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Na foto, Marcelo Porto, presidente da IBM no Brasil, durante o Watson Brasil Summit, evento da companhia  para discutir inteligência artificial.  | Rogerio Lorenzoni,Divulgação
Na foto, Marcelo Porto, presidente da IBM no Brasil, durante o Watson Brasil Summit, evento da companhia para discutir inteligência artificial. | Foto: Rogerio Lorenzoni,Divulgação

O presidente da IBM no Brasil, Marcelo Porto, encerrou o evento anual de tecnologia da companhia falando de pessoas. Ao destacar aspectos de empresas perenes, como a IBM, que neste ano completou 100 anos de atuação no país, o executivo falou da dificuldade de quebrar paradigmas. “O maior desafio de transformação da IBM não está em tecnologia, não está em processo. A gente consegue mexer nisso. Está sim em mudar a cultura das pessoas, mudar a cabeça das pessoas, transformar as pessoas.” 

E ele não estava falando somente de mudar a cultura e a cabeça dos milhares funcionários da IBM, responsáveis por idealizar e executar as soluções tecnológicas da empresa. Porto falava também — ainda que não diretamente — da dificuldade de adaptação da sociedade e das empresas às novas soluções tecnológicas que surgem. Essas soluções, segundo as companhias que estão à frente do movimento de transformação tecnológica, caso da IBM, serão essenciais para tornar a nossa vida melhor e mais eficiente.  

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A IBM sabe bem o trabalho que dá todo esse processo de adaptação tecnológica. A companhia centenária, que chegou ao Brasil em 1917 para fazer o primeiro censo agrícola e populacional do país, já passou por três grandes eras tecnológicas: da tabulação, da programação e agora da cognição. Dentro de cada uma dessas eras, foram centenas de pequenas mudanças a cada década.  

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“Talvez sejamos a única empresa de tecnologia de ponta que exista no mundo depois de 100 anos. E a subsidiária do Brasil é a primeira fora dos Estados Unidos. Viemos para cá fazer o primeiro censo brasileiro e depois fizemos relógio de ponto, máquinas de escrever, PCs, servidores e agora estamos redirecionando a empresa para um novo momento de transformação”, afirmou Marcelo Braga, vice-presidente de cloud e soluções cognitivas da IBM, em entrevista à Gazeta do Povo.

Tanto que, em meio a diversas mudanças, a IBM quase caiu fora do jogo. A companhia passou no início dos anos 1990 pela pior crise da sua história mundial, ao ser afetada pela venda de computadores de baixo custo. Na época, a empresa era refém dos softwares da Microsoft e desenvolvia computadores de grande porte para empresas e governos. O modelo de megacomputador caiu em desuso e, depois de milhares de cortes e um novo CEO mundial, a IBM se reiventou para atuar na área de software. 

Era da inteligência artificial

Superada às adversidades, e com uma bagagem centenária nas costas, a companhia passa agora por um novo momento: o da inteligência artificial, ou computação cognitiva, como costuma chamar. O seu principal produto nessa era? O Watson, que nasceu em 2011 como um supercomputador capaz de analisar milhões de dados e que hoje é uma plataforma na nuvem disponível para qualquer empresa que quer delegar a um software as funções de analisar dados, imagens, sons e até mesmo se relacionar com os clientes. 

O Watson já é utilizado no Brasil por centenas de empresas, que vão desde grandes negócios como Bradesco e Via Varejo a startups como  4All e a Mecasei.com. Uma das suas funcionalidades é a capacidade atendimento ao cliente via chat, conhecido no meio por chatbot. Basta treinar o software para que ele consiga responder as principais dúvidas do cliente, automaticamente. 

Outra função do Watson é a de analisar grandes quantidades de dados — ou big data. Sua capacidade analítica já está sendo utilizada no Brasil, por exemplo, pelo Hospital do Câncer Mãe de Deus, de Porto Alegre. O Watson foi treinado a analisar dados e ralatórios cientifícos a fim de fornecer informações que ajudem o médico a escolher o melhor tratamento para um paciente com câncer. 

Desafio de difundir a computação cognitiva

A implementação do Watson — e de outros sistemas de inteligência artificial — ainda é incipiente. Nos próximos anos,  a IBM terá a missão de difundir a computação congitiva pelo país e mudar a cabeça das pessoas para fazer com que elas percam o medo dos computadores superinteligentes. 

Especialistas, trabalhadores e diversas empresas temem que os softwares superinteligentes dizimem milhões de empregos e, até mesmo, dominem o mundo. A tese, que mais parece filme de ficção científica, tem respaldo em alertas feitos por nomes conhecidos da tecnologia, como o empresário Elon Musk e o pesquisador Vivek Wadhwa. 

Para combater essa tese, a IBM faz eventos mundo a fora. Um deles aconteceu em São Paulo na última semana, o IBM Watson Brasil Summit, com um discurso em comum entre todos os palestrantes: as novas tecnologias não destroem empregos — elas tornam as atuais profissões mais eficentes, segundo eles. Tanto que uma frase muito repetida entre os executivos da IBM é que as “máquinas inteligentes tornam os humanos mais inteligentes”. 

Polêmicas a parte, no ritmo em que as transformações tecnológicas estão acontecendo, logo vamos saber se a IBM, assim como outras empresas, vão conseguir quebrar a barreira que existe para a adoção em massa da inteligência artificial e se essa nova tecnologia vai virar uma ameaça à população — como acreditam Musk e Wadhwa — ou se vai deixar os humanos mais inteligentes — como defende a IBM.

*A jornalista viajou a convite da IBM

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