dos brasileiros em relação a poupar, uma vez que os gastos essenciais se tornaram prioridade.

Um exemplo é a inadimplência dos Microempreendedores Individuais (MEIs) — categoria mais básica de trabalhador autônomo — em relação ao recolhimento de impostos. Dados mais recentes da Receita Federal mostram que, em outubro de 2016, mais de 60% dos 6,5 milhões de cadastrados estavam inadimplentes, um total de 3,9 milhões de pessoas.

Consultor do Sebrae-SP, Silvio Vucinic diz que o imposto em dia garante a contribuição ao INSS, de modo que o trabalhador está segurado não só em relação à aposentadoria, mas também quanto a possíveis acidentes de trabalho ou, no caso das mulheres, licença-maternidade.

É preciso contribuir além do mínimo para o INSS

Outra armadilha na qual muitos profissionais autônomos caem, segundo Jurandir Sell Macedo Júnior, é o pagamento mínimo do INSS. “É bastante comum que um autônomo que tem renda de R$ 5 mil, por exemplo, contribua em cima do salário mínimo. Se ele ficar incapacitado vai receber quanto? Um salário mínimo. Ou seja, não dá para pensar em contribuir em cima do mínimo”, explica o professor de finanças da UFSC. 

Quanto devo guardar?

Para responder essa pergunta, Jurandir Sell Macedo Júnior cita o índice de “massa corporal do bolso”, que o professor e sua equipe fizeram para o Itaú Unibanco, instituição da qual ele é consultor. Em geral, o método cria uma linha de crescimento da aposentadoria com base na idade. “É como o IMC[índice de massa corporal]. Dá uma ideia, serve de guia, mas não é perfeito”, pondera ele.

O método indica que aos 35 anos, o trabalhador precisará ter guardado um ano de salário. Se a sua renda é de R$ 10 mil, então da reserva deve estar em R$ 130 mil (12 salários mais o décimo terceiro). Aos 45 anos, é preciso ter três anos de renda guardados. Aos 55 anos, seis anos, e aos 65 anos, nove anos. “Se aos 65 anos você tiver esses nove anos de renda acumulados é provável que você terá uma aposentadoria tranquila”, ressalta Jurandir.

Esse não é único método para poupar pensando no futuro. Quando o assunto aposentadoria, então, a Gazeta do Povo já tinha mostrado em abril que o quanto guardar depende muito da renda de cada um

Como planejar a aposentadoria

Carteira de investimentos

O trabalhador pode fazer aplicações financeiras voltadas para garantir sua renda no futuro. Nesse caso, títulos públicos de longo prazo são uma alternativa.

Patrimônio

Cogitar a venda do negócio, no caso do empreendedor, ou a compra de um imóvel para alugar ou vender no futuro podem ser alternativas para garantir renda na aposentadoria.

MEI

O Microempreendedor Individual (MEI) já contribui com o INSS ao pagar em dia a guia única de impostos da categoria. Ele pode usufruir de benefícios a partir de um mínimo de contribuições.

Avulso

O trabalhador que não tiver vínculo no setor privado pode fazer contribuições avulsas ao INSS. Nesse caso, pode optar por alíquotas entre 5% e 11% sobre um salário mínimo, ou 20% sobre um valor entre o piso e o teto do INSS, atualmente de R$ 5.531,31. No primeiro caso, exclui-se apenas o direito à aposentadoria por tempo de contribuição.

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