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O levantamento, realizado em fevereiro, considera que há 12,3 milhões de pessoas vivendo nessas comunidades em todo o país | Pilar Olivares/Reuters
O levantamento, realizado em fevereiro, considera que há 12,3 milhões de pessoas vivendo nessas comunidades em todo o país| Foto: Pilar Olivares/Reuters

Os moradores das favelas brasileiras movimentam R$ 68,6 bilhões por ano, segundo uma pesquisa feita pelo instituto Data Favela, com apoio do Data Popular e da Central Única das Favelas (Cufa). O levantamento, realizado em fevereiro, considera que há 12,3 milhões de pessoas vivendo nessas comunidades em todo o país.

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Na pesquisa anterior, conduzida em outubro de 2013, os moradores de favelas movimentavam R$ 63,17 bilhões por ano. Houve evolução na aquisição de bens de consumo, a reboque do aumento real do salário mínimo e do emprego formal, diz o instituto.

Um dos reflexos do aumento no poder aquisitivo é a posse de bens duráveis. Nove em cada dez moradores de favelas possuem telefone celular, sendo que metade deles têm smartphones. Sete em cada dez casas ostenta uma televisão de alta tecnologia. Metade dos lares possui computador.

“Você tem um processo de formalização grande do trabalho, 53% dos trabalhadores das favelas possuem carteira assinada. Por mais que o Brasil esteja em um período de crise, o emprego formal garante acesso ao décimo terceiro salário, fundo de garantia. A crise não está subindo o morro ainda”, afirmou Renato Meirelles, presidente do Data Popular.

Como esses trabalhadores costumam receber salários mais baixos, a política de valorização do salário mínimo também tem resultado em ganho real expressivo da renda, a despeito da pressão da inflação sobre o orçamento dessas famílias.

“Um terço da mão de obra feminina da favela é empregada doméstica, categoria que teve ganho de renda 40% maior do que a média nos últimos dez anos. Na construção, setor que mais emprega dentro da favela, o aumento salarial foi 36% a mais do que a média”, lembrou Meirelles.

Produtos

Atualmente, 67% dos lares já são equipados com televisões de plasma, LED ou LCD. Menos de um ano e meio atrás, 46% dos domicílios das comunidades tinham esses aparelhos. A pesquisa também mostra elevação na aquisição de máquinas de lavar roupa, carros e motocicletas. Hoje, 75% das casas têm máquina de lavar roupa, contra 69% em 2013.

Além disso, 24% dos domicílios possuem carro, ante uma fatia de 20% na pesquisa anterior. No caso das motocicletas, a evolução foi menor: 14% dos habitantes em 2015, contra 13% em 2013.

“São dois públicos responsáveis pelo aumento do poder aquisitivo na favela: os jovens de 14 a 29 anos, porque 73% deles estudaram mais que os pais; e também as mulheres, que já chefiam 46% dos lares na favela, contra um total de 38% no total do Brasil”, apontou Meirelles.

Endividamento

No entanto, a pesquisa aponta que os moradores nas favelas estão mais endividados atualmente do que há dois anos: 35% das pessoas atualmente têm dívidas, contra uma parcela de 27% de endividados em 2013. Por outro lado, a fatia de inadimplentes permaneceu estável em relação ao levantamento anterior: 22% mantêm alguma conta atrasada há mais de 30 dias.

“O crescimento do emprego formal aumentou o acesso ao crediário, por isso que a favela está mais endividada. Mas é um endividamento saudável, tanto que não teve aumento na inadimplência”, disse o presidente do Data Popular.

O levantamento ouviu dois mil moradores em 63 favelas de dez regiões metropolitanas: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Curitiba, Porto Alegre e Brasília.

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