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Empresas como Correios e Porto Seguro lançaram suas próprias operadoras móveis virtuais | Lucas Pontes/Gazeta do Povo
Empresas como Correios e Porto Seguro lançaram suas próprias operadoras móveis virtuais| Foto: Lucas Pontes/Gazeta do Povo

O mercado de telefonia ganhou novos concorrentes com a entrada das operadoras móveis virtuais. São empresas sem frequência e sem infraestrutura que alugam as redes das tradicionais empresas de telecomunicações para oferecer serviços de dados e voz aos seus clientes. É o caso dos Correios, da Porto Seguro e das igrejas Assembleia de Deus e Sara Nossa Terra.

Saiba qual é a vantagem para as grandes teles em alugar sua infraestrutura

O modelo é comum nos Estados Unidos e na Europa e começa, aos poucos, a ganhar as primeiras empresas no Brasil. As operadoras móveis virtuais ou MVNOs, na sigla em inglês, foram regulamentadas em 2010 pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e utilizam, na grande maioria dos casos, as redes da Tim e da Vivo. Existem 11 negócios atualmente autorizados para prestar o serviço nesse modelo, alguns deles já em operação.

Empresas fazem a ponte entre operadoras virtuais e grandes teles

A pioneira no Brasil foi a Porto Seguro, que lançou em 2013 a primeira operadora móvel do país. A Porto Seguro Conecta utiliza a rede de infraestrutura da TIM e oferece os serviços de telefonia, internet móvel e M2M. Toda a parte de venda, marketing e central de atendimento é controlada internamente.

Tiago Galli, superintendente da operadora, afirma que o objetivo da Porto Seguro ao lançar sua própria operadora foi fidelizar os clientes da seguradora e diversificar o portfólio da companhia para aumentar as suas opções de receita. A empresa não compete por preços e foca em oferecer mais qualidade de atendimento e um programa de benefícios aos clientes. A operadora terminou 2016 com cerca de 450 mil clientes e tem a meta de chegar a um milhão de assinantes.

Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, afirma que o número de operadoras móveis virtuais deve crescer nos próximos anos, já que só em 2016 foram autorizadas seis novas empresas a atuar nesse modelo. Ele ressalta, porém, que dificilmente as miniteles, como também são chamadas as MVNOs, vão conseguir bater de frente com as grandes operadoras, que possuem milhões de clientes.

“A trajetória da Porto Seguro é mais ou menos o que a gente espera para as novas operadoras. Ela [a Porto Seguro] demorou quatro anos para chegar a quase 500 mil clientes e se tornar a maior MVNO em operação. É um mercado de nicho e dificilmente elas vão chegar a milhões de clientes”, afirma Tude.

Ainda sim, é possível ter rentabilidade sendo uma móvel virtual. Isso acontece porque elas não precisam gastar com investimentos em infraestrutura e nem se preocupar em atender as exigências regulatórias da Anatel, já que somente alugam a rede de terceiros. Com isso, se concentram somente na venda e marketing do produto e, normalmente, terceirizam a intermediários o desenvolvimento de tecnologias complementares e centrais de atendimento.

Mas, apesar dos custos menores, Tude diz que para uma operadora móvel virtual ser rentável, ela precisa atingir, pelo menos, 100 mil clientes. “E isso demora uns dois anos”.

Vantagens para as grandes teles

A grande vantagem para as grandes teles ao alugar sua frequência e infraestrutura de rede a operadoras móveis virtuais (MVNOs) está em atingir determinados nichos de mercado. É o que afirma Marcelo Duarte, diretor de Whosale da TIM Brasil. “Como eles [MVNOs] não têm obrigações de cobertura e de regulamentação, eles conseguem oferecer um serviço de nicho. Nosso foco é atender o varejo.” A empresa começou a alugar sua infraestrutura em 2011 e tem quatro clientes: Porto Seguro Conecta, Datora Mobile, EUTV e America Net. A Tim cobra pelo tráfego de dados gerado em sua rede.

Empresas fazem a ponte entre operadoras virtuais e grandes teles

Junto com as operadoras móveis virtuais surgiram as empresas intermediárias que prestam o serviço tecnológico para quem quer oferecer um serviço de telefonia aos seus clientes sem precisar ter infraestrutura, tecnologia e rede para isso. Chamada de enablers, elas são como uma ponte entre as tradicionais teles e as futuras novas operadoras. Sua contratação não é obrigatória, mas tem se tornado comum no emergente mercado de MVNOs.

Um exemplo de companhia é a EUTV, que usa o nome fantasia de Surf Telecom. Ela já tem quatro anos de existência e conquistou o seu primeiro cliente no ano passado, os Correios. A empresa estatal iniciou em março deste ano a venda dos chips da sua operadora de telefonia móvel pré-paga virtual e tem tudo para se tornar o primeiro grande case de MVNO no Brasil. A expectativa é atingir 500 mil usuários somente em 2017 e 8 milhões de clientes em cinco anos, com foco no consumidor das classes com rendas mais baixas.

A Surf Telecom oferece o que chama de coração de rede. Ou seja, os softwares e a engenharia de rede responsáveis por fazer a gestão do cliente, o rastreamento de dados, os serviços de cobrança e autenticação. A empresa também oferece uma central de atendimento e cuida de toda a parte regulatória perante à Anatel. Depois, elas ligam tudo isso às redes de infraestrutura e frequência alugadas das grandes teles.

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