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O Google, parte da holding Alphabet, demitiu o funcionário que escreveu um memorando interno criticando as políticas de diversidade da empresa e que gerou muita polêmica no Vale do Silício.

Engenheiro do Google diz que mulheres são ‘inadequadas’ para cargos em tecnologia

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James Damore, engenheiro do Google que escreveu o texto, confirmou sua demissão em um e-mail, dizendo que ele fora demitido por "perpetuar estereótipos de gênero". Um representante do Google não retornou imediatamente questionamentos da reportagem.

O imbroglio no Google é o mais recente em uma longa série de incidentes sobre viés de gênero e diversidade no enclave tecnológico. O CEO da Uber, Travis Kalanick, perdeu seu emprego em junho em meio a escândalos relacionados a assédio sexual, discriminação e uma cultura agressiva. O processo de discriminação de gênero de Ellen Pao contra a Kleiner Perkins Caufield & Byers, em 2015, também levou a questão à luz, e mais mulheres estão falando abertamente que ficam marginalizadas nessa indústria dominada pelos homens, especialmente em cargos de engenharia.

No início da segunda-feira (7), o CEO do Google, Sundar Pichai, enviou uma nota aos funcionários que dizia que partes do memorando "violam nosso Código de Conduta e cruzam a linha, promovendo estereótipos de gênero prejudiciais em nosso local de trabalho". Mas ele não disse se a empresa estava agindo contra o empregado.

O memorando de dez páginas escrito por Damore acusou o Google de silenciar as opiniões políticas conservadoras e argumentou que as diferenças biológicas desempenham um papel na escassez de mulheres em cargos de tecnologia e liderança. Ele circulou amplamente dentro da empresa e tornou-se público durante o fim de semana, causando um furor que amplificou a pressão sobre os executivos do Google para assumir uma posição definitiva.

Após a polêmica, Danielle Brown, a nova vice-presidente da Google para diversidade, integridade e governança, enviou uma declaração à equipe condenando os pontos de vista de Damore e reafirmou a posição da empresa sobre a diversidade. Nos fóruns de discussão internos, vários funcionários declararam apoio à demissão do autor e alguns disseram que não escolheriam trabalhar com ele, de acordo com mensagens vistas pela reportagem.

"Somos inequívocos em nossa convicção de que a diversidade e a inclusão são fundamentais para o nosso sucesso como empresa", disse Brown no comunicado. "Continuaremos defendendo isso e a nos comprometermos com essa questão no longo prazo".

Outras acusações

O memorando e o debate gerado por ele ocorrem no momento em que o Google se defende em um processo do Departamento de Trabalho dos EUA, alegando que a empresa discrimina sistematicamente as mulheres. O Google negou as acusações, argumentando que não tem uma diferença de gênero no salário, mas recusou-se a compartilhar informações salariais completas com o governo. De acordo com o relatório demográfico mais recente da empresa, 69% da força de trabalho e 80% da equipe técnica são do sexo masculino.

Após a publicação do memorando, vários executivos compartilharam um artigo de um engenheiro sênior que recentemente deixou a empresa, Yonatan Zunger. Na postagem do blog, Zunger disse que, com base no contexto do memorando, ele determinou que “em sã consciência” não colocaria funcionário algum para trabalhar com o autor. "Você acaba de criar um ambiente de trabalho hostil," ele escreveu. Ele também disse, em um e-mail: "Você poderia imaginar ter que trabalhar com alguém que acabou de questionar publicamente sua competência básica para fazer o seu trabalho?"

Ainda assim, alguns sites de direita já estavam celebrando o autor do memorando e, ao demiti-lo pode ser encarado como a confirmação de algumas das reivindicações do próprio memorando — de que a cultura da empresa não abre espaço para opiniões políticas divergentes. Esse resultado pode agitar retaliações aos esforços da Alphabet a fim de tornar sua força de trabalho mais diversa.

Em sua resposta inicial ao memorando, Brown, que saiu da Intel e se juntou ao Google em junho, sugeriu que a empresa estava aberta a todos os "pontos de vista políticos difíceis" da hospedagem, incluindo aqueles no memorando. No entanto, ela deixou aberta a possibilidade de que o Google pudesse penalizar o engenheiro por violar as políticas da empresa. "Mas esse discurso precisa trabalhar ao lado dos princípios de igualdade de emprego encontrados em nosso Código de Conduta, políticas e leis antidiscriminação", escreveu ela.

O assunto da inclinação ideológica do Google surgiu na reunião mais recente com os acionistas, em junho. Um acionista perguntou aos executivos se os conservadores seriam bem-vindos na empresa. Executivos discordaram da ideia de que qualquer um não seria.

"A empresa foi fundada sob os princípios da liberdade de expressão, diversidade, inclusão e pensamento baseado na ciência", afirmou o chairman da Alphabet, Eric Schmidt, na época. "Você também descobrirá que todas as outras empresas em nossa indústria concordam conosco".

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