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A equipe do DroneMapp, liderada por Tagôre Cardoso: inovação. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
A equipe do DroneMapp, liderada por Tagôre Cardoso: inovação.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Independentemente de seu endereço ou ocupação, é bastante provável que, nos próximos anos, você conheça alguém que esteja fazendo dinheiro com drones. Estudo da consultoria PwC divulgado neste mês mostra que o crescente mercado das pequenas aeronaves controladas à distância vai movimentar uma cifra de US$ 127 bilhões já em 2020 –valor que virá não da venda dos aparelhos, mas da infinidade de serviços que serão prestados por empresas e profissionais autônomos com os drones, em todo o mundo.

INFOGRÁFICO: Confira os negócios que mais serão beneficiados com drones nos próximos anos.

A estimativa foi calculada com base no faturamento dos negócios que serão substituídos pelas aplicações com aeronaves. Conforme o estudo da PwC, entre as principais áreas que serão foco dos serviços estão infraestrutura e agricultura, que, juntas, devem movimentar US$ 77,6 bilhões. Outros mercados menos familiarizados com a tecnologia também estão no radar da consultoria (e de empresários do ramo), como mineração, seguros e telecomunicações.

Regulamentação

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) apresentou uma primeira proposta de regulamentação para a operação de drones em setembro do ano passado, que foi colocada em audiência pública. Em linhas gerais, as normas vão dividir as aeronaves em três categorias, conforme o peso: aqueles com até 25 quilos, de 25 a 150, e com mais de 150 quilos. Na prática, drones maiores terão mais restrições e exigências para voar. As operações comerciais terão de ser autorizadas pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), conforme instrução do órgão publicada no fim de 2015. A expectativa é que a regulamentação da Anac entre em vigor em agosto, antes dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro.

“Os drones estão fazendo a transição para deixarem de ser uma mera novidade e se tornarem uma ferramenta de negócio indispensável”, resume o diretor da divisão de soluções com drones da PwC, Michal Mazur. A julgar pelo número crescente de vendas, muitos já partilham da visão do executivo: segundo a BI Intelligence, braço de pesquisas da Business Insider, as fabricantes dos aparelhos lucraram US$ 8 bilhões ano passado, cifra que deve subir para US$ 12 bilhões nos próximos cinco anos.

Pilotos amadores e profissionais têm se beneficiado dos aparelhos mais em conta e acessíveis, resultado do barateamento da tecnologia e de uma maior concorrência no mercado. Ano passado, por exemplo, havia mais de 200 fabricantes de drones no mundo – um número e tanto considerando que, há apenas dez anos, companhias produziam as aeronaves quase que exclusivamente para uso militar.

“Ainda não descobrimos 5% do potencial deste mercado. As melhorias que os drones trazem nos trabalhos de engenharia, monitoramento e fiscalização, por exemplo, podem reduzir o custo com estes serviços em até 85%. Além disso, o capital inicial necessário para investir em uma empresa com drones para esses fins é menos de 10% do que se colocaria num negócio tradicional”, pontua o professor Luiz Carlos Balcewicz, um dos coordenadores da pós-graduação “Vants e drones em aplicações civis e comerciais”, ofertada pela PUCPR.

O curso de especialização, que iniciou sua primeira turma em abril, conta com mais de 60 alunos matriculados, de dez estados brasileiros e até mesmo da Colômbia.

Espera

A expectativa é que novas empresas e aplicações surjam por aqui após a regulamentação do uso de drones pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), aguardada desde o ano passado – em entrevista à Gazeta em março, o gerente técnico de processos normativos da agência, Roberto Honorato, reforçou que o principal foco das normas é viabilizar as operações comerciais.

“Essa demora gera dúvidas e está segurando o mercado. Hoje, muitas aplicações estão sendo testadas e desenvolvidas para que contratos maiores enfim possam ser fechados quando a regulamentação sair”, afirma o engenheiro cartógrafo Emerson Granemann, idealizador da feira de negócios DroneShow, voltada para o setor.

Startup curitibana cria plataforma para processar imagens captadas com aeronaves

Para aqueles pouco familiarizados com os drones, os vídeos e as fotografias aéreas captadas pelos aparelhos são o principal atrativo da tecnologia. A utilidade das aeronaves, porém, vai muito além e encontra um importante nicho de negócio no ramo de mapeamento e inspeção industrial – área que é foco de atuação da startup curitibana DroneMapp.

Fundada em 2015 pelo desenvolvedor autodidata Tagôre Cauê Cardoso, a startup começou trabalhando exclusivamente junto ao ramo de mineração, mas decidiu expandir suas atividades ao dar de cara com a grande demanda pelos drones. O principal diferencial da DroneMapp não é captar as imagens com as aeronaves, mas sim oferecer uma plataforma exclusiva na nuvem onde pilotos profissionais e empresas podem solicitar o processamento dos vídeos e fotos – para que eles se transformem, por exemplo, em modelos 3D – e manter ali os arquivos.

Assim, a startup pode ser contratada para fazer o serviço de voo, ou somente para oferecer a plataforma. Cada processamento custa em torno de R$ 250 e há uma mensalidade para hospedar os dados na nuvem. Além do custo mais em conta, a empresa ganha em praticidade: um trabalho de topografia que levaria 16 horas para ser feito pode ser concluído em apenas uma hora com o drone, utilizando fotogrametria.

“Nos preocupamos muito com a qualidade do serviço e a precisão das informações. E agora a demanda está aparecendo mesmo sem termos um esforço de vendas ou gastar com marketing. É muito no boca a boca”, relata Cardoso.

Por enquanto, 2016 tem sido generoso para os cinco integrantes da DroneMapp. A startup garantiu recentemente seu maior contrato até então, com a empresa de regularização fundiária Terranova, para mapear 6 mil terrenos. E, mês passado, recebeu um aporte do grupo de investidores Curitiba Angels – o valor não está sendo divulgado, mas vai ser usado na aquisição de hardware e para dar musculatura financeira para o negócio.

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