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A Petrobras já bloqueou a participação de diversos fornecedores, envolvidos na investigação em contratos futuros | Antonio Lacerda/Efe
A Petrobras já bloqueou a participação de diversos fornecedores, envolvidos na investigação em contratos futuros| Foto: Antonio Lacerda/Efe

Em relatório divulgado nesta terça-feira (3), a agência de classificação de risco Moody’s, que na semana passada rebaixou a nota da Petrobras para grau especulativo, alerta que as investigações da Lava Jato trazem preocupação aos bancos expostos à estatal, seus fornecedores e as indústrias do segmento de petróleo, gás e construção. De acordo com a Moody’s Investors Service, os maiores riscos são dos bancos públicos, que poderiam ser obrigados pelo governo brasileiro a oferecer à Petrobras e seus fornecedores ‘suporte para evitar uma crise de crédito’.

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“A investigação na Petrobras poderia exacerbar a situação para os bancos brasileiros, uma vez que as expectativas para crescimento do crédito em 2015 já eram modestas”, afirmou Celina Vansetti-Hutchins, diretora da Moody’s.

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Segundo a diretora, “qualquer aumento nas provisões dos bancos contra perdas relacionas à Petrobras e aos seus fornecedores, assim como aos setores de petróleo e gás e de construção, poderia prejudicar lucros e levar a um aperto das condições de crédito, o que poderia ter repercussões na economia brasileira.”

Crédito restrito

Com o aumento da exposição dos bancos às indústrias de óleo e gás e de construção nos anos recentes, a incerteza trazida pelo esquema de corrupção na estatal tem levado bancos a limitarem financiamento para os dois setores, tentando identificar quais empresas são as mais vulneráveis, de acordo com o relatório “Petrobras Contagion Risks for Banks Extend to the Broader Oil and Gas Sector”.

A Petrobras já bloqueou a participação de diversos fornecedores, envolvidos na investigação em contratos futuros, destacando o risco de contágio para bancos com exposições nestes setores. Mas, a expectativa da Moody’s é que os bancos deverão continuar financiando a Petrobras, que tem performance operacional relativamente sólida e a expectativa de provável apoio do governo. A agência de classificação de risco também nâo vê a possibilidade de insolvência dos bancos, já que tem uma carteira de crédito diversificada.

Pressão

De acordo com a Moody’s, a Petrobras tinha em janeiro US$ 57 bilhões em papéis no exterior e US$ 80 bilhões em empréstimos e começou o ano com US$ 25 bilhões em caixa. Num cenário em que as dívidas da estatal cresçam, empresas que fazem negócio com a empresa podem dar calote e quebrar em larga escala.

Nesse contexto, os bancos precisariam executar suas garantias, com consequências ao sistema financeiro. Esse risco aumenta a pressão para que o governo aja, obrigando bancos públicos e privados a ajudar esses setores com financiamentos.

Mesmo assim a Moody’s reconhece que a Petrobras enfrenta pressões de liquidez no curto prazo, em parte devido às investigações da Lava Jato e por causa do atraso em publicar seu balanço. No último dia 24 de Fevereiro, a Moody’s rebaixou o rating de divida sênior da Petrobras para Ba2, de Baa3, não apenas pelas preocupações com o risco de liquidez, mas também pela expectativa de que a empresa poderia ter dificuldade em reduzir seu elevado endividamento ao longo dos próximos anos.

Procurados para informar sua exposição às empresas investigadas na Lava Jato, a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil e o Itaú-Unibanco não quiseram comentar o assunto. O Bradesco não respondeu à solicitação.

Para o analista de bancos da consultoria Lopes Filho, João Augusto Salles, os próximos balanços dos bancos deverão mostrar aumento de provisionamento por causa das empresas da Lava Jato. Embora o analista também não veja risco de insolvência dos bancos, ele acredita que certamente haverá impacto na rentabilidade dessas instituições.

“As carteiras dos bancos são robustas, somam mais de R$ 500 bilhões e são diversificadas, o que afasta o risco de insolvência. Mas as investigações da Lava Jato certamente trarão impacto na rentabilidades dessas instituições, que terão que aumentar suas provisões”, afirma o analista.

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