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Em pouco mais de um ano e meio, foram quase 60 fusões e aquisições de empresas no Paraná. |
Em pouco mais de um ano e meio, foram quase 60 fusões e aquisições de empresas no Paraná.| Foto:

Fusões e aquisições de empresas ocorrem aos montes, e muitas passam despercebidas. Do início de 2014 até junho deste ano, foram quase 60 no Paraná – mais de três por mês, em média, segundo pesquisa da KPMG. Mas, nos últimos tempos, esse tipo de transação ganhou destaque: houve uma série de vendas de grandes companhias com sede no estado, com marcas consolidadas em seus setores, e algumas bem conhecidas do público consumidor.

INFOGRÁFICO: confira detalhes das principais negócios envolvendo empresas do Paraná

Desde janeiro do ano passado, foram vendidas três das dez maiores empresas do estado: a concessionária de ferrovias ALL, a operadora de telecomunicações GVT e, no início deste mês, a filial brasileira do banco HSBC. Também foram negociadas a Providência, maior produtora de não tecidos da América Latina; a Neodent, principal fabricante latino-americana de implantes dentários; e a Britanite, dona de quase metade do mercado brasileiro de explosivos para grandes obras. A mais recente da lista é a Bematech, líder nacional em automação comercial, que deve ser incorporada à Totvs.

Isso significa que as firmas paranaenses estão mal das pernas ou têm problemas de gestão e, por isso, são passadas adiante? Ou, pelo contrário, andam tão bem que despertam o interesse de investidores? Ou será que, independentemente da situação financeira, lhes falta escala para competir no mercado nacional ou para resistir ao apetite de multinacionais que querem ganhar terreno no Brasil?

BOM OU RUIM?

As pessoas não costumam ver com simpatia empresas locais passando às mãos de “forasteiros”: o estado deixa de ser o centro de decisões e demissões são comuns. Mas os consultores empresariais têm visão mais otimista. “Numa fase inicial, pode ter algum impacto negativo. No médio prazo, a conta é positiva. Quem compra traz mais musculatura para potencializar o negócio, que tende a gerar mais emprego, mais renda, mais tributos”, diz Gilson Faust, da Pactum.

Cada caso é um caso, respondem consultores da área. Para eles, a onda de operações com marcas destacadas do estado não tem a ver com problemas no ambiente de negócios local nem com eventuais deficiências no “jeito paranaense” de administrar. Exceções à parte – como a decisão do HSBC de sair do país, causada em grande parte por erros do próprio banco –, a questão está mais ligada às estratégias de expansão dos compradores e até dos vendedores, que eventualmente veem na entrada de um sócio a melhor opção para a empresa.

“O fator local é importante quando se trata, por exemplo, de um varejista de outra região que busca se estabelecer no Sul do país, ou de uma operação em que a questão logística é importante”, diz Eduardo Navarro, diretor da área de consultoria da KPMG no Brasil. “No caso das empresas vendidas, muitas estavam em posição muito favorável em seus setores e isso foi determinante para a atração de compradores.”

Para Gilson Faust, diretor da Pactum Consultoria Empresarial, boa parte das grandes companhias paranaenses vendidas de 2014 para cá ganharam evidência por seu potencial de crescimento. “Na crise, o dinheiro não deixa de existir. Ele muda de mãos. Neste momento, há players capitalizados, alguns estrangeiros ou com acesso a financiamento internacional, que estão avaliando opções de compra. Nesse cenário, as empresas bem posicionadas, e há algumas no Paraná, entram na mira”, diz.

Número de transações aumentou em 2015

O Paraná teve 21 aquisições ou fusões de empresas no primeiro semestre, três a mais que no mesmo período de 2014. O número foi também o maior da Região Sul – em Santa Catarina, a quantidade de negócios diminuiu de 15 para 13 e, no Rio Grande do Sul, de 17 para 13. Em todo o país, houve pequena baixa, de 406 para 401.

Para Luís Motta, sócio-líder de Fusões e Aquisições da KPMG, o crescimento “é uma grande conquista para o Paraná”, uma vez que, quando há crise, em geral há menos transações. Se por um lado os “preços” das empresas caem em épocas de recessão, por outro os compradores ficam mais reticentes. “O risco fica maior, perde-se a visão de longo prazo. E o crédito para a aquisição fica mais escasso e caro.”

Melhor está a situação do investidor estrangeiro, que, com a desvalorização do real, pode gastar menos na compra de uma empresa brasileira. “Para quem já estava interessado em entrar no país, ou expandir sua atuação, abriu-se uma janela muito boa”, avalia.

Problemas de caixa

Gilson Faust, diretor da Pactum Consultoria Empresarial, conta que, enquanto no cenário das grandes empresas os negócios ocorrem mais por questões estratégicas, entre pequenas e médias há uma série de transações provocadas por problemas de caixa. “Vender a empresa ou parte dela, nesse caso, é ferramenta para garantir a continuidade do negócio”, diz.

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