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Por trás do burburinho da valorização do bitcoin, a criptomoeda cujas cotações dispararam nos últimos dois anos, existe um debate bastante concreto sobre o consumo de energia elétrica. Os imensos conjuntos de processadores necessários para a mineração de bitcoins consomem uma quantidade enorme de energia, o que levanta críticas de ambientalistas e de economistas preocupados com os possíveis efeitos colaterais da mania em torno da moeda virtual.

O ranking de consumo de energia compara o mercado de bitcoins a países, colocando as transações da criptomoeda em um nível de consumo próximo a nações como Marrocos e Dinamarca. O Bitcoin Energy Consumption Index (BECI, ou Índice de Consumo de Energia da Bitcoin) estima que são usados 275 kilowatts/hora por transação ou 30,25 terawatts/hora se considerado o total de negociações em um ano. Para se ter uma ideia, um kilowatt/hora no Paraná custa R$ 0,69 para um consumidor convencional. Isso resultaria num custo de R$ 190 por transação de bitcoin, caso todo o processo pudesse ser realizado no estado.

Esse volume de energia gasta é contestado por um estudo recente, que diz ter havido um superdimensionamento de até 3,6 vezes. De acordo com a crítica feita pelo especialista Marc Bevand, o ranking BECI supõe que o custo da mineração de bitcoins equivale a 60% da renda obtida com as operações. Tal porcentagem, porém, é uma suposição “imaginada”, segundo o documento. E isso inflacionaria a estimativa de consumo das transações.

Bevand, porém, afirma que não é possível apontar números com tamanha precisão, já que não se sabe exatamente a fatia de mercado que os equipamentos para mineração mais utilizados ocupam. Os dados, diz ele, não poderiam ser tão precisos, mas sim colocados em um intervalo. Assim, ele calcula que o índice pode ter sido superestimado em 1,5 a 3,6 vezes, e mais provavelmente entre 2 e 2,5 vezes.

Se considerado o índice BECI atual como base, ainda assim o mercado de bitcoins utilizaria uma energia de 8,4 terawatts/hora por ano, comparável ao de países como o Uruguai, a Tunísia ou a Síria. E considerando a crescente popularidade da criptomoeda, o número tende a aumentar.

Essa explosão no consumo energético não tem a ver apenas com a popularização da bitcoin. Recentemente, houve uma espécie de correção da moeda, que passou a ser emitida a cada 210 mil blocos minerados. Isso reduziu o ritmo da sua “produção”, para assim evitar que grandes quantidades de bitcoins fossem jogadas no mercado, causando desvalorização.

A mudança faz com que os mineradores de bitcoins tenham que usar cada vez mais recursos, consumindo mais energia, se quiserem manter o ritmo de obtenção de moedas.

Mineração de bitcoins

A mineração de bitcoins é a atividade que processa, valida e garante segurança das transações, além de manter os participantes do sistema sincronizados. O sistema foi idealizado para ser descentralizado – em uma rede peer-to-peer (p2p), semelhante às redes torrent – evitando assim que indivíduos assumam o seu controle.

Qualquer pessoa pode se tornar mineradora. Basta ter o equipamento adequado com o software de mineração instalado. E, claro, tudo otimizado para gastar o mínimo de energia. Mas o custo crescente inviabiliza cada vez mais as minas “caseiras”.

Com a mineração, é possível decifrar os códigos. Quem consegue ganha uma quantidade da criptomoeda. A transação é informada e validada nessa rede, e por fim registrada em uma espécie de arquivo de registros, conhecido como “blockchain”. Ali, todas as atividades da moeda estão registradas cronologicamente.

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