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Fábrica de motores na região metropolitana de Curitiba. A indústria é um dos principais vilões do fraco crescimento  do país | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Fábrica de motores na região metropolitana de Curitiba. A indústria é um dos principais vilões do fraco crescimento do país| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Reação

Brasil cai em ranking internacional de otimismo empresarial

Folhapress

Os empresários brasileiros estão ficando menos otimistas. É o que mostra levantamento feito pela consultoria internacional Grant Thornton. Segundo o relatório, que é feito trimestralmente, 61% dos executivos entrevistados no Brasil se declaram otimistas com relação às perspectivas da economia do país para os próximos 12 meses – é uma queda de 25 pontos porcentuais com relação ao levantamento feito no primeiro trimestre deste ano.

Com isso, o Brasil caiu da segunda para a oitava posição no ranking das nações mais otimistas com os negócios. A pesquisa é feita com 11,5 mil empresas em 40 países.

Peru (96%), Chile (90%), Filipinas (90%), Geórgia (83%), Canadá (70%), Índia (67%) e África do Sul (63%) encabeçam a lista. Na outra ponta, estão Espanha (-66%), Grécia (-58%), Holanda (-46%) e Japão (-41%), liderando as perspectivas negativas.

Apesar da queda acentuada, o Brasil ainda está bem posicionado, e segue com uma porcentagem ainda duas vezes maior que a média global, que subiu de 19% para 23% do primeiro para o segundo trimestre.

Números

• Dólar a R$ 1,95 é o que boletim do BC prevê para o fim deste ano. Na semana passada, a moeda norte-americana subiu 0,5%, atingindo uma alta de 9% em 2012. O dólar é influenciado, principalmente, pela crise europeia e pela desaceleração chinesa.

• Selic a 7,5% ao ano é a previsão do mercado financeiro para a taxa básica de juros neste ano. Para 2013, a aposta é de que a Selic fique em 8,5% ao ano. Na quarta passada, o Copom reduziu a taxa de 8,5% para 8,% ao ano, uma nova mínima histórica.

A projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do boletim Focus – pesquisa com analistas financeiros divulgada toda semana pelo Banco Central (BC) – foi mais uma vez revisada para baixo, ontem. Agora, a previsão de expansão da economia brasileira em 2012 está em 1,90%. Na semana passada, a projeção do mercado era de 2,01%. Esta foi a décima semana seguida em que o índice foi revisado para baixo.

Rompida a barreira dos 2%, especialistas acreditam que as projeções podem ser rebaixadas novamente nas próximas semanas.

No mês passado, os economistas do Credit Suisse reduziram de 2% para 1,5% a projeção de crescimento para a economia brasileira em 2012. Na oportunidade, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, desdenhou a projeção da instituição financeira suíça. "É uma piada", disse Mantega. Em maio, o ministério estimou que o PIB cresceria 4%. Mas para alcançar este número, a economia brasileira precisaria registrar crescimento anualizado de 17% no segundo semestre.

Novas baixas

O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, afirma que a previsão do PIB deve baixar ainda mais, em função da baixa confiança na retomada da economia brasileira. A consultoria estima que o crescimento fique em 1,5% no ano. "Não é apenas por conta da crise externa, mas pela falta de reformas da economia. A indústria não cresce na mesma margem desde 2010, antes do pior da crise lá fora começar", explica. Ele conclui que a crise externa foi um elemento para piorar ainda mais o cenário doméstico, começando a atingir os serviços também.

Thaís Zara, economista-chefe da Rosenberg & Associados, confirma o sentimento. A consultoria revisou a sua projeção de 2,3% para 1,7%. Na avaliação de Thaís, as projeções para este ano continuarão sendo revisadas por conta do ambiente internacional. "A Europa se mantém estável, mas continua na UTI".

A revisão da projeção de alta da economia chinesa também preocupa. O economista Pedro Ramos, do Banco Sicredi, ressaltou que o ideal para um país exportador de commodities como o Brasil seria que a China tivesse um crescimento de 9%. Na sua avaliação, os chineses crescendo menos pode significar preços mais baixos das commodities, já que o país é um referencial para a definição dos preços internacionais.

Segundo o economista Lucas Dezordi, professor de Macroeconomia do FAE Centro Universitário, a desaceleração da economia brasileira é natural e um crescimento de 1,8% seria normal para que a média de 4% ao ano, desde 2010, fosse mantida.

Ele afirma que o governo federal tem margem de manobra para promover uma retomada a partir do último trimestre do ano. "É possível aumentar o nível de investimentos. Em um cenário de menores juros, a administração estatal tem fôlego para aumentar o gasto com estrutura, o que puxaria o PIB", afirma. Ele acredita, também, que a política de incentivo ao consumo não está esgotada e ainda pode apresentar resultados.

Produção industrial

Apontada como um dos maiores vilões, a produção industrial teve a sétima revisão negativa publicada pela pesquisa Focus. A estimativa de crescimento do setor ficou em 0,09%. Há um mês, a projeção era de 0,63%. O boletim do BC prevê, também, que a Selic deve fechar 2012 a 7,5% e o dólar, a R$ 1,95.

FMI vê maior fragilidade na economia global

Agência O Globo

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu de 3,1% para 2,5% a projeção de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2012, segundo a atualização do relatório "Projeções para a Economia Mundial", divulgado ontem. O corte foi um dos mais amplos entre as principais economias analisadas. No entanto, o Fundo elevou de 4,1% para 4,6% a expectativa de alta do PIB brasileiro em 2013, como reflexo das medidas de estímulo que estão sendo tomadas.

Segundo a equipe do economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, após um primeiro trimestre de sinais animadores, a economia global voltou a apresentar sinais de fraqueza entre abril (quando o relatório anterior fora divulgado) e junho e os riscos "permanecem muito elevados". As principais contribuições foram a nova onda de tensão financeira na zona do euro e sua periferia e a desaceleração das economias emergentes. A projeção para o crescimento global em 2012 foi revista de 3,6% para 3,5% e em 2013, de 4,1% para 3,9%. O ajuste foi pequeno porque o primeiro trimestre registrou resultados melhores do que o FMI projetava. O Fundo alerta, porém, que a situação econômica global é frágil e "essas previsões se apoiam em duas hipóteses importantes: que haverá medidas suficientes para permitir a descompressão gradual das condições financeiras na periferia da zona do euro e que as políticas expansivas nas economias emergentes ganharão tração".

Principal economia emergente, a China teve sua expansão revisada para baixo tanto em 2012 — de 8,2% para 8,0% — como em 2013 — 8,8% para 8,5%. Entre os países ricos, o FMI manteve inalterada a previsão de contração de 0,3% na economia da zona do euro e reduziu de 0,9% para 0,7% a expansão do próximo ano. Os EUA tiveram a previsão de PIB diminuída de 2,1% para 2% em 2012 e de 2,4% para 2,1% em 2013. O relatório do FMI alerta para a necessidade de um compromisso na implementação rápida de políticas que visem a tirar os países da crise ou a evitar criar novos pontos de tensão para a economia global, tanto nas nações ricas quanto nas emergentes.

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