• Carregando...
Em fim de carreira, o metrossexual David Beckham não impressiona mais, mesmo cuidando bem da pele | Stephen Hird/Reuters
Em fim de carreira, o metrossexual David Beckham não impressiona mais, mesmo cuidando bem da pele| Foto: Stephen Hird/Reuters
  • O polivalente George Clooney: depois de ubersexual, foi elevado a ícone neossexual

A imagem do metrossexual está desgastada – e não há creminho que dê jeito. O homem do momento, e preferido das mulheres, é um "machão" que não perdeu os traços de sensibilidade. Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada pelo Instituto Dataclaros para a marca de desodorantes Axe, da Unilever, que tinha como proposta decifrar as preferências femininas. Foi a partir dela que se chegou a mais nova denominação "fashion-mercadológica" para o público masculino: os neossexuais.

Segundo o estudo, a imagem do metrossexual cansou. O homem do momento é forte e determinado, sabe o que quer, vai atrás e consegue. A pesquisa ouviu mais de 2,8 mil mulheres, entre 18 e 35 anos, de 14 países, entre eles o Brasil. "As mulheres querem uma masculinidade mais evoluída. Elas rejeitam qualquer comportamento que apague as diferenças. Não gostam, por exemplo, que eles demorem muito para se arrumar quando vão sair, especialmente quando estão usando os produtos de beleza dela", resume a gerente de marketing da marca Axe, Elisabete Lemos. "Elas querem reconquistar algumas tradições."

Essa nova percepção tira os holofotes de cima dos metrossexuais – aqueles vaidosos, que fazem as unhas, depilação e gastam boa parte de seus salários com cosméticos e tratamentos de beleza. O conceito foi usado pela primeira vez em 1994 em um artigo do escritor britânico Mark Simpson e, em inglês, combina as palavras metrópole e sexual.

De lá pra cá, esses homens narcisistas ganharam carinho especial da indústria dos mais variados segmentos e, claro, do mercado publicitário no mundo todo. Prova disso é o aumento da oferta de produtos e serviços de beleza para homens. A tendência é que agora os olhos da indústria e da publicidade se voltem para esse "machão" que manda flores.

Foi o que fez a Axe. Com base nessa nova tendência a marca desenvolveu o desodorante Instinct, com aroma que lembra couro, e uma campanha publicitária que tem como personagem principal um homem das cavernas que se transforma em um rapaz másculo e sensual – e "adorado pelas mulheres", diz Elisabete.

Nomes

Essas denominações surgem, em geral, da observação de alguma tendência, e dão suporte à criação de novos produtos. "Se ignorarmos esse tipo de mudança, de evolução, corremos o risco de deixar a marca ultrapassada", diz a gerente. "O que buscamos é identificar o que as pessoas estão construindo na cabeça, os comportamentos que estão por aí, e trazer para elas algo mais formatado."

Para o empresário Fernando Capoani, pesquisas e definições como esta tornam a relação com o cliente muito mais "assertiva". "Essas percepções são fantásticas. Ajudam a identificar seu público e o que realmente interessa para ele", diz o empresário, dono das lojas Capoani e que trabalha com moda masculina desde 1991. "É uma evolução das coisas, não um modismo."

Mas ele não tem dúvidas que essas definições também ajudam a vender. "Você olha e se identifica. Quer aquilo para você também." A onda metrossexual, diz Capoani, ajudou a quebrar alguns preconceitos masculinos – como o de circular pela loja, escolher e provar várias peças.

Para o empresário, a grande diferença entre o metrossexual e o neossexual é a maturidade. "Vejo o neossexual como um cara que aprendeu com a experiência. Que se cuida também, mas compra de forma mais racional."

Ícones

Quando o termo metrossexual ganhou a mídia, o jogador de futebol David Beckham foi elevado ao posto de ícone do estilo. Pouco tempo depois, coube aos atores americanos George Clooney e Brad Pitt o título de representantes oficiais dos "ubersexuais" – uma tendência de masculinidade mais perto do "homem tradicional", na opinião dos autores do livro "The Future of Men" (O futuro dos homens), Marian Salzman, Ira Matathia e Ann O’Reilly, espécie de "gurus" do setor publicitário.

E quem seria então o ícone do neossexual? A gerente de marketing da Axe arrisca como palpite novamente o ator George Clooney. "Ele tem essa questão da virilidade associada à sensibilidade. E é adorado pelas mulheres."

Ricardo dos Reis, da agência de tendências WGSN, diz que as referências estão nos "heróis" dos anos 80. "O grande barato na mídia é que essa nova tendência vai trazer referências mais antigas, como Rocky [O lutador] e Indiana Jones, mais vendáveis que os metrossexuais em termos de entretenimento."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]