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Logo do Gmail | GoogleDivulgação
Logo do Gmail| Foto: GoogleDivulgação

De todas as tecnologias computacionais que usamos hoje, o e-mail é uma das mais antigas e está entre as poucas que resistiram aos tsunamis da indústria e mudanças comportamentais da última década. O modo de uso tampouco mudou: você ainda recebe mensagens, envia outras e lida com os abusos derivados de spam e malas diretas. Mas o serviço escolhido pode ter um impacto positivo nessa rotina devido aos pormenores, àqueles detalhes que fazem a diferença, mas não percebemos no dia a dia. Qual e-mail você usa?

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Hoje, a ideia de pagar por e-mail é um pouco estranha. Compreensível, visto que as ofertas gratuitas são ótimas – em alguns casos melhores que as pagas. Entre elas, o embate é menos óbvio e se acirra devido à escassez de alternativas. Duas, em especial, se destacam: Gmail e Outlook.com.

1º de abril!

Em 2004, o que era uma brincadeira de primeiro de abril do Google se transformou no melhor serviço de e-mail do mercado. O Gmail chamava a atenção pelo espaço que oferecia, 1 GB, o que era centenas de vezes maior que a média oferecida então, mas as suas vantagens se estendiam para praticamente todas as áreas da experiência do usuário: ele era mais rápido, trouxe a visualização agrupada de mensagens e um filtro antispam quase imbatível.

Por muito tempo, escolher outro e-mail que não o Gmail era injustificável. Esse tempo passou e, quase 15 anos mais tarde, a concorrência preencheu as lacunas e está tão boa quanto o e-mail gratuito do Google.

O Outlook.com, herdeiro espiritual do antigo Hotmail, é uma das melhores alternativas hoje. Seu visual é mais limpo que o do Gmail e praticamente todas as opções do rival estão ali – mesmo que, vez ou outra, um pouco escondidas.

O que se espera de um e-mail moderno, aliás? As mesmas coisas de outrora (rapidez no envio e recebimento e um bom filtro antispam), somadas a ferramentas de organização. Nesse sentido, ideias como etiquetas no lugar de pastas, regras para automatizar o gerenciamento das mensagens que chegam, ferramentas de limpeza e descadastramento facilitado de newsletters e malas diretas vêm bem a calhar. Ambos oferecem tudo isso.

Outra similaridade, essa não tão agradável, é a exibição de anúncios contextuais. Google e Microsoft têm robôs que analisam automaticamente as mensagens exibidas para escolher e dispararem anúncios relevantes. Para muita gente, é uma violação grave da privacidade e motivo suficiente para buscar alternativas.

No campo dos e-mails gratuitos, porém, essas alternativas são poucas e não muito animadoras. O Yahoo, que até poucos anos atrás tinha o serviço de e-mail mais popular do planeta, viu a confiança do seu usuário se deteriorar com dois vazamentos gigantescos de dados pessoais ocorridos em 2014 e divulgados ao público em 2016. Pior que robôs analisando as suas mensagens são dados pessoais como endereço, telefone e os do cartão de crédito na mão de terceiros.

ProtonMail no celular
ProtonMailDivulgação

Um dos mais novos, o ProtonMail tem um plano gratuito e uma pegada interessante: ele é criptografado de ponta a ponta. Por ser um padrão antigo, anterior às preocupações contemporâneas com privacidade, o e-mail peca em alguns pontos nessa questão. O ProtonMail criptografa as mensagens trocadas entre endereços que o usam e, para provedores externos, oferece ferramentas de proteção em cima dos protocolos do e-mail.

Quer pagar quanto?

O problema do ProtonMail, além da possível complexidade para quem não tem intimidade com criptografia, é que o plano gratuito do serviço é bastante limitado. O usuário dispõe de apenas 500 MB para mensagens (o Gmail começa em 15 GB) pode enviar no máximo 150 mensagens por dia, sem contar que os filtros personalizáveis lhe são tirados.

Livrar-se dessas limitações significa pagar uma mensalidade. Para o seu e-mail. Sim, pagar para usar e-mail.

Soa estranho, mas antigamente era assim que funcionava. E-mails gratuitos, hoje onipresentes, eram a exceção. As pessoas pagavam por um pacote de serviços que, entre outras coisas (como o próprio acesso à Internet), dava direito a algumas caixas de e-mail.

Em 2017, claro, os papéis se inverteram, mas pagar por e-mail ainda é uma prática relativamente comum e com alguns benefícios interessantes. No caso do ProtonMail, o usuário pagante recebe mais recursos e ajuda a empresa a continuar prestando o serviço, um tanto diferenciado.

Parece preciosismo, mas é uma premissa importantíssima: não existe gratuidade na Internet. Google e Microsoft não cobram pelos seus serviços de e-mail porque ganham de outra forma. O modelo de negócios de ambas se baseia na exibição de anúncios e vinculação a outros serviços – alguns, pagos.

O modelo de negócio mais transparente, em que o pagamento do serviço vai direto do bolso do cliente para o caixa da empresa fornecedora, é o que mantém o Fastmail, um pequeno provedor de e-mails australiano.

Caixa de entrada do Fastmail
FastmailDivulgação

O Fastmail tem mais de 15 anos de atuação e não oferece seu serviço de graça – há apenas um período experimental, de 30 dias, sem custo. Com preços que começam em US$ 3 por mês, o Fastmail tem clientes suficientes para manter a operação, sem os bilhões do Google, é verdade, mas de maneira sustentável, fechando as contas no fim do mês.

Por não precisa analisar mensagens e disparar anúncios para faturar, o Fastmail pode focar em privacidade, um tema que ganha cada vez mais relevância na economia global. Pesquisa de 2014 feita pelo Pew Research Center constatou que 61% dos norte-americanos se preocupam com o fato de serviços online serem aperfeiçoados com base num crescente acesso aos dados pessoais dos usuários. Exatamente o que Google e Microsoft fazem.

O ProtonMail com a criptografia e a legislação Suíça e o Fastmail com seu modelo de negócio e a proteção das leis australianas, também rígidas no que toca à privacidade, se posicionam como alternativas ao “gratuito”. De quebra, permitem usar domínios personalizados nos endereços e ter múltiplas contas que direcionam mensagens para uma principal. No caso do Fastmail, ele ainda contempla espaço para a criação de sites nos planos de US$ 5 ou mais. 

O número do celular tem ganho espaço como a nova identidade digital, mas o e-mail ainda é imbatível nesse aspecto – daí a importância desse tema, quase sempre negligenciado. Mesmo apps mais modernos que recorrem ao número do celular para serem ativados, como o WhatsApp, em algum momento recorrem ao e-mail para situações emergenciais – neste caso, para a autenticação em duas etapas, um recurso extra para garantir que nenhum terceiro use indevidamente uma conta. Isso vale para outros tantos serviços, do Facebook a cadastros em lojas virtuais. 

Não há problema em usar o Gmail ou Outlook.com – nunca e-mails gratuitos foram tão bons. O problema é achar que eles são as únicas opções. Para algo tão importante quanto o e-mail, é bom ter outras, com prioridades e modelos de negócio diferentes.

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