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O ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, 54, anunciou nesta segunda-feira (6) sua renúncia ao cargo, pouco mais de 12 horas após o encerramento da votação no plebiscito em que 61% dos eleitores disseram “não” a mais medidas de austeridade fiscal exigidas pela União Europeia.

A substituição de Varoufakis parece ser o primeiro movimento do governo grego no tabuleiro das negociações que se reiniciam nesta semana sob tremenda pressão. Sem nova ajuda do Banco Central Europeu (BCE), os bancos gregos podem ver suas reservas, estimadas em 1 bilhão de euros no final da semana passada, evaporarem em poucas horas se as agências reabrirem nesta terça (7).

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O BCE se reúne nesta segunda para decidir se estenderá a liquidez dos bancos gregos. Desde a segunda-feira passada (29) os gregos só podem sacar 60 euros por dia dos caixas automáticos. Os bancos foram fechados, e reabriram apenas para o pagamento de pensões de aposentados, com saques limitados a 120 euros semanais.

A saída de Varoufakis deve facilitar a retomada das negociações com os líderes dos demais 18 países que integram a zona do euro. De estilo desafiador, Varoufakis ganhou a inimizade dos negociadores alemães. Durante o fim de semana, ele acusou os credores de “terrorismo”.

Varoufakis publicou em seu blog, na manhã desta segunda (madrugada em Brasília), que havia tomado conhecimento da “preferência de certos membros do Eurogrupo e parceiros variados” por sua ausência nas negociações. Segundo ele, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, concordou com a ideia de que sua ausência seria potencialmente benéfica para que se chegasse a um acordo.

“Considero meu dever ajudar Alexis Tsipras a explorar, como ele considere melhor, o capital que o povo grego nos concedeu no referendo”, disse Varoufakis.

Ele havia anunciado que renunciaria em caso de derrota no plebiscito, mas a saída após uma vitória política contundente causou surpresa.

Eurogrupo espera novas propostas da Grécia para a reunião desta terça-feira

Os ministros de Economia e Finanças da zona do euro, o Eurogrupo, esperam novas propostas da Grécia para a reunião desta terça-feira (7), anterior à cúpula extraordinária de líderes europeus, indicou um comunicado comunitário divulgado nesta segunda-feira (6).O Eurogrupo, que começará às 11h (8h em Brasília), “debaterá a situação após o referendo n

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Perfil

Economista marxista e especialista em teoria dos jogos, Varoufakis jogou duro contra a “troica” formada pelo BCE, pela Comissão Europeia e pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) desde sua nomeação, em 27 de janeiro, com a vitória do Syriza.

O principal motivo de irritação dos dirigentes do Eurogrupo durante as negociações interrompidas há dez dias, quando o primeiro-ministro Tsipras convocou o plebiscito, teria sido a insistência de Varoufakis em um acordo para o perdão de parte da dívida grega.

Em seu discurso na noite de domingo, após a vitória, Tsipras adotou tom conciliatório, prometendo a retomada das negociações, mas voltou a falar que será necessária a redução da dívida, que já atingiu 177% do PIB do país.

A posição do governo grego foi reforçada pela divulgação de relatório do FMI na semana passada afirmando que a dívida grega não tem sustentabilidade.

Espera-se que agora Tsipras nomeie uma equipe econômica com perfil menos controvertido, tentando avançar rapidamente na construção de um acordo que permita à Grécia continuar na zona do euro.

Um porta-voz do governo informou que Tsipras agradece os esforços de Varoufakis em circunstâncias muito difíceis. O nome do substituto é esperado ainda nesta segunda, após uma reunião dos líderes políticos do país.

Bolsas

Os mercados operavam em baixa na manhã desta segunda (6). O euro, no entanto, registrava alta após o anúncio do pedido de demissão de Varoufakis, cotado a US$ 1,108.

A Bolsa de Paris operava em baixa de 2,06%, Madri perdia 2,41%, Frankfurt estava em queda de 2,11% e Milão de quase 3%. Londres operava em queda de 1,07%.

Na Ásia, a Bolsa de Tóquio fechou em baixa de 2,08%, Seul perdeu 2,40% e Hong Kong registrou forte queda de 3,18%. Na Oceania, Sydney caiu 1,14% e Wellington 1,10%.

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