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Fachada de prédio da 21st Century Fox. | Alexander F. Yuan/Bloomberg
Fachada de prédio da 21st Century Fox.| Foto: Alexander F. Yuan/Bloomberg

A aquisição da 21st Century Fox pela Disney por US$ 52,4 bilhões trará uma série de implicações para a própria Disneys, concorrentes da empresa e os fãs das franquias vendidas.

Listamos, abaixo, três dessas possíveis mudanças no cenário do entretenimento global que poderão acontecer nos próximos meses — o negócio ainda precisa do aval de acionistas e órgãos reguladores para ser finalizado.

Concorrência de peso para a Netflix

Em agosto, a Disney anunciou que em 2019 removerá todas as suas produções da Netflix a fim de lançar um serviço de streaming próprio. Com a aquisição anunciada nesta quinta (14), a Disney passa a deter o controle majoritário do Hulu, serviço do tipo lançado em 2007 em parceria com a Fox e a Comcast.

O Hulu pode despontar como a face comercial ou mesmo o embrião desse vindouro serviço repleto de exclusivos da Disney e das suas franquias, que incluem os filmes de heróis da Marvel; os filmes e séries de Star Wars, da LucasFilms; e as produções da Pixar.

Existem outras possibilidades, porém. A Comcast, que tem uma fatia de 30% do Hulu, pode criar obstáculos para essa saída. Nesse caso, ou a operadora norte-americana venderia a sua participação no Hulu à Disney, ou forçaria uma venda — podendo, ela própria, oferecer uma proposta de aquisição. Nessa confusão, a Disney também pode simplesmente acabar com o Hulu e concentrar suas forças em um novo serviço.

De qualquer forma, consolidação é uma estratégia que vem sendo usada para fazer frente às grandes empresas de tecnologia. A Verizon, por exemplo, comprou o Yahoo, a Aol e o HuffPost a fim de ganhar escala para disputar os dólares da publicidade com Facebook e Google sob a marca Oath. A Disney parece no mesmo caminho para fazer frente não só à Netflix, mas também às gigantes da tecnologia que experimentam com a produção de conteúdo, casos de Apple e Facebook.

Personagens Marvel no mesmo universo

A Marvel tem um punhado de heróis em seu portfólio e, nos últimos anos, muitos deles foram bem sucedidos na passagem dos quadrinhos para o cinema. Nem todos estão sob os cuidados dos estúdios Marvel, porém, graças a acordos antigos que cederam os direitos de personagens queridos da editora para estúdios rivais.

Eram os casos dos X-Men, do Quarteto Fantástico e de Deadpool, todos no 20th Century Fox, estúdio de cinema que integra o “pacote” comprado pela Disney.

Agora, esses heróis poderão se juntar ao Homem-Aranha, que está nas mãos da Sony Pictures e foi “liberado” para figurar nos filmes da série Vingadores (da Disney) e ganhou um novo filme produzido pelos estúdios Marvel, ambos em 2017, para integrarem o enorme universo de super heróis que vem sendo montado desde o primeiro Homem de Ferro, de 2008. (A Disney adquiriu a Marvel no ano seguinte.)

Embora seja o sonho de muitos fãs, a Disney também pode optar por não incluir seus novos heróis no universo cinematográfico já consolidado da Marvel. Isso porque ele já é bastante complexo, o que dificulta mudanças bruscas como seria essa.

O universo cinematográfico da Marvel é repleto de participações especiais e está cada vez maior e mais lucrativo. (Guardiões da Galáxia Vol. 2, Homem-Aranha: De Volta ao Lar e Thor: Ragnarok, os três filmes desse universo lançados em 2017, arrecadaram mais de US$ 800 milhões cada, segundo o Box Office Mojo.) Os reforços vindos da 20th Century Fox podem aumentar a complexidade e render ainda mais filmes com múltiplos heróis na tela.

ESPN e acordos de transmissão

No site de tecnologia e negócios Recode, Peter Kafka diz que a aquisição da Fox significa que a Disney, dona do canal de esportes ESPN, dobrará a aposta em assegurar direitos de transmissão de eventos esportivos.

A ESPN enfrenta um problema que é comum a outros canais de distribuição: a aquisição de eventos se tornam mais caros com o tempo. A situação se agrava com a diminuição no faturamento com assinaturas e a venda de cotas publicitárias.

A aquisição da Fox dá à Disney 22 redes de esportes regionais, com acordos firmados com 44 equipes profissionais dos Estados Unidos. Ou seja, é ao mesmo tempo um movimento de defesa, pois impede que canais rivais adquiram esses direitos, e para ganhar escala, afinal, trata-se de uma injeção generosa de conteúdo novo ao canal. Na prática, é um “tudo ou nada” para a área de esportes da Disney.

Independente do que faça com a área de esportes, é bastante provável que mudanças significativas ocorram. O Arquibancada Virtual, blog da Gazeta do Povo , diz que “a negociação tende a mexer bruscamente com o mercado e a estrutura do mercado esportivo de mídia no mundo, inclusive no Brasil”.

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