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Os três estados de Bluetooth e Wi-Fi no iOS 11 |
Os três estados de Bluetooth e Wi-Fi no iOS 11| Foto:

Além de todas as mudanças conhecidas, o iOS 11, nova versão do sistema do iPhone e iPad lançada na última terça-feira (19), traz outras menos óbvias. Uma delas está causando polêmica: ao tocar nos botões de Wi-Fi e Bluetooth na renovada Central de Controle, o sistema não desativa as conexões, apenas desconecta o aparelho da rede ou dispositivos pareados.

É possível verificar isso facilmente em algum iPhone com suporte ao 3D Touch. Após tocar nos referidos botões, um toque mais forte em um deles abre a visualização expandida, na qual se lê que que os recém-tocados estão “Não Conectados”. Uma ida à tela Ajustes indica o mesmo e, nas opções Bluetooth e Wi-Fi, o interruptor de ambos continua ativo. 

A própria Central de Controle distingue “Não Conectado” de “Desativado”. Quando Bluetooth e Wi-Fi são desativados, seja pela ativação do modo avião, seja através das telas nos Ajustes, os ícones ganham um risco sobre eles. 

Algumas publicações se apressaram em dizer que se trata de uma falha do sistema. Não é o caso. A mudança é deliberada e explicada nesta página de suporte. Segundo a Apple, ela foi feita para permitir que, mesmo desconectado de redes Wi-Fi e dispositivos Bluetooth, alguns recursos e a compatibilidade com acessórios continuem ativas. A saber: 

  • AirDrop 
  • AirPlay 
  • Apple Pencil 
  • Apple Watch 
  • Recursos de Continuidade como Handoff e Instant Hotspot 
  • Instant Hotspot 
  • Serviços de Localização 

Mas não gasta bateria? 

Tutoriais de economia de energia costumam recomendar a desativação do Bluetooth para conservar a carga por mais tempo. Antes de 2010, essa dica era válida; desde então, não mais. Naquele ano, foi oficializado o Bluetooth Low Energy (4.0), também conhecido como Bluetooth Smart ou simplesmente BLE. 

O BLE mantém o alcance e outras características de versões anteriores, mas gastando menos energia. Ele foi projetado para ser usado com pulseiras fitness, relógios inteligentes, equipamentos médicos, chaves de aproximação, teclados, mouse e sistemas de entretenimento — muitas aplicações que, hoje, estão sob o guarda-chuva da Internet das Coisas. Essa versão do protocolo é tão econômica que, em aplicações mais simples, consegue operar por meses ou anos com uma bateria pequena de relógio. 

Portanto, em smartphones compatíveis com BLE o gasto de energia ao deixar o Bluetooth ligado é ínfimo. Mesmo o monitoramento constante de dispositivos compatíveis não afeta significativamente o consumo, como demonstrou um estudo da Aislelabs, realizada em 2014, acerca do impacto na comunicação entre dispositivos Android e iOS com beacons, tecnologia lançada pela Apple no iOS 7 para permitir a comunicação entre o aparelho e coisas do mundo real através do Bluetooth. 

Nos resultados, os pesquisadores da Aislelabs constataram que “novos dispositivos (iPhone ou Android, com novos chips BLE) são altamente otimizados para o Bluetooth Low Energy com impacto mínimo na bateria”. 

LEIA: Forçar o fechamento de apps no iPhone não aumenta a duração da bateria

Na página oficial da Apple com dicas para conservar a bateria em seus produtos, a única referência a Bluetooth está no tópico do Apple Watch, o relógio inteligente da marca. Ali, o texto diz que “desativar o Bluetooth no iPhone aumenta o consumo de bateria do seu Apple Watch”, pois, dessa forma, o relógio recorre a outros meios de comunicação mais onerosos à bateria, como o Wi-Fi. 

No caso do Wi-Fi, a orientação dada pela Apple vai no sentido contrário: conectar-se à Internet dessa forma impacta menos a bateria do que por 3G ou 4G. “Quando você usa o seu dispositivo para acessar dados, uma conexão Wi-Fi consome menos energia que uma rede celular, então mantenha o Wi-Fi sempre ligado”, recomenda a empresa. 

Comodidade vs. Segurança 

Com cada vez mais dispositivos conectados e que confiam no Bluetooth para se comunicar com o smartphone, torna-se mais vantajoso manter o Bluetooth ligado o tempo todo. Carros, caixas de som e pulseiras e relógios inteligentes, entre outros, conseguem se comunicar automaticamente nesse cenário. De outra forma, é preciso ligar o Bluetooth no celular e esperar a conexão ser estabelecida. 

Se hoje a economia de bateria não é mais um impeditivo para desativar o Bluetooth, existem outros fatores com mais peso nesse sentido. Um deles é a mudança nebulosa do comportamento de botões que, há anos, faziam uma coisa e que, agora, fazem outra. Embora existam, as indicações ao usuário do iOS 11 de que os botões da Central de Controle não desativam mais Bluetooth e Wi-Fi são bastante sutis, o que deve proporcionar algumas surpresa 

O outro fator é mais grave e justifica o alarde. Ele se refere à segurança. À Wired, o vice-presidente de engenharia e segurança digital da Webroot, David Dufour, disse que “para atacantes, é uma terra dos doces”. 

O protocolo Bluetooth é um vetor extra para tentativas de ataques e, em alguns raros casos, ataques devastadores como o BlueBorne, divulgado semana passada. Nesse, especificamente, o iPhone, desde que atualizado com o iOS 10, lançado em setembro de 2016, não corria riscos, mas nada garante que não exista outra nova falha ainda não divulgada e à qual o iOS esteja vulnerável.

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