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Caio Seródio , Julio Britto Junior, Roberto Ave Faria e Tolga Ergul, executivos estatutários da Quality | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Caio Seródio , Julio Britto Junior, Roberto Ave Faria e Tolga Ergul, executivos estatutários da Quality| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Recentemente, a carioca Quality anunciou a compra da Premier IT, de Curitiba, um negócio de R$ 31 milhões. Foi a terceira e maior aquisição até o momento da empresa que, fundada em 1989, se prepara para fazer a sua oferta pública de ações na BM&FBovespa, prevista para 2019.

A Quality nasceu como uma empresa familiar, fundada por Júlio Cesar Estevam de Britto e David Estevam de Britto. Em 2008, quando a atual direção assumiu o controle, teve início um processo de reformulação profunda que a colocaria numa ascendente que, apesar da retração da economia nacional, ainda não dá sinais de desaceleração.

Três fases para o IPO

Naquele ano, a Quality havia estagnado e corria o risco de sair do mercado, “cada vez mais concorrido e complexo, com tecnologias mudando com velocidade cada vez maior, exigindo mais investimentos,” disse o CEO Julio Britto Junior. Após solicitar um empréstimo ao BNDES através do PROSOFT, uma linha de fomento para o desenvolvimento de produtos e serviços, a então nova diretoria manifestou o desejo de expandir a operação e foi apresentada a uma equipe focada em empreendedorismo do banco.

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“Esse time [do BNDES] entendeu que a Quality possuía as características necessárias para se montar uma empresa nacional inovadora, grande, que tivesse musculatura e abrangência suficientes para atender as necessidades das empresas brasileiras num primeiro momento e, depois, se tornar uma multinacional de serviços de tecnologia,” relembrou o CEO.

Com o sinal verde do BNDES, os executivos estruturam um plano de crescimento dividido em três fases.

Na primeira, o objetivo foi arrumar a casa. Eles reorganizaram o quadro executivo, tirando os sócios originais da execução e colocando os atuais executivos estatutários – além de Julio, completam o time os diretores Caio Seródio, Roberto Ave Faria e Tolga Ergul. Na parte operacional, o time criou processos, metodologias, ferramentas e núcleos de tomada de decisões para que a empresa se tornasse mais ágil e oferecesse serviços melhores e mais diversificados.

A segunda etapa consistiu em crescer rapidamente, tendo como meta os dois dígitos durante três anos consecutivos. O objetivo era testar a nova organização e os novos processos na prática. Deu certo: por cinco anos, de 2010 a 2015, a Quality cresceu nos almejados dois dígitos, em média 25% ao ano. “Provamos que a estrutura montada estava bem testada e suportou tudo que executamos no dia a dia,” disse Julio, orgulhoso do trabalho feito.

Na terceira e última etapa pré-IPO, ainda em andamento, o foco está em aquisições. O CEO explicou que “só crescer organicamente, ainda que você cresça 100% ao ano, não nos levará a um faturamento expressivo para ir para a bolsa de valores num horizonte de cinco a sete anos, em hipótese alguma. Teria que ter 15 anos de janela, algo que a gente não queria.”

Em 2015, foram duas aquisições. No ano seguinte, um fundo setorial, o Invest Tech, entrou no negócio atraído pela capacidade de crescimento e rápida integração das duas primeiras aquisições da Quality. Sem isso, levaria muito tempo para fazer a próxima aquisição e uma de peso. A entrada do fundo aumentou a liquidez da empresa e possibilitou uma aquisição de maior porte, a Premier IT, por R$ 31 milhões em janeiro deste ano.

Nos planos, estão mais uma aquisição até 2019, quando a Quality pretende fazer a sua oferta inicial de ações (IPO). Roberto disse que a data do IPO “depende do mercado,” mas que “de nossa parte, estaremos preparados.” Os executivos acreditam que o Brasil estará em um bom momento.

Julio reafirmou sua confiança na capacidade de recuperação do país: “Como empresários, não temos dúvida da capacidade do Brasil ou não estaríamos fazendo movimentos contrários ao de retração, expandindo. Acreditamos piamente no país.”

Serviços plurais

“Essa é uma pergunta que leva um bom tempo para responder,” disseram os executivos quando questionados sobre a oferta de serviços da Quality. “Não somos uma empresa de nicho, somos plurais, de múltiplos serviços.”

Entre os múltiplos serviços oferecidos estão service desk, automação, inteligência artificial (advinda, em parte, da Premier IT), serviços gerenciados, data center... O essencial, ressaltaram, é que a Quality faz a conexão entre empresas e usuários através de dispositivos digitais, geralmente atuando no “back-end”, ou seja, nos bastidores, na infraestrutura dos serviços.

Essa postura se reflete na diversidade dos clientes que a Quality atende. Em vez de focar em um vertical, a empresa busca excelência em novas tecnologias a fim de oferecê-las à sua base de clientes o quanto antes. Isso significa que a estratégia dá mais peso a trazer novos serviços aos clientes atuais do que a prospectar novos. Roberto a justifica dizendo que “nossa carteira de clientes é tão ampla que dos 700, 500 estão entre as mil maiores empresas do Brasil.”

Julio é enfático quanto ao posicionamento da Quality: “Não somos vendedores de produtos, somos serviço.” O tamanho da empresa “permite que a gente reverta um percentual da receita em inovação, em pesquisa e desenvolvimento.” A Quality atua junto a seus clientes, implementando e gerenciando os serviços. Não se trata de vendas pontuais, mas de serviços continuados, o que exige atenção para conhecer e indicar as melhores soluções a cada cliente.

Desde 2014 listada na Bovespa Mais, uma espécie de programa preparatório para empresas que almejam abrir seu capital, a experiência tem ajudado a Quality a se disciplinar e ganhar maturidade empresarial. O CEO avalia como “bem positiva” essa preparação, que consiste basicamente nas mesmas exigências que uma empresa já devidamente listada precisa cumprir, como a divulgação periódica de resultados.

Com a aquisição da Premier IT, a Quality cresceu ainda mais – em colaboradores, dobrou de tamanho, de 600 para cerca de 1200. Com escritórios espalhados em 12 cidades de quatro estados brasileiros, uma equipe executiva alinhada e com visão a longo prazo, a Quality espera oferecer oportunidades aos seus colaboradores e continuar crescendo com o objetivo de fazer seu IPO em 2019.

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