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Para a agência de marketing digital Cooperatize.com, receber bitcoins como pagamento foi bastante fácil: tudo que o cofundador Roger Wu teve de fazer foi obter uma carteira digital. Para promover a mudança em 2014, ele até escreveu uma postagem de blog explicando a decisão.

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O número de transações que a empresa de Nova York fez desde então? Zero. “A maior questão é: as pessoas estão dispostas a pagar em bitcoin?”, disse Wu. “A realidade é que a maioria dos nossos clientes são outras empresas e outras empresas não usam bitcoin.”

Mesmo que a euforia sobre o bitcoin atingisse o ápice na semana passada, quando seu preço aumentou para quase US $ 3 mil, a lentidão das transações e a inércia ajudam a evitar o uso generalizado. A adoção da moeda diminuiu, de acordo com Morgan Stanley, depois de uma série de empresas, da Microsoft à Expedia, inicialmente sugerirem seu uso, enquanto os obstáculos permanecem quando se trata de viabilidade a longo prazo.

“Nós vemos poucas razões para que os consumidores usem bitcoin em um cartão de crédito/débito dado que o pagamento online com bitcoin representa uma maneira marginalmente mais inconveniente de pagar”, escreveram analistas do Morgan Stanley em um relatório de 33 páginas divulgado em 13 de junho. Custos de processamento de bitcoin e outras moedas digitais provavelmente crescerão, disseram.

A Time e a Dell disseram que pararam de aceitar a criptomoeda, ou moeda digital, com a fabricante de computadores citando um baixo uso. Quando o sistema de publicação online WordPress parou de aceitar bitcoins em 2015, o fundador Matt Mullenweg disse que o uso do meio era “extremamente pequeno”, acrescentando que inicialmente foi incorporado por razões filosóficas e não comerciais.

“É bem possível que, depois de um tempo, você perceba que não vale a pena o custo de ferramentas para aceitar o bitcoin e você decide deixar para lá quando as vantagens da publicidade desaparecem”, disse David Yermack, professor da Universidade de Nova York que estuda o bitcoin.

Valorização ajuda

Ainda assim, há muita evidência de que o aumento do preço ajudou a impulsionar o uso do bitcoin, embora de uma base baixa.

O processador de pagamento BitPay disse que agora administra cerca de US$ 2 milhões em transações por dia, quase três vezes em relação a abril de 2016. O volume da Coinbase duplicou desde o início do ano. A Overstock.com disse que está lidando com cerca de 100 mil transações de bitcoin por semana, bem acima das 30 mil de quando liberou o método de pagamento, em 2014.

“Existe o que pode ser chamado de um efeito de riqueza. O preço aumenta e as pessoas, contraintuitivamente, ficam mais propensas a gastar o bitcoin”, disse Justin O’Brien, gerente de produto da Coinbase em San Francisco, que se associou a mais de 46 mil empresas para o pagamento com bitcoins.

Contudo, um tanto paradoxalmente, há a questão de saber se o status do bitcoin como um bom investimento é compatível com ele ser um método de pagamento estável.

Há a questão da volatilidade. Neste ano, o bitcoin subiu até 19% ao longo de um único dia. À medida que as transações aumentam, processá-las também está se tornando mais lento e mais dispendioso por causa de um limite nos dados que a cadeia de bitcoins pode processar – uma questão cuja resolução estimulou lutas internas amargas na comunidade de desenvolvimento.

O que explica a disparada no valor do bitcoin?

“Os fundamentos do blockchain da maioria das criptomoedas são muito ruins para a maioria dos usos monetários”, escreveram os analistas do Morgan Stanley. “O tempo para encerrar transações individuais pode ser muitas vezes de 10 minutos a mais de uma hora.”

E, provavelmente o mais importante, o bitcoin não é reconhecido legalmente. O Internal Revenue Service dos Estados Unidos decidiu que os bitcoins são propriedade, enquanto os reguladores tratam isso como uma mercadoria.

Entraves

A maioria das grandes empresas aceita bitcoins através de processadores de pagamento, como BitPay e Coinbase. Quando um consumidor faz uma compra através dessas plataformas, ele ou ela pagará por uma taxa de conversão com base no último preço do bitcoin. Os processadores então convertem a criptomoeda imediatamente e passam a moeda fiduciária (dólares, reais e assim por diante) para o vendedor, essencialmente removendo toda a exposição à volatilidade do bitcoin.

Para os comerciantes, a Coinbase não cobra nada pelo primeiro US$ 1 milhão e 1% dos valores da transação posteriormente. Isso se compara com a taxa de intercâmbio de cerca de 2% da Visa e quase 3% cobrada pela PayPal.

O processo é mais complicado para os compradores. A menos que sua carteira digital já esteja na plataforma que está processando o pagamento, a transferência de bitcoins incorre em uma taxa de transação, que pode variar de acordo com seu tamanho, com a rapidez com que você deseja processar e as condições da rede. A taxa de transação média foi de US$ 2,10 em 15 de junho, em comparação com um máximo de quase US$ 3 alcançado no início deste mês, de acordo com o BitInfoCharts.

Sonny Singh, diretor comercial da BitPay, disse que bitcoin é mais útil nas economias emergentes, onde a confiança nas moedas locais é mais fraca e os cartões de crédito são menos comuns.

A criptomoeda está fazendo mais progressos em mercados como o Japão, que começou a reconhecer as moedas digitais como forma de pagamento neste ano, e na Venezuela, onde o bolívar é quase inútil. Também é útil para empresas que não podem confiar nos bancos tradicionais, como os vendedores de cannabis.

Enquanto um maior uso permanece em questão, muitas vezes há benefícios inesperados para os comerciantes que abraçaram o bitcoin. Desde que a Roast of Sherwood adicionou uma carteira da Coinbase há seis semanas, recebe uma média de cinco transações de bitcoin ou ether a cada semana, de acordo com Lee Galloway, que dirige a barraca de sanduíches com seu pai em um movimentado mercado de rua ao longo da rua Whitecross de Londres. “Por alguns pequenos pagamentos que tomamos, é uma grande quantidade de publicidade”, disse. 

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