• Carregando...
Centro de distribuição da Netshoes em Barueri. Empresa vai abrir capital na Bolsa de Nova York para financiar seu plano de expansão | Divulgação/Netshoes/
Centro de distribuição da Netshoes em Barueri. Empresa vai abrir capital na Bolsa de Nova York para financiar seu plano de expansão| Foto: Divulgação/Netshoes/

Depois de se tornar o maior e-commerce do Brasil no segmento de esportes, a Netshoes quer virar a principal plataforma de consumo on-line da América Latina. A empresa brasileira já atua no México e na Argentina e, nos últimos anos, diversificou seus negócios ao entrar nas áreas de moda e beleza, meios de pagamento e aplicativos móveis. Com isso, conquistou 5,6 milhões de clientes ativos e atingiu um faturamento de R$ 1,7 bilhão. Agora, para alcançar seu objetivo, vai novamente ao mercado buscar financiamento mesmo sendo um negócio deficitário.

A Netshoes entrou no dia 15 de março com um pedido de abertura de capital na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse). Ela pretende captar US$ 100 milhões com sua primeira oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês). O pedido está sendo analisado pela instituição americana.

Netshoes recorre ao capital estrangeiro enquanto não encontra o lucro

Com o novo financiamento, a Netshoes pretende continuar a ganhar escala para se tornar o principal comércio eletrônico da América Latina. Ela quer aumentar o número de usuários cadastrados em seus sites e a quantidade de clientes ativos, ou seja, aqueles que realmente compram.

Hoje, são 18,3 milhões de pessoas registradas no site da Netshoes (incluindo as operações na Argentina e México) e da Zattini (e-commerce de moda e beleza que pertence à empresa e que tem atuação somente no Brasil). Desses, 5,6 milhões são clientes ativos que garantiram uma receita de R$ 1,7 bilhão ao negócio em 2016.

A empresa também quer aumentar a visibilidade da Zattini. O site foi lançado no Brasil em 2014 e tem a atuação nos segmentos de moda e beleza. Mas o canal representa apenas 11,5% da receita da companhia no país e 55,6% da sua base de clientes é formada por pessoas que já compram na Netshoes.

Outro objetivo é agregar novas categorias de produtos aos sites da Netshoes e da Zattini. Apesar de não revelar quais seriam essas categorias, a empresa tem como premissa trabalhar com itens fáceis de transportar, com margens altas e ciclos de substituição curtos. São, atualmente, 500 marcas e 190 mil itens em estoque.

Para alcançar todos esses objetivos, a empresa continuará a investir nos seus principais diferenciais: tecnologia e marketing. A maioria das soluções que a Netshoes usa é tecnologia própria, o que lhe garante eficiência. Um exemplo é sua capacidade de enviar mais de um milhão de pedidos por mês e, em média, processar as encomendas recebidas no prazo de seis horas após a confirmação.

Ela também investe pesado em marketing e, com apenas dez anos de funcionamento do seu principal site, conseguiu se tornar o maior comércio eletrônico do país no segmento de esportes, com 5,6 milhões de clientes ativos.

“O varejo eletrônico demanda muito investimento em tecnologia e inovação”, afirma Pedro Guasti, CEO do E-bit. O estrategista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira, completa: “Você precisa ter um marketing muito ativo para manter um market share elevado”.

Netshoes recorre ao capital estrangeiro enquanto não encontra o lucro

No meio do seu plano de expansão rumo à conquista da América Latina, a Netshoes enfrenta o desafio de ser um negócio deficitário. A empresa acumula resultados negativos desde a sua fundação e, somente no ano de 2016, teve prejuízo de R$ 151,9 milhões. A explicação está no fato de ela priorizar o crescimento acelerado, com alto investimento em tecnologia e marketing, em detrimento do resultado positivo.

O modelo de negócio é considerado arriscado e os investidores brasileiros o veem com cautela. Tanto que, ao longo de sua história, a Netshoes teve que recorrer a fundos de investimento estrangeiros para manter o seu negócio funcionando. O fundo americano Tiger Global é o seu principal investidor, sendo dono de 37,78% do capital acionário da empresa.

Agora, ao buscar novamente mais dinheiro para crescer, a Netshoes optou por abrir capital em uma bolsa estrangeira. “Aqui, na Bovespa, temos só a B2W como empresa puramente de e-commerce e ela não vem tendo resultados bons nos últimos tempos. A Netshoes poderia ter dificuldade para levantar capital se fizesse IPO no Brasil. O investidor americano está mais acostumado com esse modelo de negócio”, diz Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide.

Mas até mesmo o investidor americano vê com cautela as empresas que só gastam dinheiro e não apresentam resultado. “Empresas que continuam apenas queimando caixa estão tendo valor de mercado baixo, com exceção de algumas gigantes americanas, como a Amazon”, explica Pedro Guasti, CEO do E-bit.

Por isso, até a própria Netshoes admite em seu documento de listagem na bolsa de Nova York que precisa buscar a lucratividade para seu negócio. A maneira que ela encontrou é, além de aumentar a base de clientes ativos da Netshoes e da Zattini, construir um ecossistema de soluções para o comércio eletrônico.

Os primeiros passos foram dados no ano passado. A empresa lançou o NCard, um cartão de crédito próprio em parceria com o Banco Itaú, e passou a oferecer um aplicativo móvel relacionado ao rastreamento de produtos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]