Quase todas as novidades da próxima versão do Windows 10 já existem no sistema da Apple

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O Windows 10 marcou uma ruptura no modelo de comercialização do sistema. Antes, a Microsoft lançava grandes atualizações a cada três anos; agora, libera atualizações menores e mais frequentes, duas anuais, sem mexer na versão (continua sendo “10”). A próxima, batizada “Fall Creators Update”, está prevista para setembro. Ela traz várias novidades, a maioria delas ligeiramente conhecidas de quem usa o macOS, da Apple.

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É importante não confundir essa atualização com o Windows 10 S, variante do sistema anunciada no início de maio e que tem como diferencial a impossibilidade de se instalar apps por fora da loja oficial da Microsoft — inclusive o Chrome. A Fall Creators Update é uma atualização, ou seja, será aplicável tanto ao Windows 10 tradicional quanto ao novo Windows 10 S.

Montagens automáticas com fotos e vídeos

Um dos grandes destaques é um recurso do app de fotos chamado Windows Story Remix. Segundo a Microsoft, ele "traz memórias, fotos e vídeos juntos para criar histórias com trilha sonora, tema e transições cinematográficas.”

É algo muito similar ao Memórias, um recurso do app de fotos do macOS e iOS que, segundo a Apple, "verifica automaticamente a biblioteca em busca de pessoas, lugares, férias e muito mais, e os apresenta em coleções selecionadas chamada de Memórias.”

Área de transferência universal

Com essa atualização do Windows 10, quando você copiar alguma coisa em um PC, esse conteúdo estará disponível no seu celular — Android ou iPhone. Para fazer a ponte, é preciso ter instalado no celular o teclado Swiftkey, adquirido pela Microsoft no início de 2016.

A Apple levou a área de transferência universal ao seu ecossistema quando lançou o iOS 10 e o macOS Sierra. Copiando um conteúdo (texto, imagens, vídeos) em um MacBook, por exemplo, ele vai para a área de transferência de outros que estiverem associados à mesma conta — um iPhone, iPad ou, ainda, outro Mac.

Essa novidade também sinaliza o sepultamento das ambições da Microsoft com o Windows em celulares. Durante a apresentação à imprensa, executivos da empresa disseram que o objetivo agora é fazer o Windows (para computadores) funcionar bem com os celulares que as pessoas usam, ou seja, Android e iPhone. 

Continue de onde parou

Através da Cortana, assistente pessoal da Microsoft, será possível dar continuidade a tarefas ao alternar entre dispositivos. Exemplo prático: você está finalizando uma apresentação de slides no PowerPoint do computador e, por qualquer motivo, precisa sair. Se tiver a Cortana e o PowerPoint instalados em seu iPhone, a assistente detectará que você saiu do computador e oferecerá o mesmo arquivo, aberto no PowerPoint do celular, para que o trabalho continue ali.

Esse e outros recursos de integração computadores-celulares foram destaque do OS X Yosemite, sistema para Mac lançado em outubro de 2014. Na plataforma da Apple, que consolida todas as funções do tipo no nome “Continuidade,” dá até para atender ligações de um iPhone através do iPad ou qualquer computador da marca.

Arquivos na nuvem sob demanda

A integração do Windows 10 com o OneDrive ficará mais forte. Com essa atualização, o sistema detectará arquivos pouco usados que estejam salvos na nuvem e os excluirá da memória local do computador. Quando o usuário precisar desse arquivo, o download será feito de imediato. Ou seja, é uma abordagem sob demanda.

O mesmo recurso foi implementado no macOS Sierra, de setembro de 2016, quando usado em conjunto com o iCloud Drive, o serviço de armazenamento na nuvem da Apple. Arquivos da Mesa, Documentos, fotos, vídeos e até anexos de e-mail são mantidos apenas na nuvem, liberando espaço local.

Justiça seja feita: a própria Microsoft foi pioneira nesse recurso. Ele foi destaque no Windows 8.1, de 2013. Ele foi removido em versões subsequentes e, segundo Joe Belfiore, vice-presidente corporativo da Microsoft, era o recurso mais pedido pelos testadores do Windows 10. Compreende-se: é uma forma fácil e barata de ganhar espaço em disco.

Identidade visual

A “Fall Creators Update” inaugura uma nova direção no visual da plataforma Windows. Ela tem até nome, Fluent Design System, e se baseia em cinco pilares para reformular o jeitão do sistema: luz, profundidade, movimento, materiais e escala.

Na prática, a nova linguagem visual traz de volta ao Windows elementos de transparência e movimentos mais suaves, uma evolução bem-vinda para o estilo sisudo adotado no Windows 8.

Algumas telas lembram bastante o visual que a Apple emprega em seus sistemas, iniciado no iOS 7, de 2012, e levado aos computadores com o OS X Yosemite, de 2014. 

Qual o problema?

Nenhum! Comparações como estas costumam servir de combustível em inflamadas discussões online. Não deveriam. A tecnologia de consumo avança em blocos, em conjunto; boas ideias, quando copiadas, beneficiam mais gente e dão mais subsídios aos consumidores na hora de escolher.

Da mesma forma, dizer que a Apple foi mais ligeira que a Microsoft em alguns aspectos dos seus sistemas operacionais não quer dizer que ela sempre é. Ora, levou uma década para que o então OS X tivesse a função “recortar" no Finder, seu equivalente ao Windows Explorer do Windows. A organização de janelas lado a lado, presente desde 2009 no Windows (7), só chegou no universo Apple em 2015, com o OS X El Capitan — e veio bem pior que o original.

Nesta mesma atualização, a Fall Creators Update, existem alguns recursos novos que a concorrência não tem. É o caso da Timeline, uma linha do tempo compreensiva, que abrange, além do histórico do navegador, apps e arquivos abertos, exibida de forma bastante atraente e fácil de navegar. Outro destaque é o investimento em realidade mista, que permite colocar objetos virtuais em fotos e outras áreas do sistema.

O Windows 10 Fall Creators Update será uma atualização gratuita para todos os usuários do sistema. Ela deve ser lançada em setembro.