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André Horta, dono da BitcoinToYou, e seu franqueado, Luiz Farina: defensores da moeda virtual | Marcelo Andrade / Gazeta do Povo
André Horta, dono da BitcoinToYou, e seu franqueado, Luiz Farina: defensores da moeda virtual| Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo

Uma das sete comercializadoras da moeda virtual bitcoin no país, a mineira BitcoinToYou saiu na frente ao inaugurar, na terça-feira, uma loja franqueada física em Curitiba, a primeira do Brasil. Até o fim de julho, a franqueadora pretende abrir "casas de câmbio" em Santa Catarina, São Paulo, Goiânia e Brasília.

Mas, afinal, por que uma moeda virtual precisaria de um ponto físico de negociação? Para o empresário e webdesigner Luiz Farina, que investiu cerca de R$ 20 mil no ponto de venda da marca, a resposta é simples: o negócio só crescerá no Brasil com profissionalização e visibilidade.

"Não penso em lucrar antes de um ou dois anos", diz ele. A intenção de Farina é ganhar na negociação da moeda – como qualquer casa de câmbio faria –, mas também convencer empresários curitibanos a aceitarem bitcoins como pagamento com a mesma frequência vista em países como Estados Unidos, China e Japão. "Quero dar consultoria a empresários para que eles vejam a vantagem especialmente no ramo hoteleiro, que atende clientes estrangeiros", afirma. Assim que "300, 400 empresas" adotarem a moeda é que a casa fará sua escalada, prevê Farina.

Hoje, nenhum grande varejista ou prestador de serviço que atua no Brasil aceita bitcoins, mas usuários avaliam que a moeda tem um bom espaço para conquistar antes de correr o risco de surgir uma bolha financeira – como ocorreu na China, no fim de 2013 – ou se tornar alvo de regulação, com a cobrança de impostos e taxas. No Brasil, a negociação de moeda virtual é considerada incipiente pelo Banco Central (BC), o que, para o órgão, não faz dela ainda uma ameaça ao sistema financeiro.

Os compradores brasileiros de bitcoins são, em geral, investidores – compram a moeda em baixa para vender em alta, em atuação similar à dos doleiros – e pessoas que negociam no exterior com frequência. Farina, por exemplo, envia dinheiro ao filho mais velho, que vive nos Estados Unidos, por meio das carteiras de bitcoins. Ele também compra de fornecedores chineses com a moeda virtual – está prestes a abrir uma loja virtual – e recebe em bitcoins por trabalhos de webdesign.

Câmbio

A lógica da loja de bitcoins é a mesma da de uma casa de câmbio. Para comprar e vender a moeda, o cliente precisa manter uma carteira de bitcoins, que pode ser administrada até via celular. As cotações da moeda mudam conforme o negociador. Ontem, pela cotação na BitcoinToYou de Curitiba, uma bitcoin valia R$ 1.487.

As compras de moeda podem ser feitas por cartão de débito, crédito ou dinheiro. Em até um dia útil a bitcoin é creditada na carteira do comprador. O mesmo prazo vale para as compras feitas com a moeda.

No primeiro dia, a loja curitibana, instalada na Rua Visconde do Rio Branco, negociou R$ 700 – cerca de 0,47 bitcoins. A capacidade de negociação diária é de R$ 30 mil por cliente.

BC diz monitorar evolução da moeda

Em outros países, o negócio de bitcoins enfrentou reveses nos últimos anos. O Japão, que já regula esse mercado, pensa em apertar as normas depois da falência da Mt. Gox, uma gestora de plataformas de negociação de bitcoins que hoje passa por liquidação judicial para tentar compensar clientes. A empresa alega ter sido vítima de hackers. Nos Estados Unidos, um estudo de economistas da assessoria do congresso americano sustentou que a moeda pode se transformar em um entrave ao poder de controle do banco central do país.

A posição do Banco Central brasileiro se mantém a mesma desde fevereiro, quando uma nota oficial sobre o assunto foi divulgada. O órgão afirma que o negócio está sendo monitorado. O BC também alerta negociadores de que iniciativas tomadas por outros países torna o mercado instável a ponto de o preço do bitcoin mudar com frequência.

O dono da BitcoinToYou, André Horta, afirma que a negociação física tem a vantagem de minimizar a atuação de golpistas virtuais. Ele acredita que, no Brasil, a regulação não deve vir antes do fim de 2015. Para Horta, normas poderiam trazer mais transparência ao mercado.

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