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O Mercado Livre planeja R$ 2 bilhões no Brasil em 2018. O montante corresponde ao dobro do que foi investido no país no ano passado, e deve ser destinado ao fortalecimento e expansão da política de frete grátis e do programa de fidelidade, o Mercado de Pontos. Uma parte importante deste investimento também deve ir para o Mercado Pago, fintech da empresa que processa pagamentos online e que almeja operar no varejo offline.

Em 2017 foi criado Mercado de Pontos e a oferta de frete grátis para compras acima de R$ 120 para todos os clientes. No último trimestre do ano, a margem bruta apresentou um recuo em relação aos trimestres anteriores, mas ainda estava na casa dos 46%, o que, segundo a companhia, não criou um cenário para preocupação. O motivo apresentado pelos executivos, em teleconferência com analistas neste mês de março, foi a busca de expansão do frete gratuito e do programa de fidelidade no Brasil e no México.

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A empresa viu suas ações caírem 1% imediatamente após a teleconferência, para, em seguida, subirem 9,5%. “A resposta do mercado demonstra que nossa estratégia foi compreendida. Mostramos como o frete é um empecilho para trazer o consumidor offline para o online, e nossos resultados positivos em receita e em número de novos usuários comprovaram”, afirma Cristina Farjallat, diretora de Marketplace do Mercado Livre.

Os R$ 2 bilhões em investimentos para 2018 vão vir de recursos próprios da companhia, segundo Farjallat. “Tudo é feito de maneira planejada. Fizemos contas e vimos que é possível”, diz.

No quarto trimestre de 2017, o Mercado Livre vendeu 81,2 milhões de itens em todo o mundo, com um volume bruto de transações da ordem de US$ 3,6 bilhões, o que representa um crescimento de 63% em dólares e 132% em moeda constante, comparado ao mesmo período do ano anterior.

No Brasil em 2017, a receita líquida do Mercado Livre subiu 82% em dólares e 70% em reais, atingindo US$ 831,4 milhões, equivalente a mais de R$ 2,6 bilhões. O Brasil é responsável por 60% da receita líquida da empresa.

No ano passado, o Mercado Livre também atingiu pela primeira vez o topo do ranking do comércio eletrônico brasileiro ao ultrapassar a B2W, grupo responsável por Lojas Americanas, Shoptime e Submarino. O Mercado Livre vendeu R$ 17,4 bilhões, enquanto a concorrente obteve R$ 12,8 bilhões em vendas, considerando o volume bruto de transações. Em 2016, a empresa estava em segundo lugar com R$ 11 bilhões, e a B2W liderava com R$ 12,4 bilhões.

Frete grátis

Atualmente, o Mercado Livre oferece frete grátis a todos os clientes para compras acima de R$ 120. Também é possível não pagar a taxa de envio utilizando pontos do programa de fidelidade, o Mercado de Pontos. O usuário ganha pontos ao fazer compras de produtos novos (1 ponto a cada R$ 2 gastos), convidar amigos (25 pontos quando um amigo indicado realiza a primeira compra) ou ao conquistar objetivos, uma lista de ações que, quando cumpridas, podem render até 50 pontos. “É como uma gameficação do site. Quanto mais o usuário demonstra engajamento com o site, mais vantagens ele tem”, explica a Farjallat.

Conforme a pontuação aumenta, o usuário sobe de nível e, nesta escalada, mudam os benefícios disponíveis, como, por exemplo, o valor mínimo da compra para ter direito ao frete grátis, o número de devoluções expressas, acesso antecipado a promoções ou promoções exclusivas, entre outros . São seis níveis ao todo e não é necessário se inscrever no programa – ao criar a conta no site o usuário automaticamente começa a participar. “Em 2018, queremos dar ainda mais vantagens para os consumidores mais leais a nós, com acessos a melhores ofertas. Teremos uma expansão de benefícios”, aponta a diretora.

Para os vendedores também existem regras. Apenas produtos novos são passíveis de envio sem custo de frete. Os vendedores também precisam ter reputação verde ou serem MercadoLíderes, designações que demonstram a qualidade dos produtos, do atendimento ao cliente e, para serem alcançadas, seguem mais uma série de requisitos estipulados pelo site. As lojas oficiais que ofereçam MercadoEnvios, em que o frete é pago pelo Mercado Pago para facilitar o processo logístico, também disponibilizam frete grátis. Os produtos despachados sem custo devem ser enviados pelo MercadoEnvios.

Mercado Pago

O Mercado Pago é a plataforma de pagamentos online do Mercado Livre e funciona como uma espécie de carteira digital. O cliente escolhe a forma de pagamento, o valor pago vai para esta carteira e após alguns dias fica disponível para o vendedor sacá-lo ou transferi-lo para sua conta bancária. Em operação na América Latina, o Mercado Pago foi escolhido como intermediador de pagamentos de empresas como Polishop, Lojas Havan e ClickBus. Agora, o Mercado Livre quer que a fintech comece a operar no “mundo real”.

Desde 2016, o Mercado Pago testa o modelo na Argentina, onde os usuários podem realizar pagamentos em postos de gasolina utilizando apenas o aplicativo do serviço no smartphone e o saldo disponível em sua carteira digital, proveniente da venda de produtos no Mercado Livre. “É um formato que já funciona muito bem na Ásia e nos Estados Unidos, por exemplo, e acreditamos que na América Latina ele também será bem sucedido”, afirma Farjallat. Os investimentos para que isso ocorra devem ser, em especial, em tecnologia e em estratégias de marketing.

No Brasil, este deve ser um dos próximos passos para maior aproximação do varejo offline. De acordo com Farjallat, o Mercado Livre já possui uma boa abertura neste setor com a máquina de cartões Point, que só no quarto trimestre de 2017 registrou um aumento de 13 vezes no número de vendas em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Também está nos planos da empresa que o Mercado Pago possa ser usado como uma conta-salário, focando atender, em especial, a população desbancarizada do Brasil. “É uma plataforma que tem uma possibilidade de crescimento que transcende o marketplace”, afirma Farjallat. “O Mercado Livre é uma empresa que tem apetite por crescimento, e se temos a condição de investir e a capacidade de fazer isso, vamos atrás”, finaliza Farjallat.

Briga com Correios

Em meio aos planos de expansão do frete grátis, o Mercado Livre recebeu a notícia do aumento dos preços das entregas pelos Correios. A companhia considerou o reajuste abusivo e chegou a obter uma liminar contra, mas ela foi suspensa na última quarta-feira (14). “Infelizmente tivemos de repassar o aumento de custos para nossos vendedores. Temos 120 mil famílias que vivem das vendas por nosso site e este aumento prejudica a todos, tanto estes vendedores, como consumidores que não tem acesso a comprar certos produtos e são atendidos pelo nosso site”, critica Farjallat.

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