• Carregando...
 | Marcos.Suguio/Divulgação
| Foto: Marcos.Suguio/Divulgação

A empresa brasileira de cosméticos Natura iniciou, em 2010, um movimento de abertura da sua área de inovação que em alguns anos se transformou em uma rede de pesquisa e desenvolvimento que envolve universidades e startups. Com a criação da Diretoria de Gestão e Redes de Inovação, a empresa incluiu o conceito de redes na sua estratégia de negócio e passou a buscar parceiros.

Através de maratonas de inovação (hackathons), editais de seleção de projetos e diversos programas que promovem a inovação compartilhada, a Natura conta, hoje, com uma rede de 200 parceiros, em média, entre startups, centros de pesquisa, institutos de ciência e tenologia e universidades. São 13 projetos em andamento, atualmente. Neste ano, o projeto cresceu para identificar startups que possam fornecer à empresa.

“A parte da gestão se refere ao planejamento estratégico da inovação na empresa, às propriedades intelectuais, ao fomento de parcerias, à inserção no sistema nacional de informação. Já a ‘Rede’ diz respeito à inovação aberta em rede, de fato. Lançar olhares e buscar atores para que, a partir de parcerias, possamos criar em conjunto”, explica a gerente da diretoria, Luciana Hashiba.

A consolidação desse novo conceito de inovação na Natura aconteceu em 2011, com a reformulação do Programa Natura Campus, criado em 2003. A empresa expandiu seu modelo de inovação aberta colaborativa - com blogs científicos para discutir temas, modelos de chamadas e os desafios da área - ao perceber que precisava aprender e se conectar com os atores ligados ao empreendedorismo, que estavam ganhando massa crítica no Brasil.

“Falamos dessa conexão em rede por acreditar muito que a partir da inteligência coletiva que se consegue fazer coisas novas. E, como vimos que não entendíamos nada disso, começamos a nos conectar com pessoas que estão nesse mundo”, comenta Hashiba. Segundo ela, as grandes empresas precisam enxergar que o ritmo das mudanças que ocorrem hoje está mais veloz.

Seguindo a estratégia, em 2012, lançaram o Desafio de Surfactantes Sustentáveis; em 2013, a Seleção de Bolsas para Gestão de Inovação na Amazônia e o Cocriando Natura - todos para buscar parcerias e fomentar uma ação conjunta.

“A cada dia, tentamos ligar esses programas a outras inovações da empresa, que não apenas as ligadas a produtos. Como inovação comercial e inovação logística, por exemplo”, explica Luciana Hashiba. Ela conta que a empresa está desenvolvendo, em parceria com a startup curitiba Já Entendi, um sistema que ajude consultores e revendedores da marca a entenderem a parte técnica dos produtos - conhecimento que será usado na hora da venda.

Em 2014, a Natura ampliou a busca por aprendizado e parceiros, e realizou 28 visitas a startups, aceleradoras e incubadoras. A intenção era colher exemplos para levar para dentro da empresa e sensibilizar a equipe. “As startups funcionam em uma velocidade que a gente tem que aprender com elas: como fazer sprints de desenvolvimento de produtos ou provas de conceitos mais rápidas, por exemplo”, comenta a gerente da Diretoria de Gestão e Redes de Inovação. As visitas renderam cinco novos projetos em parceria.

Em maio deste ano, a empresa criou o Natura Startup, uma plataforma que servirá para identificar empresas iniciantes que possam ser fornecedoras da companhia. São seis áreas de inovação em que as startups podem se inscrever, indo de tecnologias em ingredientes naturais para produtos, até embalagens que possibilitem experiências diferentes ao consumidor.

Outra ferramenta adotada pela empresa é a realização de maratonas de inovação, em que estudantes, professores, institutos, startups e demais envolvidos participam de um processo rápido, criativo e produtivo de desenvolvimento de ideias e prototipagens de soluções para o tema proposto. Duas edições já aconteceram, a última em março deste ano.

Histórico de inovação da empresa não impede novas melhorias

Por carregar o ideal de sustentabilidade, a Natura caminha nos passos da inovação desde seu surgimento. “É uma relação simbiótica: se você se propõe a ser sustentável, ou você inova ou não consegue cumprir os desafios”, reforça Luciana Hashiba.

Um dos primeiros movimentos da empresa nesse novo caminho foi o primeiro edital Natura Campus, lançado em 2003. Com o tema biodiversidade brasileira, o programa rendeu a contratação de nove projetos, envolvendo diferentes institutos de ciência e tecnologia de São Paulo. “É nosso projeto mais consolidado e que nasceu para fomentar inovação junto do meio acadêmico. Iniciamos as parcerias com professores e alunos de pós-graduação e agora, muito por causa do olhar empreendedor, expandimos para os alunos de graduação, também”, comenta Hashiba.

Nos anos seguintes, a empresa seguiu abrindo as portas para uma inovação conjunta. Em 2006, criou uma página ligada ao Natura Campus destinada a receber de projetos de potenciais parceiros em ciência e tecnologia, dentro do portal da empresa.

Tendência

Para gerente da Diretoria de Gestão e Redes de Inovação da Natura, o momento é de ampliar a rede de inovações. Apesar de ainda existirem muitas regras e normas, e que não deixarão de existir em muitos lugares, muita coisa está sendo substituída por um novo jeito de fazer. “Esse novo jeito tem a ver com colaboração, confiança, com um trabalho em rede, mas uma rede mais distribuída”, comenta Luciana.

Ela é da opinião de que a inovação aberta em rede faz perceber que as inteligências estão em todos os lugares e que é preciso juntar as pessoas para criar coisas novas. “Ainda tem muito pra acontecer a partir do do it yourself, mas estamos caminhando rapidamente pro do it together. Você só aprende, realmente, fazendo. E fazendo junto”, finaliza. (LF)

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]